quarta-feira, 30 de maio de 2018

Sugestão de leitura: O outro lado do adeus de Ann Hood

E se a experiência mais gratificante e inesperada da sua vida nascesse de uma grande desilusão?

Ava levava uma vida tranquila e feliz quando de repente tudo muda: o marido troca-a por uma mulher mais nova e os filhos decidem continuar a sua vida longe de casa e do país. Como fuga à solidão, Ava ingressa num clube de leitura. Além da sua paixão literária, Ava redescobre um misterioso livro da sua infância que a tinha ajudado a superar as mortes trágicas e prematuras da irmã e da mãe.

Por sua vez, Maggie, a filha problemática que todos julgavam estar finalmente no bom caminho, abandona o curso em Florença e parte para Paris sem avisar ninguém. Contrariamente à liberdade e paz que esperava encontrar, Maggie envolve-se com um homem mais velho e entra numa espiral de destruição. Até que um inesperado encontro numa livraria a faz repensar a sua vida.

Enquanto procura desesperadamente pela filha e tenta saber mais sobre a autora do livro que fora tão importante para si, Ava vai desvendar segredos que jamais julgou existirem. E vai abrir as portas que irão permitir um novo recomeço para Maggie e para si.

O Outro Lado do Adeus mostra-nos uma história de amor, perda, arrependimento e redenção.

Fonte: contracapa do livro

Leia aqui as primeiras páginas do livro. Gostou?

Leia, porque ler é um prazer!

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Pedaços de ontens


De vez em quando, coisas despropositadas a povoarem-me a memória. Restos de colecção de tempos de outrora a intrometerem-se e a misturarem-se com as coisas de agora. Não roupas nem móveis. Episódios longínquos e inconformados, porque atirados ao vão do esquecimento. Por exemplo, uma cesta de verga à cabeça de uma mulher, tapada com um pano de xadrez branco e encarnado a surgir lá ao longe no caminho em que fetos altos a engolirem-lhe o corpo. Apenas a cesta apoiada na rodilha de trapos e à medida que se aproximava, uma nuvem invisível com cheiro a guisado a poluir o aroma dos pinheiros. Seria perto do meio-dia, porque ao meio-dia horas de almoço para quem ao romper da aurora se tinha já feito ao caminho. Isto, porque o lugar onde as heranças das terras de cultivo, perto das nascentes da serra numa fartura de águas porque as sementeiras e o renovo a carecerem de amiúdes regas, mas, está visto, que distantes das casas da aldeia. Portanto, meio dia de trabalho no corpo e sonoros roncos a protestarem do vazio do estômago. De maneira que, chegada a cesta, um outro ânimo a iluminar o rosto onde o suor em bica e que um lenço puxado do bolso se apressava em limpar. Toalha estendida no chão de uma assentada de sombra e coisas que se tiravam da cesta a encherem-na de farturas variadas para além do guisado de bacalhau que já se havia antes anunciado. E num instante, todos sentados de roda do farnel e entre uma garfada e um pedaço de broa molhado no molho cor de laranja por causa do colorau, uma estória ou uma chalaça a puxar o riso fácil de quem, para ser feliz, não precisava de muito mais que a dureza da vida herdada de geração em geração desde tempos ancestrais. Não conheciam nem ambicionavam outra visto que aquela já lhes ocupava a quase totalidade da existência. Aliás, a história do "Corecho" que a minha avó me contava vezes sem conta, era um bom exemplo disso mesmo - nem tempo para arranjar uma esposa o pobre do homem tinha - pois que da sementeira até à recolha do renovo, era uma trabalheira que ninguém fazia ideia! Ele era o sacho, a assenta e a rega... os molhos de mato para os currais onde o estrume... a azeitona... as batatas... as videiras... os feijões e o milho...

Texto da autoria de Cleo (Lurdes Dias), 
natural da aldeia de Pai das Donas

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Philip Roth 1933-2018

Philip Roth nasceu em Newark, Nova Jersey, em 1933. É um dos autores contemporâneos mais galardoados, tendo recebido entre outros o Prémio Pulitzer, o Pen/Faulkner Award (que recebeu por três vezes), o National Book Award dos EUA ou ainda o Man Booker International Prize.

A mancha humana (2001) é uma das suas obras-mestras. O seu último livro de ficção, Nemesis, foi publicado em 2012.


O escritor norte-americano faleceu ontem, dia 22 de Maio, aos 85 anos.

Livro do autor disponíveis na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil:
  • A conspiração contra a América. [S.l.] : (Sic) idea y creación, 2009. 377, [1] p.
  • Traições. Venda Nova : Bertrand, imp. 1991. 176 p. ISBN 972-25-0558-0
  •  A mancha humana. 1ª ed. Lisboa : Dom Quixote, 2004. 377 p. ISBN 972-20-2577-5
Para saber mais sobre a vida e a obra de Philip Roth consulte:
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terça-feira, 22 de maio de 2018

Germano Almeida - Prémio Camões 2018

Germano Almeida nasceu na ilha da Boavista, Cabo Verde, em 1945. Licenciou-se em Direito, em Lisboa, e exerce até hoje a profissão de advogado. 
Estreou-se como contista na década de 80, colaborando na revista Ponto & Vírgula.
É autor de O Testamento do Senhor Napumoceno da Silva Araújo, publicado em 1989, e adaptado ao cinema por Francisco Manso.
O seu mais recente livre O Fiel Defunto foi publicado em 2018.
Germano Almeida, um dos escritores mais lidos e traduzidos de Cabo Verde, é o segundo autor cabo-verdiano a ser distinguido com o Prémio Camões.

Livros do autor disponíveis na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil:

Para saber mais consulte:

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sexta-feira, 18 de maio de 2018

Tempo para a poesia XXXIII



Primavera

Evapora-se a noite grávida
de sombras cativas na escuridão
que fugira da serra com vida
acordando as flores por condão

o leve amanhecer do sol era o farol
no novo falar da nova manhã
em que os galhos das árvores com sede de sol
choravam comovidos de uma forma pagã

no curvo beiral da Primavera
os xistos esmagados pelo céu azul
cercados de humidade antiga e hera
brilhavam nas encostas viradas a sul

no mundo da serra os recortes verdejantes
juntaram nessa manhã toda a passarada
a cantar poemas reciclados mutantes
e velhos como o tempo em desgarrada

toda a vida carregava mais vida
e cada vida trazia mais pujança
na servidão de uma palavra consumida
na Primavera que é sinónimo de esperança

Jaime Lopes in Barco de Memórias

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Tom Wolfe, cronista da América


Tom Wolfe nasceu em 1930, em Richmond (Virginia, EUA) e faleceu em Manhattan na passada segunda-feira, aos 88 anos. 

É doutorado em Literatura e Filosofia pela Universidade de Yale. Iniciou a sua carreira de jornalista em La Unión, de Massachusetts, tendo mais tarde integrado as equipas do The Washington Post e do New York Herald

É conhecido como um dos percursores do new journalism – género que associa a escrita literária a temas habitualmente tratados em grandes reportagens - sendo autor de romances que foram grandes sucessos editoriais, como The Right Stuff (Os eleitos, 1979), A fogueira das vaidades (1988) e Um homem em cheio (1999). 

LIVROS DO AUTOR DISPONÍVEIS
NA REDE DE BIBLIOTECAS DO CONCELHO DE ARGANIL


4ª ed. Lisboa : Dom Quixote, 1992. 747 p. ISBN 972-20-0043-8 


A fogueira das vaidades não é apenas um romance louco sobre Nova Iorque, é a história da ascensão e queda de um raider da Wall Street, o golden boy Sherman McCoy, culpado de fugir após ter atropelado acidentalmente um estudante negro do South Bronx, por cujas paragens se perdera…

 1ª ed. Alfragide : Dom Quixote, 2009. 655 p. ISBN 978-972-20-3137-0 

Eu sou a Charlotte Simmons é uma obra densa, que se centra numa realidade tipicamente americana. Através de um conjunto de personagens que ao longo da obra se vão tornando cada vez mais reais, o autor Tom Wolfe, faz um retrato muito realista da vida nas universidades, desenhando com precisão a frivolidade da juventude da actual sociedade americana. 

1ª ed. Lisboa : Dom Quixote, 2002. 257, [6] p. ISBN 972-20-2117-6 

Um conjunto de textos e histórias sobre as mudanças que os Estados Unidos experimentaram no decorrer dos últimos anos. O autor envereda por uma pluralidade de temas, desde a sexualidade dos jovens no ano 2000 e o boom do sexo oral, o nascimento de Sillicon valley, a genética e a neurociência, até à crise da arte e a senilidade azeda dos intelectuais de esquerda. Inteligente e arrogante, provocatório, irónico e corrosivo tal é a sua imagem de marca. 

Para saber mais sobre o autor consulte: 

terça-feira, 15 de maio de 2018

Sugestão de leitura: O gigante enterrado de Kazuo Ishiguro

Um grande romance de um dos maiores autores da literatura contemporânea.

Tudo se passa há muitos, muitos anos, num local de fronteiras bem diferentes das actuais e marcado por grandes extensões de solo árido. Nalgumas zonas, os aldeões viviam em abrigos, parte dos quais cavados na encosta dos montes, ligados uns aos outros por passagens subterrâneas. Era num sítio assim que habitava o casal de idosos que tem lugar central nesta história: Axl e Beatrice. Um dia os dois decidiram ter chegado a hora de procurar o filho que há muito não viam e do qual pouco se recordavam. Naquele tempo longínquo esta era uma viagem que, previsivelmente, traria perigos. Mas aquela proporcionou muito mais do que isso.

Uma amnésia colectiva parecia ter-se instalado naquela zona, como uma névoa que descera à terra para fazer esquecer em parte o passado, individual e colectivo. Mas a viagem de Axl e Beatrice revela-se um regresso à lembrança. E esta nem sempre deixa um rasto feliz.

Esta é uma história sobre memórias perdidas, amor, vingança e guerra. É ainda uma história que recua ao passado, transportando o leitor para terrenos percorridos por cavaleiros do rei Artur e monges, ogres e dragões. Um dragão em particular – Querig – é o foco das atenções. E, em relação a ele, as missões dividem-se. A diferença entre poupá-lo ou tirar-lhe a vida pouco tem de fantasia.

Fonte: www.gradiva.pt 

Para saber mais sobre este livro consulte:


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terça-feira, 8 de maio de 2018

Novidade na Biblioteca: A floresta de mãos e dentes de Carrie Ryan

Mary sabe pouco sobre o passado ou sobre o porquê de no mundo existirem dois tipos de pessoas: os que residem na sua vila e os mortos-vivos do lado de fora da cerca, que vivem de devorar a carne dos vivos. As Irmãs protegem a Vila e promovem a continuidade da raça Humana. Depois de a sua mãe ser mordida e se juntar aos amaldiçoados, Mary é enviada às Irmãs para se preparar para o Casamento com o seu amigo Harry. Mas as cercas são quebradas e o mundo que Mary conhece desaparece para sempre. Mary, Harry, Travis, que Mary ama mas que está prometido à sua melhor amiga, o irmão de Mary, a sua mulher e um pequeno órfão partem rumo ao desconhecido em busca de um lugar seguro, respostas às suas perguntas e uma razão para continuar a viver.


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segunda-feira, 7 de maio de 2018

Começar a ler...

"Começar a ler foi para mim como entrar num bosque pela primeira vez e encontrar-me, de repente, com todas as árvores, todas as flores, todos os pássaros. Quando fazes isso, o que te deslumbra é o conjunto. Não dizes: gosto desta árvore mais que das outras. Não, cada livro em que entrava, tomava-o como algo único."

José Saramago
El País Semanal, Madrid, 29 de Novembro de 1998

domingo, 6 de maio de 2018

Feliz Dia da Mãe


É a carícia da mão na minha face
e o meu olhar repousado
o sorriso que passa
rápido
de mim a ti.

É toda uma ternura que nos chama
é a desolada solidão de quem se ama
e conhece o espaço
que fica
de aqui ali.

É uma inclinação suspensa
por toda a pele que nos limita o corpo
gemido, doçura, pena
como o poema
a chamar por mim.

Salette Tavares in Obra poética: 1957-1971

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Livro do mês: As raízes do céu de Romain Gary


A história passa-se em 1956 e tem como ponto de partida a aventura de Morel, um francês que vive na então chamada África Equatorial Francesa e pretende combater o massacre de elefantes que alimenta o tráfico de marfim. As Raízes do Céu, um original de 1956, valeu o primeiro dos dois Prémios Goncourt que o autor francês (nascido na Rússia) Romain Gary recebeu.

“Só a arte – neste caso a literatura – pode ver assim tão longe, a perder de vista. Há uma fronteira entre o humano e o desumano que não pode ser ultrapassada”, diz o autor. E contra a escravidão imposta em nome de religiões, nacionalismos ou interesses económicos, ele ergue um livro: As raízes do céu. Este em nome do homem.”


Nota biográfica:

Romain Gary nasceu a 8 de Maio de 1914 em Vilnius, na Lituânia (então Polónia). Judeu de origem russa, emigra com a sua mãe para Nice em 1928. Foi um romancista, piloto da Segunda Guerra Mundial, diretor de cinema e diplomata francês. 
O êxito dos seus primeiros romances, Educação europeia e As raízes do céu (Prémio Goncourt 1956) tornam-no imediatamente um escritor famoso em todo o mundo. Em 1975, escrevendo sob o pseudónimo Émile Ajar, ganha de novo o Prémio Goncourt com Uma vida à sua frente.
Gary suicida-se em 1980, pouco mais de um ano depois do suicídio da sua ex-mulher Jean Seberg.

Para saber mais consulte:



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