São duas artes distintas, mas intimamente ligadas.
A literatura trabalha a palavra e a música imprime-lhe ritmo e sonoridade.
Ambas têm particularidades muito específicas, mas possuem uma relação vital nas suas expressões artístico-culturais.
Não é por acaso que uma sonata de Beethoven inspirou um livro de Tolstói. A sonata de Kreutzer que é também o título do livro.
É uma obra de apenas 87 páginas. Um romance qua aborda a temática do casamento, as relações entre homens e mulheres, o machismo do séc. XIX na Rússia e no resto do mundo. Apresenta também a sua visão sobre o cristianismo, o ideal cristão e a igreja.
Através das personagens descreve o efeito que a música teve sobre ele, a forma como fez aflorar as emoções e o transportou para um estado de alma que o levou à criação de uma obra literária de grande beleza.
Um romance apaixonante nascido de uma sonata de Beethoven.
Em 1910 o livro inspirou, por sua vez, o pintor René Prinet numa pintura igualmente com o mesmo nome.
Esta ligação música/literatura ganhou força com a atribuição do Prémio Nobel da literatura a Bob Dylan, em 2016.
Mereceu a distinção pela relevância do seu trabalho como cantor e compositor e por ter criado uma nova expressão poética dentro da grande tradição norte-americana da música.
Escreveu letras e compôs melodias inesquecíveis carregadas de mensagens.
Já tinha recebido vários prémios de destaque. Este confirmou todos os outros e gerou alguma polémica sobre a relação literatura/música.
Sem menosprezar a importância de outras manifestações culturais como, por exemplo, e escultura e a pintura, é indiscutível que a humanidade sempre atribuiu uma enorme relevância à literatura e à música.
Os grandes compositores, maestros e escritores legaram, ao longo de séculos, uma fonte inimaginável de sabedoria, de deleite espiritual, retratando uma enorme diversidade de áreas do conhecimento.
Influenciaram, decisivamente, o crescimento cultural do ser humano: o melhor incentivo para o progresso em todas as suas vertentes.
Tanto a música como a literatura contribuem para uma fraternidade universal, uma comunhão pacífica dos povos.
Fomentam uma educação inclusiva, profunda e abrangente. São veículos de uma democratização do saber.
Uma e outra proporcionam uma constante aprendizagem que exige seriedade e compromisso.
A mais-valia deste processo de aprendizagem consiste no caminho que se percorre ao longo da vida.
Não se busca um produto final, o prazer está no percurso e na procura de um crescimento espiritual que seja o reflexo do nosso humilde contributo para uma sociedade melhor.
Maria Leonarda Tavares
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