quarta-feira, 27 de abril de 2011

Em silêncio, amor

SOARES, Luís - Em silêncio, amor. 1ª ed. Cruz Quebrada : Oficina do Livro, 2007. 219, [1] p.. ISBN 978-989-555-316-7

Em silêncio, amor é um romance da autoria de Luís Soares, nascido em Lisboa na década de 70 e autor de Aquariofilia (2003) e Os adultos (2005).

Escrito numa linguagem que em certas passagens toca a prosa poética, o livro relata-nos a história de um homem cuja esposa foi vítima mortal de um acidente.

Tom, escritor e Elisa, pianista, viviam até ali uma vida harmoniosa, porém de um dia para outro tudo desmoronou.

Após a morte da mulher, Tom, refugia-se em casa durante meses a fio quase se esquecendo de viver, preso ao passado.

Mais tarde, Tom começa a ter alucinações. O fantasma da sua mulher Elisa, junto com a música do piano tornam-se presentes no seu dia-a-dia e lentamente o fazem despertar da letargia a que se entregou, devolvendo-lhe a curiosidade pelo mundo que o rodeia. Recupera mesmo o hábito de escrever e inicia uma viagem que o faz perder-se entre a imaginação e a memória.

Ao longo do livro cruzam-se as recordações, as fantasias e a realidade presente. A personagem central da obra é em simultâneo narrador e no final do livro assume-se como investigador da existência. E é esta que constitui o tema central da história.

“Quando saí, no fim de Janeiro, convenci Hortense de que o episódio não se repetiria, que o luto tinha passado e estava perfeitamente capaz de tomar conta de mim. Disse-lhe mesmo que me apetecia escrever. Recusei a oferta de um telemóvel, argumentando com salutar veemência que me incomodaria para além do admissível.
Tudo mentiras, para que me deixasse só.
Sacudi a embalagem dos comprimidos em frente ao seu ar de dúvida, com um esforço de sorriso, passei a comprar comida com mais regularidade, alimentava-me pelo menos uma vez por dia, fazia a barba uma ou duas vezes por semana, tomava banho, cortava o cabelo com uma tesoura grande de cozinha. Quando a Primavera começou, Hortense acreditava que não me ia deixar morrer.
Não voltei ao nosso quarto nem à sala do piano. Estou certo de que esqueci algumas outras divisões da casa onde a necessidade não me levou. Tão-pouco conseguia sequer aproximar uma caneta de uma folha em branco. Pensar nisso agoniava-me. Sobrevivia entre a cozinha, a casa de banho e a sala da escrita.”



Pode requisitar este livro na Biblioteca Municipal de Arganil.



Leia, porque ler é um prazer!

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