“Foi encontrada às dez da manhã de terça-feira, estendida na banheira, a cabeça de lado, repousando no braço curvado; deu com ela a empregada que vinha às terças e quintas fazer a limpeza da casa. Limpou a cozinha, aspirou as carpetes, bateu os tapetes no quintal das traseiras e, como de costume deixou para o fim o primeiro andar. O quarto de Sophia estava imaculado, como se ninguém lá tivesse estado nos últimos dias. Nem lhe tocou, a menina Sophia também não era maníaca das limpezas, e passou logo para a casa de banho ao lado do quarto.
Ao ver a Sophia naquela posição, ainda teve um sorriso momentâneo, imaginando que ela tinha adormecido na banheira. O equívoco durou pouco: a palidez daquela cara de olhos arregalados, e o lilás dos lábios não eram de uma mulher adormecida no banho, e a Sophia estava semidespida, da cintura para cima com uma camisa cinzenta empapada de água que a tornava negra, nua da cintura para baixo. (…)”
A morte de Sophia é o ponto de partida para o romance “Círculo imperfeito” que valeu a atribuição do Prémio Literário Cidade de Almada à autora Ana Saldanha.
Um livro que vale a pena ler. Escrito numa linguagem simples e fluente, a narrativa conduz-nos com grande mestria por sucessivos desenvolvimentos, cuja cadência dir-se-ia quase cinematográfica. Será que se conseguirá desvendar a causa da morte de Sophia? Ou será a vida uma sucessão de acontecimentos em que passado algum tempo se esquece e segue simplesmente em frente?
Nota: Livro disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil
Leia, porque ler é um prazer!
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