terça-feira, 6 de setembro de 2011
Setembro chegou! (II)
SETEMBRO
É de Setembro a fria madrugada
Em que o teu corpo habita. É cinzenta
A crispar-se, de nervosa, a ante-alvorada
Em que te moves, ave friorenta.
É de Setembro a ânsia de raízes
De teus dedos buscando um rio escuro.
Em Setembro, secos os matizes
Da paisagem, só resta anseio puro.
É de Setembro, terra seca e cores claras
- o amarelo que receia os verdes
Explodidos nos longes das anharas –
É o espírito-brisa em que te perdes.
É de Setembro o olhar onde lucilam
Com as estrelas, pontas de fogueiras.
E a abóboda azul onde desfilam
As, do teu sonho, aves prisioneiras.
M. António in Obra poética
Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1999
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