segunda-feira, 6 de julho de 2009

Livro do mês: "Paula" de Isabel Allende

Paula/ Isabel Allende
Porto: Público Comunicação Social, 2002

A autora:

Isabel Allende nasceu em Lima, no Peru, em 1942. Viveu no Chile e na Venezuela e em 1987 muda-se para a Califórnia. O seu primeiro romance é A casa dos espíritos publicado em 1982. Os seus livros estão traduzidos em mais de 30 idiomas e constituem um caso ímpar de sucesso. Muitos deles já foram adaptados ao cinema, teatro, ópera e ballet.

O livro:
Isabel Allende escreveu o livro ‘Paula’ entre Dezembro de 1991, altura em que a filha adoeceu gravemente, e Maio de 1992, tendo sido publicado pela primeira vez em 1994. Paula era portadora de porfíria, doença hereditária que recebeu através do pai, Miguel Frías, o primeiro marido da escritora. Ficou em coma durante um ano, acabando por falecer na casa da mãe e do padrasto na Califórnia, a 6 de Dezembro de 1992, com apenas 29 anos de idade.

“Ouve, Paula, vou contar-te uma história para que, quando acordares, não te sintas perdida”, são as palavras com as quais Isabel Allende inicia este romance, como se de um diálogo se tratasse. Ao longo do livro a história passa a ser mais do que uma mera história, as páginas que Isabel Allende redigiu transformaram-se numa lenta meditação sobre os seus progenitores, a sua infância, os desgostos, as crenças e até os seus métodos de trabalho, transformando esta obra num autêntico documento autobiográfico.

A estrutura, bem como a linguagem rica e acessível deste romance, envolvem o leitor de forma irremediável. É impossível, não nos deixarmos tocar pela dor e sofrimento de quem escreve, pela esperança de que Paula um dia desperte do seu coma profundo.

Excerto:

“Ficarás curada, filha? Vejo-te nessa cama, ligada a meia dúzia de tubos e sondas, incapaz sequer de respirar sem ajuda. Mal te reconheço, o teu corpo modificou-se e o teu cérebro está na sombra. Que passa pela tua mente? Fala-me da tua solidão e do teu medo, das visões distorcidas, da dor nos teus ossos que pesam como pedras, dessas silhuetas ameaçadoras que se inclinam sobre a tua cama, vozes, murmúrios, luzes, nada deve fazer sentido para ti; sei que ouves pois sobressaltas-te com o som de um instrumento metálico, mas não sei se entendes. Queres viver, Paula? Passaste a vida a tentar unir-te a Deus. Queres morrer? Talvez já tenhas começado a morrer. Que sentido têm agora os teus dias? Regressaste ao lugar do meu ventre, como o peixe que eras antes de nascer. Conto os dias e já são demasiados. Acorda, filha, por favor acorda…”

2 comentários:

  1. O livro me interressou mto comecei a ler ele e nao vejo a hora de terminar pra ver o final dessa historia emocinante.

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  2. Bem,estou lendo o livro bem devagar...pois passei por essa esperiência e como a autora vira a filha indo devagar,eu ao contrário presenciei uma despedida rápida da minha amada filha CRISTIANE de apenas 33 anos,que ficou em coma apenas 4 dias e tudo se foi...aconteceu em 02/11/2007.Me foi indicado pela minha psicóloga...

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