quarta-feira, 17 de julho de 2013

José Jorge Letria - 40 anos de vida literária

Assinalam-se este ano os 40 anos de vida literária de José Jorge Letria.
Nascido em Cascais a 8 de Junho de 1951, José Jorge Letria publicou o seu primeiro livro em 1973 – Mágoas territoriais (poesia)
Estudou Direito, História e História de Arte na Universidade de Lisboa, sendo pós-graduado em Jornalismo Internacional e Mestre em “Estudos da Paz e da Guerra nas Novas Relações Internacionais” pela Universidade Autónoma de Lisboa.
Como escritor distingue-se na poesia, no conto, no teatro e, sobretudo, na literatura para a infância e juventude. É também conhecido como cantor-autor de intervenção na década de 70, jornalista e político dedicado à cultura, professor e dirigente associativo.
Das quase duas centenas de títulos que publicou, em cerca de 50 editoras diferentes, mais de metade são de literatura infanto-juvenil.
O essencial da sua obra poética encontra-se condensado nos dois volumes da antologia O fantasma da obra, publicados em 1994 e 2003.
É actualmente presidente da Direcção e do Conselho de Administração da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) e membro do Conselho Executivo do Conselho Internacional de Autores Dramáticos, Literários e Audiovisuais.
José Jorge Letria é o mais premiado escritor português da actualidade. 


(vídeo da autoria da Câmara Municipal de Cascais)

“Entrei pela porta de um livro e fechei-me lá dentro com as palavras acesas e as luzes apagadas. A minha mãe deu dez voltas à casa à minha procura. "Onde é que o miúdo se terá metido?" Com medo de ser encontrado, eu saltava das páginas pares para as ímpares e enrodilhava-me, feito bicho-de-conta, entre dois parêntesis ou, por ser muito magro, atrás de um ponto de exclamação.
Era a primeira vez na minha vida que eu me fechava dentro de um livro. Antes já me fechara dentro de um armário, na gaveta de uma cómoda, no sótão e na despensa. Agora, afoito e insensato, dava um passo de gigante no meu aventuroso destino de menino dos assombros, e escondia-me dentro de um livro, disposto a permanecer ali o tempo que fosse necessário até a minha mãe desistir de me procurar e até todos me darem definitiva e irremediavelmente como desaparecido.
O livro era agora o meu refúgio e a minha casa, uma casa onde tudo era imprevisível e estranho e onde as letras tinham espessura e cheiro como se fossem humanas. Confesso que me perdi lá dentro, como já antes me perdera no labirinto de esferovite do parque de diversões que animava os meses de Verão da minha terra.”

Excerto de A Mão Esquerda de Cervantes

Mais informação sobre o autor:


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