sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Sugestões de leitura sobre a Primeira Guerra Mundial (II)

"Na Primeira Guerra Mundial morreram mais de nove milhões de soldados de Infantaria, Marinha e Força Aérea. Calcula-se que morreram também cinco milhões de civis em consequência da ocupação, de bombardeamentos, fome e doenças."

Martin Gilbert in "A Primeira Guerra Mundial"

Este conflito avassalador só chegaria ao fim com a assinatura do Armistício a 11 de Novembro de 1918.

Recordamos esta data dando continuidade à rubrica Sugestões de Leitura sobre a Primeira Guerra Mundial, com a apresentação de três livros que retratam este violento conflito e a vulnerabilidade da vida de todos que por ele foram atingidos.
GIONO, jean - O grande rebanho

O grande rebanho é um dos grandes romances europeus que tem como tema a Primeira Guerra Mundial, e um clássico da literatura do século XX. Jean Giono, o autor, tendo ele próprio participado no conflito, denuncia os horrores e o absurdo da guerra, descrevendo-os com um realismo chocante em algumas das cenas bélicas mais cruas alguma vez recriadas na literatura.

Através da alternância entre episódios passados na linha da frente, nas trincheiras, e outros que têm lugar nas zonas distantes do campo de batalha, nos lares dos soldados, vamos visualizando um retrato complexo da guerra, sentida não como uma abstracção mas como uma realidade próxima, um fenómeno que afecta radicalmente toda a sociedade, desintegrando os seus valores, a ordem da vida e do quotidiano.

WOOLF, Virginia - Mrs. Dalloway

«Publicado em 1925, Mrs. Dalloway é o primeiro dos romances de Virginia Woolf que subverte a narrativa tradicional. A Primeira Grande Guerra terminou, o calor do Verão invade Londres e Clarissa, Mrs. Dalloway, prepara-se para dar uma das suas festas. Mas quando a noite se aproxima, a chegada de Peter Walsh, o seu primeiro amor regressado da Índia, vai despertar o passado, trazendo-lhe à memória os sonhos adolescentes e a discussão que muitos anos antes a precipitou num casamento sem fulgor. 


Embora a acção do romance ocorra depois da Primeira Guerra Mundial, a evocação de Woolf da Londres do pós-guerra e todas as ansiedades acompanhantes pinta um dos retratos mais perfeitos da literatura sobre os efeitos da Grande Guerra na sociedade como um todo.

BLASCO IBÁNÉZ, Vicente - Os 4 cavaleiros do apocalipse

Em Julho de 1914 notei os primeiros indícios da próxima guerra europeia ao vir de Buenos Aires para as costas de França, no vapor alemão Konig Friedrich August. (…)
Vivendo, semanas depois, na Paris solitária do princípio de Setembro de 1914, altura em que decorreu a primeira batalha do Marna e em que o Governo francês teve de se transferir para Bordéus, como medida de prudência, o ambiente extraordinário da grande cidade sugeriu-me todo o resto do presente romance. (…)
Depois da salvadora batalha de Marna, quando o governo tornou a instalar-se em Paris, conversei um dia com Monsieur Poincaré, então Presidente da República. (…)
- Quero que você visite a frente – disse-me ele -, mas não para escrever nos jornais. (…) Vá como romancista. Observe e talvez da sua viagem nasça um livro que sirva a nossa causa. (…)
A falta de meios de comunicação dentro de Paris e a escassez de dinheiro que a guerra acarretou para muitos obrigaram-me a abandonar a elegante casinha … que ocupava nas imediações do Bosque de Bolonha, instalando-me num bairro vulgaríssimo da Baixa. (…)
Jamais trabalhei em piores condições. Fiquei com as mãos e o rosto gretadas pelo frio; usei sapatos e peúgas de combatente para aguentar melhor os rigores do Inverno.
Assim escrevi Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse.

Excerto da nota “Ao Leitor” por Blasco Ibáñez

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Leia, porque ler é um prazer!

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