O habitual encontro na biblioteca estava marcado para o passado dia onze de maio. O tema proposto era a palavra rosa.
O que me ocorreu, de imediato, foi a rosa do Principezinho de A. de Saint Exupéry e a célebre frase: “Foi o tempo que passaste com a tua rosa que a tornou tão importante.”
Talvez outros elementos do grupo tenham tido a mesma ideia. Por isso, e como este breve excerto da obra me reportou para o sentimento da amizade, dei outro rumo ao pensamento: a escritora Maria Rosa Colaço.
Tive o privilégio de a ter como amiga e sou grande admiradora da sua escrita.
Ela merece ser trazida de volta. Tal como muitos escritores quase caiu no esquecimento, após a sua morte a treze de outubro de 2004.
A biografia e parte da sua obra estão disponíveis na internet.
Escreverei, apenas, sobre facetas menos divulgadas.
O livro com mais edições, mais traduzido e que a tornou conhecida numa boa parte do mundo foi a Criança e a Vida.
Publicou, pelo menos, cerca de três dezenas de livros. Centenas de crónicas em jornais e poemas cantados pelos Trovante, Luísa Basto, Coro de Santo Amaro de Oeiras, Paulo de Carvalho, Coro de Coimbra e Samuel.
O grupo de Teatro de Almada representou a sua peça Espanta Pardais.
Recebeu o prémio Soeiro Pereira Gomes com a novela Gaivota. Prémio Nacional de Teatro com Pássaro Branco. Um segundo prémio de teatro com a peça A Outra Margem.
Em África organizou a 1ª Exposição de Poesia Ilustrada e a 1ª Exposição de Arte Africana.
Colaborou com Zeca Afonso, arquiteto Ramalhete e outros na organização do 1º Dia Mundial do livro.
A sua obra é a caminhada de alguém que esteve sempre atento, que foi sensível e que guardou na memória o olhar da criança com quem se cruzou, a alma da gente simples, todos os aromas da natureza, as flores e as árvores.
Jorge Listopad disse sobre ela: “O que escreve, é o quotidiano que parece banal, mas uma banalidade que é plasma, aprendizagem de vida, antropologia de microcosmos, água batismal, estigma de memória, imaginação do real.”
Maria Rosa Colaço conseguiu uma relação próxima, real, cheia de ternura e de poesia com tudo o que guardou dentro de si.
Depois escreveu tudo isto com as “tintas do coração” como dela disse Baptista-Bastos que a chamou a “Rosa da Prosa”.
Maria Leonarda Tavares
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