segunda-feira, 14 de outubro de 2024

"A misteriosa chama da Rainha Loana" de Umberto Eco




Algés: Difel, 2005
ISBN 972-29-0732-8

"«E o senhor, como se chama?
Espere, tenho-o debaixo da língua.»

Tudo começou assim.
Tinha como que acordado de um longo sono; contudo, estava ainda suspenso num cinzento leitoso. Ou, então, não estava acordado mas a sonhar. Era um sonho estranho, sem imagens, povoado de sons. Como se não visse, mas ouvisse vozes que me relatavam o que devia estar a ver."
Yambo, um abastado alfarrabista de Milão na casa dos sessenta, perdeu parte da memória após um acidente vascular cerebral – lembra-se do enredo de cada livro que leu, de cada verso, mas não se lembra do próprio nome, não reconhece as filhas nem a mulher e a infância e a família estão envoltas em névoa.

Numa tentativa de recuperação de si próprio, Yambo decide voltar à casa de campo da sua infância, onde descobre livros, álbuns de banda desenhada, revistas e discos de uma época distante. Começa aí uma viagem em busca do tempo perdido, povoada de imagens e personagens ora fictícias, ora reais, mas todas importantes para a redescoberta de si.

É assim que as suas memórias vão sendo recuperadas, e o passado vai surgindo diante dos seus olhos como uma banda desenhada.

A Misteriosa Chama da Rainha Loana é um romance profusamente ilustrado, fascinante, nostálgico, divertido e emocionante, do incomparável Umberto Eco.


Disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil

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quinta-feira, 10 de outubro de 2024

O caminho do sal de Raynor Winn

"Começamos a nossa caminhada naquele dia, debaixo das escadas, ou no dia em saímos da carrinha de um amigo em Taunton, deixados à chuva, à beira da estrada com as mochilas no asfalto? Ou será que a caminhada já estava para acontecer havia anos, à espera, no nosso horizonte, pronta para ser lançada sobre nós apenas quando não houvesse mais nada a perder?" (excerto do capítulo 2)
Poucos dias depois de Raynor Winn descobrir que Moth, o marido de 32 anos, tem uma doença terminal, a sua casa e quinta são-lhes retiradas, juntamente com o seu sustento. Sem nada, e com pouco tempo, tomam a decisão impulsiva e arrojada de caminhar os 1013 quilómetros do Caminho da Costa Sudoeste.

Levando às costas apenas o essencial para sobreviver, vivem uma vida selvagem no deserto, entre penhascos desgastados pelo tempo, o mar e o céu. No entanto, em cada passo, em cada encontro e em cada provação ao longo do percurso, a sua caminhada transforma-se numa viagem marcante e libertadora.

Poderosamente escrito e inabalavelmente honesto, O Caminho do Sal é uma história verdadeira, sincera e otimista sobre como lidar com a dor e os poderes curativos da natureza. É um retrato do lar — de como pode ser perdido, reconstruído e redescoberto das formas mais inesperadas.

Livro disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil

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terça-feira, 8 de outubro de 2024

Duna, obra-prima de Frank Herbert

Frank Patrick Herbert Jr. é um dos autores de ficção científica mais conceituados da modernidade. Nasceu no dia 8 de outubro de 1920 na cidade de Tacoma, no estado norte-americano de Washington e estudou na Universidade de Washington, Seattle. Teve uma grande variedade de empregos — incluindo operador de câmara de TV, comentador de rádio, apanhador de ostras, instrutor de sobrevivência na selva, psicanalista, professor de escrita criativa, repórter e editor de vários jornais… antes de se tornar escritor a tempo inteiro.

Começa a dedicar-se à escrita a tempo interior a partir de 1959, e seis anos depois publica aquela que viria a ser conhecida como a sua obra-prima, Duna.

Duna decorre no planeta deserto de Arrakis. Narra a história de Paul Atreides, herdeiro de uma família nobre encarregada de governar um mundo inóspito, onde a única coisa de valor é uma especiaria, melange, que é na verdade uma droga capaz de prolongar a vida e expandir a consciência. Cobiçada em todo o universo conhecido, a melange revela-se um tesouro pelo qual as pessoas estão dispostas a matar.

Pela sua temática variada e complexa, abordando filosofia, religião, política e ecologia, Duna foi distinguida com os mais importantes prémios de ficção científica: o Prémio Nebula, em 1965, e o Prémio Hugo, em 1966.

Para saber mais sobre o autor e a sua obra consulte:

https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2020/10/conheca-trajetoria-do-escritor-frank-herbert-autor-de-duna.html

Livro disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil.

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sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Opinião de leitor: "Os primos" de Karen M.McManus

 

Alfragide: Gailivo, 2022
ISBN 978-989-235-314-2

Três primos, que desde a primeira infância não se veem ou falam, são convidados pela avó, que não conhecem e que deserdou os próprios filhos, para ir passar o verão a trabalhar em Gull Cove Resort, do qual é proprietária.

Embora apreensivos acabam por aceitar o convite e pensam aproveitar a oportunidade para estreitar os laços de família. No entanto os planos não correm como esperado e os 3 jovens acabam por unir-se para tentar desvendar os segredos de família Story.

O que descobrirão sobre o passado? E que revelações os esperam em relação ao presente?

Requisite o livro e descubra!

MV

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terça-feira, 1 de outubro de 2024

Um poema para assinalar o Dia do Idoso

autor: Narinbg

O Dia Internacional do Idoso comemora-se anualmente a 1 de outubro. Este dia foi instituído em 1991, pela Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e a necessidade de proteger e cuidar da população mais idosa.

Singelamente e como forma de assinalar esta data partilhamos um poema de Fernanda de Castro, conhecida poetisa portuguesa, que reflete um pouco do que é chegar a uma idade avançada…

Alma Serena

Alma serena, a consciência pura,
assim eu quero a vida que me resta.
Saudade não é dor nem amargura,
dilui-se ao longe a derradeira festa.

Não me tentam as rotas da aventura,
agora sei que a minha estrada é esta:
difícil de subir, áspera e dura,
mas branca a urze, de oiro puro a giesta.

Assim meu canto fácil de entender,
como chuva a cair, planta a nascer,
como raiz na terra, água corrente.

Tão fácil o difícil verso obscuro!
Eu não canto, porém, atrás dum muro,
eu canto ao sol e para toda a gente.

Fernanda de Castro, in "Ronda das Horas Lentas"

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

"Ponham-nos a ler! : A leitura como antídoto para os cretinos digitais" de Michel Desmurget

 

Lisboa: Contraponto, 2023
ISBN 978-989-666-444-2

Depois de A Fábrica de Cretinos Digitais nos alertar para os perigos que a exposição excessiva aos ecrãs representa para o desenvolvimento das crianças, o prestigiado neurocientista Michel Desmurget revela-nos agora qual é o grande antídoto - o principal, até - contra o surgimento do «cretino digital»: ler «por prazer».

A começar pela linguagem, os benefícios da leitura são enormes, conforme comprovam centenas de estudos realizados nos últimos cinquenta anos. Além disso, ler tem também um impacto tremendo na cultura geral, nos resultados escolares (incluindo na matemática), no sucesso profissional, na mobilidade social, na atenção, empatia e saúde física e mental.

Neste livro, a leitura surge como a base que permite à criança desenvolver os três pilares da sua essência humana: aptidões intelectuais, competências emocionais e habilidades sociais. Michel Desmurget mostra-nos ainda que, apesar dos esforços dos media para nos convencer do contrário, os jovens não só leem cada vez menos, como leem cada vez pior. Segundo ele, saber ler é mais do que decifrar o alfabeto e juntar letras e sílabas - é preciso que a criança compreenda e interprete o que está escrito. Só assim poderá aprender a compreender o meio em que está inserida. O papel dos pais é, por isso, fundamental, cabendo a estes estimular nos filhos o gosto pela leitura mediante as estratégias apontadas pelo autor.

Face à sedução crescente dos ecrãs que tanto prejudicam o desenvolvimento dos nossos filhos, tanto a nível intelectual e cognitivo como físico-motor, Michel Desmurget apresenta-nos a leitura como a única forma de resistência possível ao avanço incontrolável do digital, num livro absolutamente imprescindível para pais e educadores.

Fonte: contracapa do livro

Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil.

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terça-feira, 17 de setembro de 2024

Opinião de leitor: “Há algo estranho na água” de Catherine Steadman

 

Lisboa: Presença, 2019
ISBN 978-972-23-6395-2

“Há algo estranho na água” de Catherine Steadman é um thriller mas com um enredo diferente e bastante inesperado. No início quase parece um romance até que uma descoberta intrigante, em plena lua de mel, muda por completo o rumo de vida do casal recém casado. Um avião afundado no mar, uma mala cheia de dinheiro, diamantes e uma misteriosa pen drive... uma descoberta que Mark e Erin decidem manter em segredo. Que implicações terá na vida deles? Pergunta que nos obriga a ler este empolgante livro a um ritmo quase vertiginoso para obter a resposta final.

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Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Fundo local enriquecido: "A minha aldeia e a Serra do Açor" de Tiló Henriques

 


No livro  “A minha aldeia e a serra do Açor: memórias e saudades”,  apresentado no passado dia 8 de setembro, na Biblioteca Alberto Martins de Carvalho, reúne um conjunto de poemas e alguns textos em prosa, organizados em 10 capítulos, a autora Tiló Henriques desenha com emoção, saudade e nostalgia os seus sentimentos, olhares, memórias e sonhos sobre a sua aldeia berço, Monte Frio, e a Serra do Açor que a abraça e envolve.

“Meu terno berço (p. 35)

Meu querido amado belo doce amigo
Ecoa uma vida a correr sem te apreciar
Em verões fugazes momentos contigo
Chegou o Outono da vida e quero-te amar
Apaixonei-me por ti e em ti me deleito
Em teus olhos verdes perco o meu olhar
Na tua lua de prata e estrelas me deito
Só tu tens a magia e arte para me acalmar
Andam em teu redor pássaros borboletas
Clamam em memórias saudades inquietas
És dos poetas sonho fonte de luz inspiração
Meu Monte Frio de sol brilhante e aragens
Monte de naturezas bucólicas e selvagens
Meu terno berço que aquece o coração…”

Tiló conduz o leitor até a um passado em que Monte Frio, tal como tantas outras aldeias que polvilham as nossas serras, era repleta de vida, levando-nos a recordar como era o dia-a-dia das pessoas que as habitavam e registando em poema este testemunho para a posteridade.

O conjunto de poemas intitulado “Mantas de fitas da aldeia” evoca este passado, para alguns já bem longínquo, com mestria. Trata-se de um testemunho vívido para o futuro, para aqueles que agora já só vêm à aldeia nos meses de verão e “apenas encontram casas habitadas de fantasmas, sombras, vazio e ausência.”

Para a Tiló a aldeia parece fundir-se com o seu próprio ser. “Esta terra que sou eu”, escreve a determinado momento, onde se sente “grata e reconciliada, de tantos grilhões, libertada, cansada, perdida, mas reencontrada, de tantas penas e cruzes carregada…” (p. 33)

Finalizo endereçando os parabéns à Tiló, por este que é já o seu quinto livro e a todos os que sentem a Serra do Açor como sendo sua recomendo que o leiam e a sintam, tal como a Tiló o faz.

Miriella de Vocht


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