sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Divulgando o fundo local XV: Assim vivo!...

Assim vivo!... de António Mota

António Pires Fernandes Mota nasceu em Arganil a 8 de Agosto de 1927 e faleceu a 9 de Novembro de 1981, vítima de um acidente enquanto andava na caça, modalidade da qual era grande entusiasta. Trabalhou na “A Comarca de Arganil”, passou pela Mercantil e foi proprietário da mercearia “A favorita da Beira”.

António Mota tinha também o gosto pela palavra e pela poesia, tendo deixado como “herança” aos filhos o seu espólio poético, que foi entregue pela sua esposa Alzira Dias Cruz Pereira a José Ramos Mendes, que os reviu e fez publicar.

Assim em 1995 surgiu o livro Assim Vivo!... onde ao longo de 96 páginas se revela a sensibilidade apurada de António Mota enquanto poeta.

“Poeta da liberdade, a sua palavra ressoou por montes e vales de Arganil, animada pelo espírito guerreiro de quem não teme: «Escravo fui como vós na minha Pátria»!
Como poucos, António Mota soube e quis gritar que a liberdade é a condição primeira de um poeta e que por ela deve lutar até à morte.”1

(1) In Revista Arganilia nº 6/7


Por quem choram os teus olhos?

Oh, os teus olhos,
Que tonalidade têm?
São verdes, pretos, azuis,
Castanhos,
Cor do céu, do mar,
Ou das estrelas?
São olhos que olham nos olhos?
Há os que falam,
Os que riem,
Os que amam,
E os que sofrem!
Há olhos que vertem lágrimas de dor,
Outros que choram de amor!
Há olhos despertos na noite,
Outros fechados no dia,
Olhos que choram os mortos,
Olhos que choram de alegria!
Há olhos que choram por outros olhos,
Por quem choram os teus olhos?!

                             António Mota, 03.06.1978

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