quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Recordar Camilo Pessanha nos 150 anos do seu nascimento

Camilo de Almeida Pessanha nasceu a 7 de Setembro de 1867 em Coimbra e faleceu a 1 de Março de 1926 em Macau. Em 1891 concluiu o curso de Direito na Universidade de Coimbra. Em 1894 radicou-se em Macau como professor de Filosofia. A partir de 1900 exerceu ali o cargo de conservador do registo predial. De grande sensibilidade e de uma abulia que nem as misérias da vida estimulavam, refugiou-se no apagamento social e, para quebrar a sua solidão povoada de fracassos e inibições, mas vibrátil aos lampejos de beleza, recorreu ao inebriamento do ópio e à ligação afectiva com uma chinesa. Escreveu poemas e sonetos de uma perfeição modelar. O volume China. Estudos. Traduções, 1944, contém ensaios sobre a China. Tendo convivido em Coimbra com poetas como Eugénio de Castro, António Nobre, Alberto de Oliveira e A. Osório de Castro, assistiu à eclosão do movimento simbolista em Portugal (…) Escrevia poesia para si próprio para se libertar dos fantasmas que o oprimiam, daí o não cuidar da sua divulgação, nem mesmo da sua escrita, contentando-se com retê-la de memória. Os poemas do volume Clepsidra, 1920, depois de transcritos pelo futuro poeta J. De Castro Osório, vieram a lume graças à escritora Ana de Castro Osório e foram reeditados com o título Clepsidra e Outros Poemas, 1969. Pelo poder encantatório das suas palavras plenas de musicalidade e ricas de imagens que captam sugestivamente a natureza ilusória da realidade que no seu fluir nos incita à mais íntima adesão, é o representante mais genuíno do simbolismo e um dos vultos mais significativos da poesia portuguesa.

In: Portugal século XX: portugueses célebres. Coord. Leonel de Oliviera
Lisboa: Círculo de Leitores, 2003

Produção: Francisco Manso, produções





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