respiro a flor da humana paciência
intacta na falsa margem do silêncioentre rubras fragrâncias de amoras
em linho branco com pão fresco
uma dança de chamas sem movimento
fluxos de espigas vazias como palavras sem vento
alucinação de flautas pálidas e pássaros
numa concha de espuma inconstante
— alquimia de deuses constelações de lábios e silêncios
as mãos brilham entre as sílabas da manhã
perdem-se nos ombros orvalhados
invenções de escarpas ilegíveis
na serenidade mineral do horizonte
sem tempo para a imortalidade
só a coragem magnífica da ternura
resplandece na tela que manuscreve
o destino transfigurado da cidade
na hora de todos os naufrágios
uma gaivota voo de pedra
em pedaço de céu repentino
— cidade em que me segredo
José António Franco
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