sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Tempo para a poesia: " Ao pé do rio"

PERGUNTEI AO TEU SABER

Perguntei ao teu saber
Porque nunca o rio cansa.
- Porque está sempre a nascer,
Dia e noite, sem parança.

Perguntei ao teu saber
Porque brilham as estrelas.
- Porque o céu tem de acender
À noitinha as suas velas.

Perguntei ao teu saber
Porque a lua é tão redonda.
- Porque o Sol a fez encher
De tanta luz, que já bonda.

Perguntei ao teu saber
Porque choram tanto as fontes.
- Porque estão a padecer
Desgostos da Terra, aos montes.

Perguntei ao teu saber
Porque canta a cotovia.
- Porque alguém tinha de haver
Que desse ao dia um bom-dia.

Perguntei ao teu saber
Porque o amor é tão fugaz.
- Porque querer fazer sofrer,
E só assim se compraz.

Perguntei ao teu saber
Porque queima tanto o lume.
- Porque o amor o faz arder,
E mais ainda o ciúme.

Perguntei ao teu saber
Porque tanto ri a flor.
- Porque o fruto, antes de ser,
Já nos seduz pela cor.

Perguntei ao teu saber
Porque a morte veio ao mundo.
- Porque tudo o que é viver
Tem um fim bem lá no fundo.

Ao Pé do Rio in
António Cacho

Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas Públicas do Concelho de Arganil.

Leia, porque ler é um prazer!

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