Minha rua
Todo o mundo não é igual:
Nas ruas e nas cidades:
Cada homem é desigual
Em mentiras e verdades…
Mas esta rua onde eu moro
Não é igual nem é melhor,
As outras ruas têm decoro
Que o asfalto é superior…
É uma volta ligeira
Que de minha breve rua
Estou na avenida fronteira
E na Igreja quase nua…
Nas ruas que dão para o mar
As pessoas se parecem…
Nesta em que estou a morar
Algumas nem se conhecem…
Mas no rosto de cada uma
Ou há um sol da alegria
Ou uma cinza de bruma
Até um ar de maresia…
Sonhos que levam seus peitos
Sinto-os sem os desnudar,
Suas ânsias, seus defeitos
Vou-me pondo a excogitar…
Mas de todos os passantes
Deste meu quotidiano
Um será de mareantes:
Parece um farrapo humano:
Traz no olhar um longo rio:
- São todas as suas mágoas? …
Traz no rosto um ríctus frio:
- São rota de suas águas? …
Antero Simões inUniversos de sol e mar
Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas Públicas do Concelho de Arganil.
Leia, porque ler é um prazer!
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