Sonhei, desde muito novo, com
bibliotecas: as que pudesse visitar e as que eu próprio viesse a possuir. As paredes
de uma sala, cobertas de estantes carregadas de livros, pareciam-me o suco da
barbatana, em matéria de decoração. Adorava ler livros e adorava ter livros. Aí
pelos meus 15 anos, tive finalmente a minha biblioteca, quando um generoso
amigo e colega do meu pai me ofereceu um belo acervo de cerca de cem livros e
uma pequena estante para lá os acomodar. Era pequena, mas boa: livros de
ficção. De história, de filosofia, de teatro, de poesia… de ciência. Fiquei deliciado
e não havia dia em que não lesse um pedacinho daquela excelente colecção. Os melhores
escritores do mundo, ali, em concentrado. Depois, aquela pequena biblioteca foi
crescendo, à medida que crescia o meu poder de compra. E foi também crescendo,
em desproporção do meu poder de ler tudo aquilo que comprava. Fui tendo, por
assim dizer, uma biblioteca em expansão, como são todas as verdadeiras
bibliotecas, e conheci, de caminho várias bibliotecas públicas e privadas, em
vários países.
As bibliotecas são, como se sabe,
bons lugares para consulta, leitura e empréstimo de livros (e, hoje em dia, de
livros em vários suportes, além de discos com música, DVD’s, etc.) mas as
bibliotecas não servem apenas para o ato nobre de ler ou consultar: têm outras
inesperadas serventias (…)”
Excerto do texto “Bibliotecas” de Eugénio Lisboa
in Jornal de Letras, Artes e Ideias nº 1224 (30.08.2017), p. 33
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