sexta-feira, 16 de julho de 2010

A sombra do que fomos


SEPÚLVEDA, Luís - A sombra do que fomos. 1ª ed. Porto : Porto Editora, 2009. 159, [1] p.. ISBN 978-972-0-04076-3

"Num velho armazém de um bairro popular de Santiago do Chile, três sexagenários esperam impacientes pela chegada de um quarto homem. Cacho Salinas, Lolo Garmendia e Lucho Arencíbia, antigos militantes de esquerda derrotados pelo golpe de Pinochet e condenados ao exílio, voltam a reunir-se trinta e cinco anos depois, convocados por Pedro Nolasco, um antigo camarada sob cujas ordens vão executar uma arrojada acção revolucionária. Mas quando Nolasco se dirige para o local do encontro é vítima de um golpe cego do destino e morre atingido por um gira-discos que insolitamente é lançado por uma janela, na sequência de uma desavença conjugal… "

"Prémio Primavera de romance 2009, A sombra do que fomos é um virtuoso exercício literário posto ao serviço de uma história carregada de memórias do exílio, de sonhos desfeitos e de ideais destruídos. Um romance escrito com o coração e o estômago, que comove o leitor, lhe arranca sorrisos e até gargalhadas, levando-o no fim a uma reflexão profunda sobre a vida."

(retirado da capa posterior da obra)

Luís Sepúlveda nasceu no Ovalle, no Chile em 1949. Toda a sua já extensa obra, se encontra traduzida para português.

Um livro que vale a pena ler e que pode encontrar na Biblioteca Municipal de Arganil.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A ilha debaixo do mar de Isabel Allende

ALLENDE, Isabel - A ilha debaixo do mar. Lisboa : Inapa, 2009. 511 p. ISBN 978-989-681-000-9

A ilha debaixo do mar da autoria de Isabel Allende é um belíssimo romance, numa linguagem simples e fluida que narra a história de Zarité, uma escrava que aos 9 anos, em finais do século XVIII, foi vendida a um rico fazendeiro, Toulouse Valmorian, da Ilha de Saint-Domingue.

Apesar da sua condição de escrava, Zarité nasceu sob o signo de uma “boa estrela”, não conheceu nem o esgotamento das plantações de cana-de-açúcar, nem a asfixia e o sofrimento dos moinhos, porque foi sempre uma escrava doméstica. Mesmo assim a sua vida não foi fácil, porém nunca desistiu de lutar, tendo conseguido alcançar o que mais ambicionava na vida: a liberdade.

O romance acompanha os 40 anos de vida de Teté, nome pelo qual Zarité é mais conhecida, e vai-nos dando conta da vida das pessoas com que ela se vai relacionando: o amo Valmorian, cuja cama foi forçada a partilhar, a sua frágil esposa espanhola, D. Eugénia, Maurice, filho único do casal, o médico Parmentier e Rosette, são alguns dos personagens que vão dando vida e ritmo a este romance, que é ao mesmo tempo o relato de um drama histórico em que se vai dando ao leitor uma perspectiva do que foi a escravidão no Caribe em finais do século XVIII.

Este é um romance que nos envolve do princípio ao fim. Como sempre acontece a escritora Isabel Allende consegue transportar o leitor para o interior da história e fazer com que este sinta as emoções das suas personagens, como se também ele fizesse parte daquelas vidas e cenários.

Um livro com uma bela história. Uma leitura a não perder.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Leituras Cruzadas

O blog Leituras Cruzadas atingiu hoje os 10 000 acessos (cerca de 670 por mês), desde que foi criado a 4 de Março de 2009. Utilizando as modernas ferramentas da comunicação, este blog serve o Projecto de Promoção de Leitura que a Biblioteca Municipal de Arganil – Miguel Torga vem desenvolvendo nos seus quase 14 anos de abertura ao público.
Tal como o nome indica, o Leituras Cruzadas procura transmitir, a quem o visita, diferentes olhares sobre a Leitura e as Leituras que o mundo de hoje proporciona.
Para todos os que nestes dezasseis meses nos têm visitado e lido os textos que vamos publicando, aqui fica o nosso obrigado.
Gostaríamos ainda de agradecer a colaboração de alguns leitores que quiseram participar com textos de sua autoria e assim enriquecer este trabalho.
A todos o nosso Bem-Haja

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Alberto Manguel em entrevista

No suplemento Ípsilon do Jornal Público de Sexta-feira pode ler-se uma interessante entrevista conduzida por Ana Gerschenfeld a Alberto Manguel, ensaísta, escritor de ficção, e acima de tudo, leitor.

Ao longo de 3 páginas num tom íntimo e informal Alberto Manguel reflecte sobre os livros e a leitura, as novas tecnologias e o ensino e manifesta a sua preocupação com a destruição do valor do acto intelectual.

Uma entrevista que recomendamos vivamente! Pode lê-la na nossa biblioteca ou aqui!

“Nem toda a gente é leitora, mas acho que, no fundo, é porque as circunstâncias fazem que não sejamos todos leitores. A possibilidade está em todos nós. O que quero dizer é que suponho que há pessoas que nunca se apaixonam, suponho que há pessoas que nunca viajam, suponho que há pessoas que não têm uma certa experiência do mundo. E da mesma maneira, existem muitas pessoas que não são leitoras. Mas a possibilidade está dentro de nós.” – Alberto Manguel

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O anibaleitor de Rui Zink

O Anibaleitor conta a história de um jovem que, fugido à "guarda do reino", embarca numa viagem em busca de um mítico e fabuloso animal, o Anibaleitor. Livro de aventuras, é acima de tudo livro da aventura da leitura."

É assim que nos é apresentada a obra de Rui Zink que não poderia ser descrita de melhor forma. Em todo o caso, para quem não conhece, ou conhece mal, a obra do autor importa fazer notar que O Anibaleitor, para além de metáfora para a leitura, serve como indagação sobre o que é a literatura.

Em rigor, há duas histórias a ser contadas, a de um jovem que embarca numa viagem e a de um autor que questiona a viagem que o levou à leitura e à escrita. Mas dentro dessas duas histórias há um sem número de outras histórias que vão sendo contadas, à maneira das bonecas russas. Afinal o que é a literatura se não um entrecuzar de outras leituras, interpretações do mundo que nos rodeia e nos habita? "Para o Anibaleitor, um livro era um encontro entre duas vozes: a nossa e a do livro." Por essa razão, a obra está carregada de alusões, umas mais directas que outras, a outros autores: "Por isso, leio. É mais autónomo. Dependo menos da bondade de estranhos, como diria Tenessee Williams."

Em resumo o livro de Rui Zink é um conjunto de metáforas, escrito em prosa simples, contudo carregado de densas reflexões sobre o significado da leitura e da literatura: "O livro, ao ser escrito, já deu um grande passo na nossa direcção: é uma dádiva. Cabe-nos agora a nós retribuir a gentileza e dar um passo na direcção do livro." Esta é a epígrafe perfeita, não só para este livro como para a própria leitura, livro esse que não desilude quem o lê como até exige uma certa releitura, pois perante a aparente simplicidade instala-se uma profunda e interessante reflexão sobre o modo como levamos a vida e apreendemos o mundo.

Boa leitura.

Texto da autoria de Henrique Jesus
(a Biblioteca Municipal Miguel Torga agradece a colaboração)


Biografia:

Rui Barreira Zink (Lisboa, 16 de Junho de 1961), escritor e professor universitário português.
É Professor Auxiliar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (desde 1997), onde se licenciou em Estudos Portugueses (1984) e obteve os graus de mestre em Cultura e Literatura Popular (1989) e de doutor em Literatura Portuguesa (1997). Foi igualmente Professor do Ensino Secundário (1983-1987), Leitor de Língua Portuguesa na Universidade de Michigan (1989-1990) e Professor Convidado na Universidade de Massachussetts Dartmouth (2009-2010).
Autor de vários livros, entre ensaios e ficção, salienta os romances Hotel Lusitano (1987), Apocalipse Nau (1966), O Suplente (1999) e Os Surfistas (2001), e os livros de contos A Realidade Agora a Cores (1988) e Homens-Aranhas (1994) e O Anibaleitor (2006). Colaborou em jornais e revistas, de que salienta o semanário O Independente (1991) e a revista K (1992). Fez tradução literária, de autores como Matt Groening, Saul Bellow e Richard Zenith.
Rui Zink recebeu o Prémio do P.E.N. Clube Português pelo romance Dávida Divina (2005), e representou o país em eventos como a Bienal de São Paulo, a Feira do Livro de Tóquio ou o Edimburgh Book Festival.

Sítio oficial do escritor: http://www.ruizink.com/


quinta-feira, 1 de julho de 2010

Livro do mês: As aventuras de Tom Sawyer

Para recordar Mark Twain no ano em que se assinala o centenário da sua morte.

TWAIN, Mark, pseud. - As Aventuras de Tom Sawyer. Porto : Público Comunicações Social SA, imp. 2004. 253 p. ISBN 84-9789-498-7

As Aventuras de Tom Sawyer, publicado originalmente em 1876, é a personificação do rapazinho que cada criança quer ser: livre, aventureiro, moral e inteligente. Nascido no coração do Sul, no Missouri, Tom parece-se com o seu autor, Samuel Clemens (o verdadeiro nome de Mark Twain), quando novo: um rapaz incapaz de viver na rotina, espirituoso e possuidor de um forte sentido do bem e do mal. Tom é órfão, vive com a sua tia Polly e com os seus primos e adora faltar à escola para ir pescar. A sua tia faz o melhor que pode, tentando domesticá-lo, ao arrastá-lo para a igreja e ao punir as suas rebeliões.

Em várias tropelias e aventuras, Tom e os seus amigos procuram tesouros em casas assombradas, escondem-se numa ilha deserta e anseiam ser piratas e ladrões. E quando Tom e Huck visitam à noite um cemitério, pois acreditam que tal passeio é uma cura milagrosa para as verrugas, e testemunham um assassinato, não têm outro remédio senão fugir de St. Petersburgo.

“Mark Twain viaja até ao universo infantil recriando as brincadeiras e as travessuras dos miúdos. Mas não se esquece de reencontrar, por outro lado, a beleza e a ingenuidade que só uma criança pode ter. E Tom Sawyer, tal como o seu amigo Huck Finn, encarnam na perfeição essa ingenuidade: tudo neles é puro e espontâneo. Dos sentimentos que transparecem das suas atitudes, sempre repletas de nobreza e humanidade, até às suas crenças e superstições, algumas delas simplesmente hilariantes, os dois miúdos transformam-se em seres humanos ideais: imperfeitos, mas com bom coração.
A preocupação de Twain em enaltecer o que há de bom e puro no ser humano, isto é, nas crianças que ainda conservam na sua essência a bondade e a generosidade como valores maiores, de forma espontânea, é notória ao longo da obra.”

Diego Armes dos Santos in Guia de leitura.
Colecção geração público. Público: Porto, cop. 2004


Mark Twain é o pseudónimo literário de Samuel Langhorne Clemens (1835-1910), popular autor americano e jornalista famoso pelo seu humor. Foi tipógrafo e piloto de barcos a vapor no Mississípi durante a guerra civil americana. Escreveu livros de viagens e celebrizou-se com as obras As Aventuras de Tom Sawyer e As Aventuras de Huckleberry Finn.