"A Terra e o Verão
A Terra irradia calor do seu ventre
E o Sol beija-a na hora que passa
E as ribeiras e as fontes, com a força cadente
Procuram o ventre da Terra sedento
E correm sem força, sem água e sem graça
O sol secou a água nas fontes
E a Terra zangou-se com o Sol
Levantou a voz por entre os montes
Estremeceu todas as pontes
Estendeu sua fúria como um lençol
E nessa fúria que se adensou
E nesta sede sem gota d'água
O fogo veio e abraçou
Toda esta Terra com que sonhou
E queimou tudo de frágua em frágua
Queimou o verde, queimou as árvores
Queimou a vida que ali reinava
E como um mostro, naquela tarde
Tudo lambeu, pois tudo arde
Matou o Mundo que germinava
E a Terra, queimada e triste
Suporta mal uma tal dor
E contra tudo não resiste
Sempre na Esperança de um dia melhor
Terra não chores, olha pr'a mim
Também eu ardo cheia de dor
Como é possível que hoje e aqui
Exista gente que olha pr'a ti
E fica indiferente ao teu valor"
Lucinda Ventura
in Ao Sabor do Tempo
Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas Públicas do Concelho de Arganil.
Leia, porque ler é um prazer!
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