Lua passada de moda,
Velha roda
Da fortuna dos poetas!
Dessa fortuna inconstante
Que tem o quarto minguante
No caixilho das selectas.
A vida já te não olha,
A terra já te não quer!
Desce luz a cada folha,
Mas é do sol, se ta der…
Musa fria!
Solidão de menopausa…
Poesia
Com rima e com melodia,
Mas sem causa!
Que importa o charco a brilhar,
Se é mentira?
Se a razão há-de acordar
O menestrel a sonhar
E a corda tonta da lira?!
Velha lua…
Prostituta pobre e nua
À porta do seu bordel…
Mudas as rugas da face,
Mas a velhice renasce
Do musgo da tua pele!
Bem sei que na fase nova
Podes ter um namorado…
Uma ilusão que te prova
Como a um fruto renova
De um pomar que foi podado…
Remendos de mocidade!
Lume que acende e não dura!
Não regressa a virgindade
A quem, corrupto, a procura!
Mas tens ainda maneira
De te salvar, velha amiga!
É morrer numa fogueira
De ironia verdadeira
Que algum Poeta te diga!
Poesia Completa I
Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas Públicas do Concelho de Arganil.
Leia, porque ler é um prazer!
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