"Não há consenso quanto ao género. Novela ou um conto longo. O Alienista é um dos mais perfeitos exemplares do génio de Machado de Assis. Apesar de não ter o fôlego de romances como Memórias Póstumas de Brás Cubas ou Dom Casmurro, nem ser narrado na primeira pessoa, contém as marcas que fazem de Assis um dos maiores escritores da história da literatura. Ironia, atenção à mente humana, sátira moral e de costumes e uma refinada arte narrativa.
A acção de [o Alienista] decorre numa pequena cidade do interior do Brasil, Itaguaí, para onde foi viver Simão Bacamarte. Este dedicava a sua existência ao estudo, desviando-se de tudo o que pudessem ser distracções ao seu objectivo: o avanço da Ciência. Por isso, aos 40 anos, casou com uma mulher "não bonita nem simpática", D. Evarista da Costa e Mascarenhas, que "reunia condições fisiológicas e anatómicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista". A avaliação clínica revelou-se desastrosa, mas não impediu Simão Bacamarte de se empenhar na que considerava ser a mais elevada das missões de um médico: o estudo da saúde mental. Com a ironia como grande ferramenta, Assis serve nesta obra breve uma boa dose de inquietação, seduzindo o leitor do princípio ao fim numa teia sem mácula.
Fonte: Revista Visão nº 1265 (01.06.2017)
Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil.
Leia, porque ler é um prazer!
Sem comentários:
Enviar um comentário
O seu comentário é bem vindo! Partilhe as suas ideias sobre livros e escritores, tente seduzir alguém para o prazer de ler!