Alfragide: Casa das Letras, 2019 ISBN: 978-989-660-641-1 |
«Brianna aproximou a carta do nariz e inalou profundamente. Tanto tempo depois, tinha a certeza de que se tratava de imaginação e não de cheiro, mas ainda sentia o suave aroma de fumo nas folhas. Talvez fosse tanto a lembrança como a imaginação; ela sabia como era o ar numa estalagem, repleto dos aromas da lareira, de carne assada e de tabaco, com um cheiro adocicado de cerveja a arrematar tudo.
Sentiu-se tola ao cheirar as cartas na frente de Roger, mas desenvolvera o hábito de as cheirar em privado, quando as relia sozinha. Tinham aberto esta na noite anterior e leram-na várias vezes juntos, a discuti-la - mas agora retirara-a da caixa outra vez, apenas para a ter nas mãos e ficar sozinha com os seus pais durante um bocadinho.
Talvez o cheiro estivesse realmente ali. Ela percebeu que na verdade uma pessoa não se lembra de cheiros, não da mesma forma que se lembra de algo que viu. Quando se sente um cheiro novamente, sabemos o que é - e em geral ele traz de volta consigo uma série de outras memórias. E ela estava sentada ali num dia de outono, cercada de maçãs maduras e urzais, a poeira de antigos lambris de madeira e o cheiro abafado de pedra molhada - Annie MacDonald acabara de limpar o corredor - mas ela via a sala da frente de uma hospedaria do século XVIII, e sentia o cheiro do fumo.»
Fonte: contracapa do livro.
Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas Públicas do Concelho de Arganil.
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