Durante o século XX a esperança de vida dos habitantes dos países desenvolvidos aumentou bastante, o que actualmente se traduz numa população cada vez mais envelhecida.
De acordo com os dados do Banco Mundial de Indicadores para o Desenvolvimento Mundial a esperança média de vida dos Portugueses era em 1960 de 63,04 anos. Em 2009 a esperança média de vida dos Portugueses era de 78,73 anos. E em 2010 existiam em Portugal por cada 100 jovens, cerca de 118 idosos.
A maior parte das pessoas deseja chegar à Terceira Idade com saúde e capacidades para enfrentar o dia-a-dia, porém chegados a esta etapa da vida muitos idosos sentem-se abandonados pela sociedade e por isso ficam sujeitos a vários distúrbios psíquicos, entre eles a depressão. A depressão na Terceira Idade é provocada por alterações afectivas, efeitos fisiológicos do envelhecimento, consciência da aproximação do fim da vida, reforma e consequente inactividade profissional, sensação de inutilidade, solidão, isolamento, etc. A depressão dos idosos está ainda relacionada com o modo como a sociedade encara a velhice: vivemos numa sociedade que valoriza o novo e subestima o velho. Não só a morte é indesejável, também a velhice o é. Porém a Terceira Idade deveria ser compreendida como apenas uma nova fase de vida e a imagem que deveríamos ter das pessoas idosas, deveria ser a da experiência, da luta diária, da sabedoria e do conhecimento.
Diversos estudos apontam que para minimizar os efeitos negativos do envelhecimento, a estimulação é o melhor caminho. E uma das formas de fazer essa estimulação é através do lazer: ver filmes, visitar exposições, participar em tertúlias, dançar, cantar, ler, etc.
O lazer, de acordo com Clarissa Benassi Gonçalves da Costa Sueli Bortolini autora do estudo A Terceira Idade e as acções de leitura dos bibliotecários de duas instituições, “é uma forma de resgatar a cidadania da pessoa idosa, minimizar as desigualdades sociais, injustiças e ainda, melhorar a sua convivência na família e na comunidade.”
Dentre as actividades de lazer destacamos a leitura que em muitos casos possibilita ao leitor adquirir novos conhecimentos, desenvolver a inteligência, extravasar sentimentos, exercitar a memória e o raciocínio.
O exercício da leitura, e também o da escrita, são instrumentos poderosos que ajudam a revigorar o cérebro. A actividade intelectual na terceira idade é crucial para manter os idosos activos e evitar ou retardar o aparecimento ou a progressão de doenças neurológicas degenerativas (por exemplo, a doença de Alzheimer) que levam a memória e trazem as demências.
O nosso cérebro é um organismo vivo que aprende e cresce ao interagir com o mundo através da percepção e da acção. A estimulação mental, bem como o exercício físico, melhora o funcionamento cerebral e protege este órgão do declínio cognitivo. O cérebro humano tem a capacidade de se adaptar e modificar continuamente. Mesmo em idade avançada novos neurónios podem nascer. Muitos problemas de declínio mental são o resultado da inactividade ou falta de estímulo cerebral.
Tornando a citar Clarissa Bortolini “A leitura, seja ela qual for, pode tornar uma pessoa alegre ou deprimida, despertar a curiosidade, estimular a fantasia, provocar descobertas, lembranças, libertar emoções, levar as pessoas a outros tempos e lugares, imaginários ou não, provocar satisfação, promover a compreensão do indivíduo e do mundo.”
A leitura realizada em grupo pode tornar-se ainda mais estimulante, pois um mesmo texto terá várias interpretações diferentes o que pode dar azo a conversa, troca de ideias e opiniões, e em último promove a sociabilização, que pode ajudar a diminuir a sensação de isolamento, a carência afectiva e social.
As bibliotecas devem perante o exposto e tendo em conta o seu papel social desenvolver actividades de promoção de leitura junto à população que constitui a terceira idade, proporcionando-lhe iniciativas que a aproxime dos livros. O mediador de leitura para este grupo alvo deve ser criativo, dinâmico, informado e inovador para que ao mediar a leitura possa contribuir para o desenvolvimento sensorial, emocional e/ou racional do idoso, pois desempenha um importante papel na reintegração social dessa população.
Miriella de Vocht
Arganil, 13 de Janeiro de 2012
Bibliografia consultada:
Pont Géis, Pilar – Actividade física e saúde na terceira idade. Porto Alegre: Artmed, 2003. ISBN 85-363-0064-7
Santos, Figueiredo. Encarnação, Fernanda – Modernidade e gestão da velhice. [Faro]: Centro Regional da Segurança Social, D.L. 1998
Zenhas, Armanda – Ler e escrever um elixir de vida na terceira idade.
Disponível em:
http://www.educare.pt/educare/Opiniao.Artigo.aspx?contentid=5B832D581A3D5066E0400A0AB8004235&opsel=2&channelid=0 (acedido em 12.01.2012)
Bortoline, Clarissa Benassi Gonçalves da Costa Sueli - A terceira idade e as ações de leitura dos bibliotecários de duas instituições
Disponível em: http://eprints.rclis.org/handle/10760/13267 (acedido em 12.01.2012)
McCluskey, Robert - The Critical Importance of Recreation For Senior Citizens
Disponível em: http://EzineArticles.com/?expert=Robert_McCluskey (acedido em 12.01.2012)
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