segunda-feira, 31 de julho de 2017

Tempo para a poesia XX

Algarve

Levo-te emoldurada na retina,
Terra que Portugal sonhou e sonha ainda,
Que imagina depois de conhecer.
Só na retina poderei reter
Um mar que é outro mar,
Um sol que é outro sol,
Gente que é outra gente,
E casas que parecem de repente
Albornozes de pedra.
Magias naturais como a paisagem
Aberta à luz do dia,
Sempre real e sempre uma miragem
Táctil e fugidia.

Miguel Torga in Poesia Completa
Lisboa: Dom Quixote, 2002

terça-feira, 25 de julho de 2017

Novidade na Biblioteca: Nos passos de Santo António de Gonçalo Cadilhe

Lisboa: Clube do Autor, 2016
Em Nos passos de Santo António Gonçalo Cadilhe refaz a grande viagem do Santo Português de Pádua que viajou durante dez anos numa época em que as estradas tinham desaparecido, o sistema cambial ainda não fora inventado, os idiomas não se traduziam em dicionários e os mapas não existiam.

Nesta obra Gonçalo Cadilhe transmite toda a atmosfera do início do século XII, como a Reconquista Cristã, o espírito das Cruzadas, a guerra civil entre o Papa e o Imperador e a amizade com São Francisco de Assis. O autor transmite-nos um olhar inédito sobre o santo português. É o olhar de um viajante que, oito séculos depois, reconstitui o itinerário fundamental da vida do santo recorrendo a várias fontes históricas e aos percursos consagrados na época.

Adaptado do Diário de Coimbra nº 29622 (24.07.2017), p. 12


Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil.

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segunda-feira, 24 de julho de 2017

Biblioterapia: como é que os livros curam?

A biblioterapia é geralmente tida como um método que utiliza a leitura como coadjuvante no tratamento de pessoas acometidas por alguma doença física ou mental. É aplicada como educação e reabilitação em indivíduos de diversas faixas etárias, e entre outros assenta no pressuposto de que a leitura é um processo dinâmico, sempre em alteração e movimento. Ou seja a leitura é susceptível de provocar a mudança. 

Embora ainda de forma embrionária, em Portugal esta forma de terapia complementar começa já a ganhar adeptos, como se pode ler no artigo "Biblioterapia como é que os livros curam?" de Catarina Lamelas Moura na edição online do jornal Público.

O aproveitamento da leitura para fins terapêuticos vem do tempo dos gregos e dos romanos. Ao longo da história, há relatos de médicos que utilizavam passagens da Bíblia para ajudar à cura e, ao longo do século XX, começaram a surgir os primeiros estudos nesta área. Um dos grandes impulsionadores da prática foi o filósofo Alain de Botton, que em conjunto com outros colegas, fundou, em 2008, The School of Life (...) Num dos vídeos do YouTube, que soma mais de 2,6 milhões de seguidores, é explicado em menos de cinco minutos por que é que a literatura é importante para o ser humano: “Dá-nos um leque de emoções e eventos que levaríamos anos, décadas, milénios, para sentir directamente.” Ou seja, é um “simulador de realidade” que nos permite de forma segura sentir na pele, por exemplo, como é passar por um divórcio, matar alguém e ter remorso e abandonar o emprego para fazer uma viagem à volta do mundo.
 Para saber mais sobre este assunto pode ainda consultar:

A leitura como tratamento: diversas aplicações da biblioterapia/ Geyse Maria Almeida
Biblioterapia: estado da questão/ Ana Cristina Abreu; Maria Ángeles Zulueta, Anabela Henriqes
A Historical Review of Bibliotherapy/ William K. Beatty
A leitura como função terapêutica/ Clarice Fortkamp Caldin

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quarta-feira, 19 de julho de 2017

Bicentenário da Morte de Jane Austen

Único retrato original de Jane Austen,
aguarela feita por Cassandra Austen, 1810.
Autora de clássicos como Orgulho e preconceito, Sensibilidade e Bom Senso e Emma, Jane Austen foi uma das mais importantes romancistas inglesas. Nasceu a 16 de Dezembro de 1775 e faleceu a 18 de Julho de 1817, celebrando-se este ano o bicentenário da sua morte.

O que há em Jane Austen que a mantém mais viva do que o foi no seu próprio tempo?
"Os enredos das seis obras-primas que deixara completas, aparentemente tão semelhantes entre si, poderiam ficar-se pela inóspita categoria de ‘literatura leve’, não fosse a complexidade verbal entre linhas, entre páginas, a análise fulgurante e intrincada das relações sociais e familiares, o retrato de tantas personagens inesquecíveis, tudo acompanhado pelo som da música dos bailes e das festas, amarfanhado nas pregas dos vestidos ou na poeira dos caminhos, atordoado nas deslocações pelas estradas de Inglaterra, no caos do tempo e das paixões, mas destinado a uma harmonia final e longamente desejada", escreve Helena Vasconcelos, crítica literária do PÚBLICO, grande conhecedora da obra de Jane Austen. É um excerto de Não Há Tantos Homens Ricos Como Mulheres Bonitas que os Mereçam (Quetzal, 2016), uma ficção/ensaio de Vasconcelos a partir da vida e da obra da autora que entrou no cânone com livros como Orgulho e Preconceito, Sensibilidade e Bom Senso, Emma ou Mansfield Park. 
Fonte: Público
Para saber mais sobre a escritora e a sua obra consulte:

Talento e ironia. Jane Austen, 200 anos depois por Maria João Marques - Observador
Jane Austen's facts and figures – in charts por Adam Frost, Jim Kynvin and Amy Watt - The Guardian

Aceda ao catálogo da Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil e veja quais os livros da autora que temos disponíveis para si.

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segunda-feira, 17 de julho de 2017

Sugestão de leitura: O homem domesticado de Nuno Gomes Garcia

Nuno Gomes Garcia, finalista do Prémio Leya 2015 com um romance histórico dotado de grande poder de fabulação, O Dia em que o sol se apagou, regressa com O Homem Domesticado, uma das raras distopias escritas por autor português. (...)
O Homem domesticado explora um futuro regido por um Estado Totalitário mas desenvolve-se no sentido do labirinto de complexos sentimentais e do tradicional esquema da intrigas policial (...)
Uma bela distopia de natureza policial - empolgante e enigmática como todos os romances policiais. 

Miguel Real in Jornal de letras nº 1220
E se a sobrevivência da humanidade dependesse da absoluta submissão do homem à mulher?

Desde o tempo em que Marine alcançou o poder, dando início a uma nova era, a sociedade foi-se progressivamente desumanizando: os conceitos de amor e de amizade deixaram de fazer sentido, os prazeres são malvistos e o sexo está proibido pelo novo regime totalitário, até porque a reprodução passou a ser padronizada e desenvolvida artificialmente em laboratórios. As mulheres tornaram-se senhoras do mundo e submeteram os homens à condição de escravos – machos domesticados que, vivendo no medo e na ignorância, lavam, cozinham, obedecem, calam, saem à rua cobertos da cabeça aos pés.

A cidadã Francine Bonne é aconselhada pelas autoridades a escolher um segundo marido, depois de Pierre ter sido considerado um peso morto; mas desconhece que, ao trazer para casa um macho que foge ao cânone e cuja origem está envolta em mistério, a sua vida e a de Pierre sofrerão uma absoluta transformação. A ponto de o regime se sentir abalado com a possibilidade de um suposto retrocesso civilizacional...

Amores proibidos, subversão, crime, reeducação coerciva – tudo se combina magnificamente neste romance a um tempo sensual e cerebral: uma distopia à maneira de 1984, de George Orwell, que reflete de forma lúcida e desafiante sobre as problemáticas que caracterizam a sociedade atual.

Fonte: www.leya.pt


Se gostou pode requisitar o livro na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil.

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quarta-feira, 12 de julho de 2017

Novidade na Biblioteca: A rainha Ginga de José Eduardo Agualusa

Personalidade originalíssima da história de África e do Mundo, ao mesmo tempo arcaica e de uma assombrosa modernidade a rainha Ginga tem fascinado gerações, desde o Marquês de Sade até as feministas afro-americanas dos nossos dias.

Através deste romance, José Eduardo Agualusa conta a história de uma relação de amor e de combate permanente entre Angola e Portugal, narrada por um padre pernambucano que atravessou o mar e recorda personagens maravilhosos e esquecidos da nossa história - tendo como elemento central a Rainha Ginga e o seu significado cultural, religioso, étnico e sexual para o mundo de hoje.

Leia aqui as primeiras páginas do livro.

Se gostou pode requisitar o livro na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil.

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quinta-feira, 6 de julho de 2017

Tempo para a poesia XIX

Letra de Fernando Araújo Muralha, música de Ferrer Trindade
In: A Comarca de Arganil nº 3639 (09.05.1950), p. 2

(clique sobre a imagem para aumentar)

terça-feira, 4 de julho de 2017

Novidade na Biblioteca: No país das últimas coisas de Paul Auster

Esta é a história de Anna Blume e da sua jornada em busca do irmão desaparecido numa cidade sem nome. Mas tal como a cidade, a sua tarefa está condenada. A cidade transformou-se num campo de batalha onde imperam a miséria, violência e a selvajaria. Todos procuram algo ou alguém que desapareceu. Todos lutam para suprir a fome: no sentido literal, uma vez que os alimentos são escassos; e fome também no sentido abstracto, pois os últimos resquícios de humanidade impelem os cidadãos a procurar o amor e a partilha de linguagem e significado. 

Através da solidão de Anna, Paul Auster conduz-nos a um mundo indeterminado e devastado no qual o eu desaparece entre os horrores a que o lento apagar da moral humana conduz. Não se trata apenas de um mundo imaginário e futurista - mas de um mundo que reflecte o nosso e, ao fazê-lo, lida com algumas das nossas mais sombrias heranças. Nesta visão apocalíptica de uma cidade despojada da sua humanidade, pulsa um inesquecível romance sobre a condição humana.

Fonte: contracapa do livro

"Quando caminhamos pelas ruas, prosseguiu ela, há uma coisa que temos de ter sempre bem presente: dar apenas um passo de cada vez. Caso contrário, a queda é inevitável. Os nossos olhos têm de estar constantemente abertos, apontados para cima, apontados para baixo, apontados para a frente, apontados para trás, atentos ao eventual aparecimento de outros corpos, sempre de sobreaviso contra o imprevisível. Chocar com alguém pode ser fatal. Quando duas pessoas chocam, desatam logo ao murro uma à outra. Ou então caem redondas no chão e não fazem nenhum esforço para se levantarem. Mais tarde ou mais cedo, surge um momento em que uma pessoa já não faz nenhum esforço para se levantar. É a dor imensa dos corpos, compreendes e para isso não há cura. E, aqui, o sofrimentos dos corpos é mais atroz do que em qualquer outro lugar."
Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil.

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