Carmen Bin Ladin, nascida na Suíça de mãe iraniana e pai suíço, casou-se em 1974 com Yeslan, um dos irmãos de Osama Bin Laden. Apaixonada por aquele jovem exótico e refinado, filho de um dos homens mais ricos da Arábia Saudita, acompanhou-o aos Estados Unidos, onde ele estudava numa universidade americana. Foi lá que nasceu a primeira filha de ambos. No entanto, a vida do casal muda drasticamente quando Yeslam acaba os estudos e o casal se instala na Arábia Saudita. Carmen torna-se então uma testemunha privilegiada da ascensão da Organização Bin Laden, uma empresa tentacular estreitamente ligada à família real. Ao lado do marido, procura vislumbrar os mínimos sinais de modernização do mundo árabe. Em vão... Assiste pouco a pouco à fanatização crescente do país, cujo exemplo mais evidente é o cunhado, Osama Bin laden, o líder da Al-Qaeda. Então, decide partir para salvar as filhas da terrível condição das mulheres na Arábia Saudita. Julgava poder passar uma esponja no passado, refazer a sua vida em Genebra... Até ao 11 de Setembro de 2001.
Fonte: www.wook.pt
“Ironicamente, foi só depois do 11 de Setembro que a minha luta de catorze anos para me libertar da Arábia Saudita começou a fazer sentido para as pessoas à minha volta. Antes disso, julgo que ninguém compreendia realmente do que se travava – nem os tribunais, nem o juiz, nem sequer os meus amigos. Até no meu próprio país, a Suiça, me consideravam como mais uma mulher a enfrentar um complicado divórcio internacional.
No entanto, eu sempre soube que a minha luta ia muito mais fundo do que isso. Lutava para obter liberdade duma das mais poderosas sociedades e famílias do mundo, para salvar as minhas filhas duma cultura impiedosa que lhe negava os mais básicos direitos. Na Arábia Saudita, elas nem sequer podiam andar pelas ruas sozinhas, e muito menos escolher o caminho das suas próprias vidas. Lutava para as libertar dos imutáveis valores fundamentalistas da sociedade saudita e do seu desprezo pela tolerância e liberdade do ocidente, que eu aprendi a valorizar profundamente.
Receio que, mesmo na actualidade, o mundo ocidental não entenda perfeitamente a Arábia Saudita e o seu rígido sistema de valores. Vivi lá durante nove anos, dentro do poderoso clã Bin Laden, com as suas estreitas e complexas ligações à família real. As minhas filhas frequentaram escolas sauditas. Vivi, em grande parte, a vida duma mulher saudita. E, com o decorrer do tempo, aprendi e analisei os mecanismos dessa sociedade sombria e as duras e amargas regras que ela impõe às suas filhas.
Não podia ficar de braços cruzados enquanto as brilhantes mentes das minhas queridas filhas eram destruídas. (…)
Acima de tudo, não podia ver as minhas filhas privadas daquilo a que dou mais valor: a liberdade de escolha. Precisava de as libertar e de me libertar a mim própria.
Esta é a minha história.”
Excerto do primeiro capítulo.
Livro disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil
Leia, porque ler é um prazer!
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