Filho de um rico produtor de
cacau, Rigger volta ao Brasil depois de sete anos a estudar direito em Paris. Num retorno
marcado pela inquietação existencial, ele une-se a um grupo de intelectuais de
Salvador, com o qual passa a discutir questões sobre amor, política, religião e
filosofia. Dúvidas sobre os rumos do país ocupam o grupo. O protagonista
mantém uma relação de estranhamento com o Brasil do Carnaval, acredita que a
festa popular mantém o povo alienado. Os exageros e a informalidade brasileira
são motivo de espanto, apesar da proximidade com o povo durante as festas nas
ruas fazer com que ele se sinta verdadeiramente brasileiro. Aturdido pelas
contradições, Rigger decide voltar para a Europa.
Mestiçagem e racismo, cultura
popular e actuação política são alguns dos temas de Jorge Amado que aparecem
aqui em estado embrionário. Brutalidade e celebração revelam-se, neste romance
de juventude, linhas de força cruciais de uma literatura que se empenhou em
caracterizar e decifrar o enigma brasileiro.
Nota: O país do Carnaval
é o primeiro romance de Jorge Amado, escrito quando ele tinha apenas dezoito
anos. O livro foi publicado pela editora Schmidt em 1931, no mesmo ano em que o
autor ingressou na faculdade de direito no Rio de Janeiro. Antes de O país do Carnaval, Jorge Amado
publicara os poemas de A luva e a
novela Lenita, mas por opção do
próprio escritor esses trabalhos não foram incluídos na relação das suas obras
completas.
Fonte: http://www.jorgeamado.com.br
Excerto:
“Alcançou o navio no último momento. Poucos passageiros, ingleses e
argentinos a admirar a cidade que se vestia de treva. A noite se apossara do
Rio de Janeiro. Paulo Rigger, no tombadilho, comparava a cidade carnavalesca,
envolta em trevas, à sua alma. De repente, fez-se luz na cidade, que apareceu
brilhante, livre das trevas. O navio afastava-se vagarosamente…
Paulo Rigger, nervoso, lábios apertados, olhou. No Corcovado, Cristo,
braços abertos, parecia abençoar a cidade pagã. Tornou-se maior a tristeza nos
olhos de Paulo Rigger. Levantou os braços num gesto de supremo desespero e
murmurou fitando a imagem gigantesca:
- Senhor, eu quero ser bom! Senhor, eu quero ser sereno…
Lá longe, desaparecia lentamente o País do Carnaval…”
Nota: Livro disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de
Arganil
Leia, porque ler
é um prazer!
Os Capitães da Areia são um dos melhores livros que li até hoje.
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