sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Divulgando o fundo local XI: Ilha entre linhas

Ilha entre linhas de Paulo Ramalho

Ilha entre linhas “é uma monografia poética sobre S. Tomé (ou, se quisermos, um conjunto de variações melódicas em torno desse tema central),”(1) resultado de uma viagem que o autor efectuou em 2007 à ilha de S. Tomé.

“Cantar a ilha, sem as bengalas líricas do exotismo e do sentimentalismo, eis o que me propus fazer. Cantá-la de um modo exacto e sóbrio. Deixar a grande emoção a bom recato (entre linhas).”(1)

Na apresentação da obra, Paulo Ramalho afirmou que embora se trate de “um livro de poesia em primeiro lugar, a obra não se debruça apenas sobre isso”, foi antes “um pretexto para escrever sobre o mundo e sobre mim. Há algo de literatura de viagem no livro e também de ciências sociais”. O autor recorrendo à linguagem poética descreve paisagens, sentimentos e pessoas. Fala das gentes de S. Tomé e dos seus costumes. Fala dos seus caminhos e lugares. Embora S. Tomé tenha sido a ilha escolhida para escrever o livro, esta obra não é regionalista e foi escrita para despertar o mesmo prazer naqueles que conhecem a ilha, como naqueles que não a conhecem.

Nuvens, apenas nuvens; sentes que estás a descer
mas nada mais vês. Entre ti e as trevas brancas
somente o halo do teu rosto – reflexo de uma presença
Pressentida do outro lado da janela. Nuvens, apenas
Nuvens. E de repente, como se surgisse do mais fundo
De ti, a Ilha rompe esse cerco alado e vem ao teu encontro.
solene e verde, fica a pairar por instantes debaixo dos teus
Olhos – enorme tartaruga no meio da sua solidão azul.
depois o manto espesso cerra-se de novo e a janela
Volta a ser um limiar opaco. Nuvens atrás de
nuvens – e essa ausência iluminada do outro lado de ti.
(...)

(1) Paulo Ramalho in Ilha entre linhas

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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Dia Mundial do Turismo


O Dia Mundial do Turismo, assinalado desde 1980, celebra-se a 27 de Setembro e tem como objectivo promover a consciencialização da comunidade internacional sobre a importância do turismo e o seu valor social, cultural, político e económico, indo assim de encontro aos desafios globais propostos pelas Nações Unidas nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

Este ano celebra-se o Dia Mundial do Turismo sob o tema “Turismo e Energia Sustentável: potenciar o turismo sustentável”, com o objectivo de evidenciar o papel do turismo enquanto promotor de um futuro energético melhor, no qual toda a população mundial terá acesso a serviços energéticos modernos, eficientes e a preços acessíveis.

Mais informação em: http://www2.unwto.org/en

Para quem se interessa sobre esta temática destacamos as seguintes obras disponíveis para empréstimo na Biblioteca:

• FOSTER, Douglas - Viagens e turismo : Manual de gestão. Mem Martins : Edições Cetop, D.L. 1992. 297, [2] p. ISBN 972-641-181-5

• BAPTISTA, Mario - O turismo na economia : uma abordagem técnica, económica social e cultural. [s.l.] : Instituto Nacional de Formação Turística, imp. 1990. 640 p.

• ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO - Guia de desenvolvimento do turismo sustentável. Porto Alegre : Bookman, 2003. 168 p. ISBN 85-363-0173-2

• ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO - Turismo internacional : uma perspectiva global. 2ª ed. Porto Alegre : Bookman, 2003. 254 p. ISBN 85-363-0149-X

• CORREIA, Bento Juliana - Turismo, património e desenvolvimento em ambientes de montanha : o exemplo do Piódão. 1ª ed. Piódão : Associação de Compartes da Freguesia do Piódão, 2010. 189 p. ISBN 978-989-97092-0-1

Para além das obras enumeradas a biblioteca dispõe de vários guias de cidades, praias, vilas, entre outros, bem como livros com propostas de roteiros para fim-de-semana!

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A Ciociara de Alberto Moravia

A 2ª guerra Mundial serve de cenário a este romance de Alberto Moravia.

Em Itália, já no estertor da guerra, duas mulheres abandonam Roma quando esta começa a ser bombardeada pelas tropas aliadas. A escassez de comida e o medo dos ataques aéreos levam-nas a procurar refúgio na sua aldeia natal perdida entre montanhas, mas a guerra estava em todo o lado e elas são confrontadas com o horror e com a miséria que grassa por toda a Itália.

Cesira e Rosetta vivem situações de extrema carência alimentar e degradação humana. Apesar de terem saído de Roma com uma quantia considerável de dinheiro, os alimentos muito caros e escassos levam a que tenham de racionalizar tudo o que gastam, a miséria é total.

“Tínhamos que ir ao mato mesmo debaixo de chuva, para cortarmos, com o auxilio de podões, alguns caniços e arbustos. Depois íamos para a cabana e começava a loucura do fogo. A lenha verde e molhada não ardia, os caniços faziam um fumo negro e denso, tínhamos que nos dobrar em duas, pôr a cara na lama do chão e soprar, soprar, até que o fogo pegasse.”

Todo o desenrolar dos acontecimentos é relatado pela principal personagem, Cesira que utiliza uma linguagem muito simples de mulher sem instrução, mas a que não falta espírito introspetivo:

“A dor… Voltou-me ao pensamento Michele que não estava ali connosco nesse momento tão suspirado do regresso e nunca mais estaria ao pé de nós, e lembrei-me daquela noite em que nos leu em voz alta uma passagem do Evangelho sobre Lázaro, zangando-se porque os camponeses não tinham compreendido nada e gritando que estávamos todos mortos à espera da Ressurreição, como Lázaro.”

É o regresso a Roma, a uma vida que nunca será como antes porque nenhuma delas é o que fora. A miséria física e moral a que estiveram sujeitas fez delas pessoas diferentes que no entanto não perderam a esperança, esta, que parecia morta, esteve apenas adormecida naquele longo ano de agonia.
 
Nota: Este livro encontra-se disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal.
 
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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Divulgando o fundo local X: Arganil

Arganil de Regina Anacleto
Lisboa: Presença, 1996

Para quem quer conhecer um pouco da história de Arganil, bem como o seu património arquitectónico religioso, o livro “Arganil” da autoria da Prof. Drª Regina Anacleto é sem dúvida uma obra de referência. 

“As origens míticas de Arganil perdem-se em tempos lendários, tão antigos como as viagens da nau Argo. Porém esta interessante monografia está solidamente fundamentada nos recursos que as ciências põem ao dispor do historiógrafo para reconstituir a lenta evolução das relações entre os homens e o espaço geográfico que escolheram como habitat, ao longo dos séculos. A preocupação, e o gosto, da autora, ao elaborar este volume, foi o de "avivar a memória colectiva" que se sedimenta em cada pedra, edifício, monumento, cada recanto, ritual, costume, cada nome que ficou associado à história da vila, sinais que lhe conferem personalidade única e que fazem dela parte inalienável da nossa identidade cultural. Com grande rigor e com uma peculiar arte de escrever, Regina Anacleto conduz-nos pelos meandros desta corrente que liga o passado remoto ao presente, nesta comunidade específica que é Arganil.”

Fonte: www.wook.pt
 
Regina Anacleto é licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e doutorada em História de Arte pela mesma universidade com a tese Arquitectura Neomedieval Portuguesa. O seu trabalho de investigação tem se desenvolvido em torno da arte portuguesa dos períodos neoclássico e romântico, bem como sobre a História da sua terra Natal, Arganil. Neste campo para além de ter publicado as monografias Concelho de Arganil: História e arte e Arganil , publicou diversos artigos relacionados com a história de Arganil no Jornal A Comarca de Arganil e na Revista Arganília.
 
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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Fundo local enriquecido

Um retrato de Moura da Serra de Nuno Lisboa Ramos

“Moura da Serra é uma pequena aldeia com uma longa história, envolvendo mouros e romanos. Este livro é uma forma modesta de dar a conhecer a sua história, a criação da freguesia, as tradições e os costumes dos mourenses, para que não caiam no esquecimento e a sua história seja perpetuada. “

In: Jornal de Arganil nº 4341 (28.08.2012), p. 4

“Um retrato de Moura da Serra é mais do que o clique que o título anuncia, porque nas suas cerca de 150 páginas se encontram retratos e olhares de muitas das povoações e lugares da freguesia, documentados através de jornais, entrevistas e documentações dos órgãos públicos da aldeia e da freguesia. E as memórias das gentes, esse acervo histórico de relevante e apaixonante riqueza.”

Nuno Mata in A Comarca de Arganil nº 11963 (05.07.2012), p. 11

As últimas crónicas (memórias regionalistas) de António Lopes Machado

De acordo com o prefácio do autor este volume reúne as suas últimas crónicas “sem qualquer preocupação do tempo ou do lugar”. A par das crónicas cujo tema central é o regionalismo, “o jornalismo e as viagens, a história e a busca do desconhecido em terras distantes, não deixam de estar presentes”.

O livro encontra-se assim organizado em 4 capítulos distintos: Temas regionalistas; Viagens, Divagação pelas ordens militares e religiosas e A Comarca de Arganil.

António Lopes Machado tem mais de uma dezena de livros publicados. Colaborou e é actualmente director do jornal A Comarca de Arganil, foi vice-director e editor da revista Arganília e é um grande impulsionador e divulgador do Movimento Regionalista da Beira.serra.

Este livro, que é a sua obra mais recente, é dedicado pelo autor a “todos os meus amigos e companheiros do Movimento Regionalista Arganilense, com quem convivi ao longo de cerca de sessenta anos, sempre em fraternal convívio e amizade.”

Nota: Os livros apresentados estão disponíveis para empréstimo na biblioteca. O livro Um retrato de Moura da Serra pode ser adquirido na nossa livraria.

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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Divulgando o fundo local IX: Crónicas da minha terra

Com o subtítulo Memórias de um Arganilista, o livro crónicas da minha terra, uma compilação de textos publicados sobretudo na década de 90 do século XX no Jornal A Comarca de Arganil por Amândio Galvão, foi publicado em 1996.

As crónicas reunidas neste volume têm como tema as figuras, as instituições e acontecimentos ligados à vida dos Arganilenses, encontrando-se organizados em vários capítulos: Esta palavra Arganil; Ecos de um passado longínquo; Recantos, sítios e arrebaldes; Famílias; Valores tradicionais; Um caso exemplar; Estruturas de interesse social; Desenvolvimento imperfeito; Notas breves sobre figuras notáveis da região e Vária.

Amândio Galvão considerado unanimemente como um arganilense que tratou a arganilidade como ninguém, licenciou-se em Agronomia e foi investigador do Centro de Estudos de Economia Agrária, do Instituto Gulbenkian de Ciência. Desde 1985 que se dedicou ao estudo de diferentes aspectos da cultura arganilense, tendo publicado para além desta obra, vários outros livros sobre Arganil, tais como Em torno das origens de Arganil, Figuras notáveis de Arganil, Roteiro cultural do centro histórico de Arganil, Novas crónicas, para além de livros relacionados com a sua área de formação.
Postumamente foi publicado o livro Memórias que um amigo me deixou.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A casa da alegria de Edith Wharton

WHARTON, Edith - A casa da alegria. 1ª ed. Lisboa : Presença, 1987. 289 p.

A casa da alegria é um romance que nos leva para a alta sociedade nova-iorquina no inicio do século XX. Numa sociedade em que só existem os muito ricos e os muito pobres, o dinheiro é o personagem mais importante e tudo gira à sua volta. A facilidade com que se constroem fortunas e como estas desaparecem é alucinante.

Para as mulheres que habitam neste grupo social só há dois caminhos: ser suficientemente rica ou casar com um homem rico.

A Lily Bart, mulher bela e inteligente, de refinada educação, que nasceu e cresceu neste ambiente falta-lhe esse atributo: ser rica.

Resta-lhe outro caminho: subsistir pelo seu próprio mérito. No entanto numa sociedade controlada pelo dinheiro dos homens e pelo interesse das mulheres, onde os valores morais estão absolutamente desvalorizados, este caminho é extremamente perigoso.

Lily debate-se entre a sua consciência e a necessidade de sobreviver nesse mundo a que quer pertencer, mas que simultaneamente despreza.

“Toda a obra é um impressionante roteiro de um certo estilo de vida ostentoso, num sucessivo destapar de coordenadas do conflito entre personagens, construindo habilmente a espiral da tensão que irá eclodir num bem elaborado duelo de pressões sociais(texto da contracapa do livro)

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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Open Library

Integrada no projecto Internet Archive, sem fins lucrativos fundado em 1996, a Open Library pretende ser uma página Web para todos os livros publicados. Até à data foram já disponibilizados gratuitamente 200 mil títulos.

Trata-se de um projecto ambicioso, mas de acordo com os seus responsáveis, exequível. O projecto Open Library é um projecto aberto: o software é aberto, o acesso é livre e qualquer pessoa pode contribuir/ colaborar.

Entre as obras disponíveis pode por exemplo encontrar a Ilustre Casa de Ramires de Eça de Queirós, Lendas e Narrativas de Alexandre Herculano, Viagens na minha terra de Almeida Garrett, Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, entre muitos outros.

Visite esta grande biblioteca e descubra tudo o que ela tem para lhe oferecer.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Divulgando o Fundo Local VIII: Notícia da vida do Padre Dr. Luiz Caetano Lobo

CAPELA, Carlos da, pseud. - Notícia da vida do padre Doutor Luiz Caetano Lobo. 1ª ed. Arganil : Moura Pinto, 2006. 64 p.

O livro Notícia da vida do padre Doutor Luiz Caetano Lobo: irmão Fenelon arcipreste e reitor da parochia que foi da vila de Arganil e aqui passou ao oriente eterno, da autoria de Carlos da Capela foi lançado em 2006 e apresentado numa homenagem prestada a Luis Caetano Lobo por ocasião dos 116 anos da sua morte.

Neste pequeno livro é feita uma descrição de Arganil, o que a vila era no século XIX, as suas vivências, ritos e rituais e o papel que o Dr. Luís Caetano Lobo ocupou na sua vida social.

Nascido em Goa no dia 24 de Julho de 1816, formado em Teologia e Direito pela Universidade de Coimbra, o Dr. Luís Caetano Lobo fixa-se em Arganil em 1857 e “de imediato se interessa e integra na vida social, promovendo e estimulando a riqueza cultural do meio”, fazendo sentir a sua acção sobretudo no campo educativo e religioso. Também na música desempenha um papel interessante, este já mais controverso.

A leitura deste livro dá-nos a conhecer uma figura impar da história do concelho de Arganil, bem como a sua múltipla e benéfica acção.

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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Livro do mês: A sala das perguntas

A SALA DAS PERGUNTAS DE FERNANDO CAMPOS

CÍRCULO DE LEITORES: 2000

A sala das perguntas é um romance histórico da autoria do escritor Fernando Campos e de acordo com as palavras do próprio apresenta dois enigmas que lhe trazem o picante do romanesco: o do nascimento e o da morte do protagonista: Damião de Góis. Usando a ficção o autor preenche os aspectos incompletos e as lacunas do discurso histórico oficial referentes à vida deste grande humanista português.

Damião de Góis (1502-1574), para quem não sabe, foi uma das figuras mais proeminentes do Humanismo Português pelo contacto que proporcionou entre Portugal e os grandes nomes da época, tais como o famoso Erasmos de Roterdão e Martinho Lutero. As críticas que teceu na sua historiografia erudita e ensaística a questões como a expulsão dos judeus, a matança dos cristãos-novos e a expansão portuguesa e as referências desfavoráveis que fez a tantos protagonistas do drama, que foi o reinado do Príncipe Perfeito, acabaram por ferir susceptibilidades e levaram a que lhe fosse instaurado um processo inquisitorial pelo Santo Ofício.

“Todo o romance gira em torno de um segredo, mais ou menos bem guardado, sobre a verdadeira paternidade de Damião de Góis, porém o enredo não se centra em desvendar este segredo, mas sim na procura do conhecimento do “eu”, das suas crenças, ideais e afectos, da sua relação consigo próprio e com os outros e, sobretudo, com a complexidade do momento histórico em que vive.” (1)

Quase todo o livro é narrado na primeira pessoa, é o herói da narrativa que nos dá conta dos aspectos mais relevantes da sua vida até ao momento em que é bruscamente interrompido pelo próprio assassino.

Excerto:

“Vai-me cansando de alinhar estas memórias. Deitado no catre, peguei hoje no meu esqueleto. Meti as mãos pelos hipocôndrios e senti-me a arcada das costelas. Com as pontas dos dedos palpei a minha queixada, sob a barba descuidada. Sei agora como há-de rir um dia, debaixo da terra, a minha caveira, depois de arrotado o banquete dos vermes…
No refeitório, a que já me permitem descer, torno a ver o fradezinho que me deu papel e pena para escrever. Sei que é ele por não saber quem ele seja, paradoxo que pareça.”

Nota biográfica:

Fernando da Silva Campos nasceu em Águas Santas, no concelho da Maia a 23 de Abril de 1924.
Estudou na universidade Coimbra onde se licenciou em Filologia Clássica e foi professor no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa.
Para além de algumas obras didácticas e pequenas monografias de investigação etimológica e literária e autor de vários romances históricos.

Leia, porque ler é um prazer!

(1) Ana Margarida Ramos – Recensão: a sala das perguntas de Fernando Campos
Disponível em: http://sweet.ua.pt/~anaramos/recensao-sala-texto.pdf (acedido a 02.08.2012)