ISBN: 978-989-735-461-8 Ponta Delgada: Letras Lavadas, 2023 |
"Em Portela dos Ventos, vila de criadores de gado bovino perdida no interior de Portugal, tudo decorre sob o signo aparente normalidade até ao dia em que o chão se começa a abrir debaixo dos pés dos seus habitantes. Qual a razão dos estranhos buracos que engolem pedaços inteiros da povoação? E que tipo de relação pode existir entre essas misteriosas crateras e certos factos obscuros, soterrados num passado incómodo que a todos convém esquecer?
Um dos jornalistas que chegam para cobrir os acontecimentos fica alojado em casa de Guilherme Paixão. O dono do decrépito casarão recebe-o entre as citações literárias e evocações de histórias locais, passadas nos anos sessenta. Há nele uma afabilidade de eremita atormentado, que guarda ainda no peito o rasto a uma culpa antiga e precisa de um ouvinte para se confessar. E dessa ferida aberta vai extraindo um a um, para os entregar ao seu inquilino, os personagens e os factos de uma tragédia pessoal que se confunde com a história recente de Portela dos Ventos: o Padre Velho e o Padre Novo; as duas filarmónicas rivais; os grandes criadores de gado, brutais e sem escrúpulos; um veterinário ambicioso e um curandeiro com poderes mágicos; um papagaio demasiado palrador; uma mulher com um cancro no peito, tratado a pensos de carne crua; um antigo almocreve, desbocado e bêbedo, com muitas histórias para contar.
Em pano de fundo, soletrado no jornal ou comentando na penumbra da taberna, o mundo exterior a este universo rural vai seguindo a sua marcha: os Rolling Stones iniciam uma digressão pela América; Mary Quant cria a moda da minissaia; Portugal tropeça na ditadura e na guerra colonial. E no meio deste turbilhão de acontecimentos, Guilherme Paixão - então um jovem médico em início de carreira - apaixona-se pela doce e impulsiva Maria Rosa, a amante do Padre Novo.
Cinco décadas depois a vila é outra - mais industrial, mais desolada, mais triste, mas alguns dos personagens que assombram a memória de Guilherme continuam vivos, partilhando incómodos segredos e refugiando-se no silêncio quando interrogados pelo jornalista. Enquanto isso, as ruas as ruas são devoradas pelo mal sem nome e o perigo cresce a cada dia que passa. Que tipo de ameaça paira sobre esta povoação igual a tantas outras pelo mundo fora, que definham corroídas por tumores e epidemias invisíveis? Que tragédias futuras se escondem em casa cratera que as nossas civilizações vai criando? É ao jornalista que cabe reunir as pontas soltas de um novelo que parece desembocar nos erros do passado recente."
Fonte: contracapa do livro
Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil.Leia, porque ler é um prazer!
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