O ouro, o incenso e a mirra estiveram sempre associados aos magos.
Nada se sabe ao certo sobre eles. São Mateus é o único evangelista que aborda o acontecimento, intitulando-o: Adoração dos Magos.
“Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos, vindos do oriente. Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? – perguntavam.
Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.”
Quando chegaram ao lugar onde estava o Menino a estrela parou. Sentiram uma enorme alegria. Entraram. Prostraram-se em adoração. Abriram os cofres e ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra.
Os magos trouxeram os melhores produtos do oriente. Cada um simbolizando os atributos do Messias: ouro, como rei; incenso, como Deus; e mirra, como homem mortal.
Supostamente os magos eram sábios do oriente, talvez reis da Arábia ou Pérsia, que se dedicavam principalmente à astronomia.
São Mateus nunca menciona o número. Porquê três? De onde vêm os nomes Belchior, Baltasar e Gaspar?’
Verdade ou imaginação eles tornaram-se uma lenda e fazem parte do nosso presépio.
Os magos, tal como são apresentados, inspiram e desafiam a nossa capacidade aventureira.
Se Jesus ou outro salvador voltasse a nascer num pedaço de chão do planeta, acredito que seria numa zona de pobreza, talvez em África.
Por vezes, dou comigo a pensar que nos dava muito jeito que um todo-poderoso, resolvesse ajudar a por ordem na desordem instalada. A começar pelo problema do aquecimento global.
Mas como quase ninguém quer abdicar de nada, nem de um saco de plástico, Ele nem saía do presépio, era crucificado de fraldas.
Porém, se me é permitido ser otimista e sonhar, gostaria de fazer parte da caravana que seguia a estrela e trilhar caminhos de esperança.
Qualquer direção servia. Ao luar ao sol ou à chuva, o importante era participar, partilhar a experiência, acreditar em algo ou alguém muito especial.
Contudo, cruzar-nos-íamos com multidões famintas, fugitivos de guerra e de miséria. O sonho desvanecer-se-ia.
Questionar-nos-íamos, vale a pena? O que procuramos, afinal?
Os conflitos de que também somos feitos confundir-nos-iam.
Qual seria a opção? O ouro, o incenso ou a mirra?
Um caminho longo e penoso é um convite ao desalento.
Porém, há sempre algo dentro de nós a envolver-nos na procura do outro, no desejo de dar a mão, partilhar afetos e voar abraçados.
Feliz Natal!
Maria Leonarda Tavares
Texto escrito por Maria Leonarda Tavares para o Encontro dos Amigos de Ler, realizado na Biblioteca Municipal de Arganil no dia 10 de Dezembro de 2018.