Camilo de Almeida Pessanha nasceu
a 7 de Setembro de 1867 em Coimbra e faleceu a 1 de Março de 1926 em Macau. Em 1891 concluiu o curso de Direito na
Universidade de Coimbra. Em 1894 radicou-se em Macau como professor de
Filosofia. A partir de 1900 exerceu ali o cargo de conservador do registo
predial. De grande sensibilidade e de uma abulia que nem as misérias da vida
estimulavam, refugiou-se no apagamento social e, para quebrar a sua solidão
povoada de fracassos e inibições, mas vibrátil aos lampejos de beleza, recorreu
ao inebriamento do ópio e à ligação afectiva com uma chinesa. Escreveu poemas e
sonetos de uma perfeição modelar. O volume China. Estudos. Traduções, 1944,
contém ensaios sobre a China. Tendo convivido em Coimbra com poetas como
Eugénio de Castro, António Nobre, Alberto de Oliveira e A. Osório de Castro,
assistiu à eclosão do movimento simbolista em Portugal (…) Escrevia poesia para
si próprio para se libertar dos fantasmas que o oprimiam, daí o não cuidar da
sua divulgação, nem mesmo da sua escrita, contentando-se com retê-la de
memória. Os poemas do volume Clepsidra, 1920, depois de transcritos pelo futuro
poeta J. De Castro Osório, vieram a lume graças à escritora Ana de Castro Osório
e foram reeditados com o título Clepsidra e Outros Poemas, 1969. Pelo poder
encantatório das suas palavras plenas de musicalidade e ricas de imagens que
captam sugestivamente a natureza ilusória da realidade que no seu fluir nos
incita à mais íntima adesão, é o representante mais genuíno do simbolismo e um
dos vultos mais significativos da poesia portuguesa.
In: Portugal século XX: portugueses
célebres. Coord. Leonel de Oliviera
Lisboa: Círculo de Leitores, 2003
Produção: Francisco Manso, produções
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