sexta-feira, 2 de julho de 2010

O anibaleitor de Rui Zink

O Anibaleitor conta a história de um jovem que, fugido à "guarda do reino", embarca numa viagem em busca de um mítico e fabuloso animal, o Anibaleitor. Livro de aventuras, é acima de tudo livro da aventura da leitura."

É assim que nos é apresentada a obra de Rui Zink que não poderia ser descrita de melhor forma. Em todo o caso, para quem não conhece, ou conhece mal, a obra do autor importa fazer notar que O Anibaleitor, para além de metáfora para a leitura, serve como indagação sobre o que é a literatura.

Em rigor, há duas histórias a ser contadas, a de um jovem que embarca numa viagem e a de um autor que questiona a viagem que o levou à leitura e à escrita. Mas dentro dessas duas histórias há um sem número de outras histórias que vão sendo contadas, à maneira das bonecas russas. Afinal o que é a literatura se não um entrecuzar de outras leituras, interpretações do mundo que nos rodeia e nos habita? "Para o Anibaleitor, um livro era um encontro entre duas vozes: a nossa e a do livro." Por essa razão, a obra está carregada de alusões, umas mais directas que outras, a outros autores: "Por isso, leio. É mais autónomo. Dependo menos da bondade de estranhos, como diria Tenessee Williams."

Em resumo o livro de Rui Zink é um conjunto de metáforas, escrito em prosa simples, contudo carregado de densas reflexões sobre o significado da leitura e da literatura: "O livro, ao ser escrito, já deu um grande passo na nossa direcção: é uma dádiva. Cabe-nos agora a nós retribuir a gentileza e dar um passo na direcção do livro." Esta é a epígrafe perfeita, não só para este livro como para a própria leitura, livro esse que não desilude quem o lê como até exige uma certa releitura, pois perante a aparente simplicidade instala-se uma profunda e interessante reflexão sobre o modo como levamos a vida e apreendemos o mundo.

Boa leitura.

Texto da autoria de Henrique Jesus
(a Biblioteca Municipal Miguel Torga agradece a colaboração)


Biografia:

Rui Barreira Zink (Lisboa, 16 de Junho de 1961), escritor e professor universitário português.
É Professor Auxiliar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (desde 1997), onde se licenciou em Estudos Portugueses (1984) e obteve os graus de mestre em Cultura e Literatura Popular (1989) e de doutor em Literatura Portuguesa (1997). Foi igualmente Professor do Ensino Secundário (1983-1987), Leitor de Língua Portuguesa na Universidade de Michigan (1989-1990) e Professor Convidado na Universidade de Massachussetts Dartmouth (2009-2010).
Autor de vários livros, entre ensaios e ficção, salienta os romances Hotel Lusitano (1987), Apocalipse Nau (1966), O Suplente (1999) e Os Surfistas (2001), e os livros de contos A Realidade Agora a Cores (1988) e Homens-Aranhas (1994) e O Anibaleitor (2006). Colaborou em jornais e revistas, de que salienta o semanário O Independente (1991) e a revista K (1992). Fez tradução literária, de autores como Matt Groening, Saul Bellow e Richard Zenith.
Rui Zink recebeu o Prémio do P.E.N. Clube Português pelo romance Dávida Divina (2005), e representou o país em eventos como a Bienal de São Paulo, a Feira do Livro de Tóquio ou o Edimburgh Book Festival.

Sítio oficial do escritor: http://www.ruizink.com/


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