quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Nobel da Literatura 2010



Mário Vargas Llosa

Nasceu a 28 de Março de 1936, em Arequipa, no Peru tendo-se naturalizado espanhol em 1993. Ao longo da sua vida tem exercido actividades como jornalista e político, mas é como romancista, dramaturgo e ensaísta que Vargas Llosa alcançou renome internacional.
Considerado um dos maiores nomes da literatura em língua espanhola, Mário Vargas Llosa já escreveu mais de 30 romances, peças de teatro e ensaios.

Ao longo da sua carreira, Mario Vargas Llosa tem recebido inúmeros prémios e condecorações, de que destacamos: Prémio Biblioteca Breve, que lhe foi atribuído pelo romance “Batismo de Fogo”, em 1963 e que marca o início da sua brilhante carreira literária internacional; Prémio Rómulo Gallegos (1967) e Prémio Cervantes (1994), para além do Prémio Nacional de Novela do Peru em 1967, pelo seu romance “A Casa Verde”; Prémio Príncipe das Astúrias de Letras Espanha (1986) e Prémio da Paz de Autores da Alemanha, concedido na Feira do Livro de Frankfurt (1997). Em 1993 foi-lhe concedido o Prémio Planeta pelo seu romance “Lituma nos Andes”.

É membro da Academia Peruana de Línguas desde 1977, e da Real Academia Espanhola desde 1994. De entre os muitos doutoramentos honoris causa atribuídos pelas Universidades da Europa, América e Ásia importa referir os concedidos pelas: Universidades de Yale (1994), Universidade de Israel (1998), Harvard (1999), Universidade de Lima (2001), Oxford (2003), Universidade Europeia de Madrid (2005) e Sorbonne Paris (2005).
Em 1985 foi condecorado pelo Governo Francês com a Medalha de honra.

Este ano foi agraciado com o Nobel da Literatura, prémio que lhe foi atribuído pela “cartografia de estruturas de poder e pelas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual” presentes nos seus livros.

A Biblioteca Municipal de Arganil orgulha-se de ter no seu fundo documental algumas das obras deste autor, como:

- Conversa na catedral. 1ª ed. Dom Quixote, 1993. 461, [1] p.
- A tia Julia e o escrevedor. 1ª ed. Dom Quixote, 1988. 340 p.
- Quem matou Palomino Molero?. 1ª ed. Dom Quixote, 1988. 182 p.
- Pantaleão e as visitadoras. Europa-América, 1975. 224, [3] p.
- O falador. 1ª ed. Dom Quixote, 1989. 188 p.
- A cidade e os cães. Europa-América, D.L.1988. 301 p.
- A guerra do fim do mundo. Bertrand, imp. 1984. 647 p.
- Os Cachorros ; Os Chefes. Bertrand, imp. 1976. 158, [6] p.
- Os cadernos de Dom Rigoberto. (Sic) idea y creación, 2009. 259 p.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Até onde se pode ir?

Até onde se pode ir/ David Lodge
Porto: Asa, 2006

David Lodge, escritor britânico, é considerado como um dos mais relevantes autores da moderna literatura inglesa. Autor de uma vasta obra, é conhecido pelo seu tom simultaneamente crítico e humorístico, de forma sagaz usa a sátira para analisar aspectos relevantes da vida.

“Até onde se pode ir” é um bom exemplo disso. É um romance em que o narrador nos dá a conhecer o percurso de um grupo de amigos desde os tempos da universidade até ao casamento e a meia-idade, e analisa o impacto que a doutrina católica teve na vida de cada um. São 9 estudantes que seguindo os ensinamentos da Igreja levam uma vida quase monástica, não por se reverem exactamente nessa forma de estar, mas sim com medo do pecado e das suas consequências.

A narrativa inicia-se na década de 50, altura em que a igreja condenava fortemente qualquer tipo de contracepção e apenas o método das temperaturas era tolerado. Na prática este método revelava-se complicado e era pouco eficaz. Os casais ou se sujeitavam a ter filhos não desejados/ planeados ou podiam optar por não respeitar os ensinamentos da igreja. Este dilema é o tema central do livro.

Na década de 60 e 70 as mentalidades tornam-se muito mais abertas, dá-se a invenção da pílula, e começa a ser cada vez mais visível o confronto entre uma sociedade cada vez mais permissiva e a tradicionalista Igreja Católica. Inicia-se nesta época para cada um dos outrora virtuosos jovens um jogo de desafios morais em que frequentemente surge a questão “Até onde se pode ir?”

Dennis, Michael, Ruth, Miles, e os restantes personagens que dão corpo a este romance, cada um à sua maneira vão encontrando ao longo do seu percurso a melhor forma de conseguirem estar em paz com as suas consciências.

Embora a temática possa já ser pouco actual, este é um livro que resume com perspicácia um grande dilema moral.

“Muitas coisas mudaram – as atitudes em relação à autoridade, ao sexo, ao culto, aos outros cristãos, a outras religiões. Mas talvez a mudança fundamental seja aquela de que a maioria dos católicos nem tem consciência. É o desvanecer da metafísica católica tradicional – essa síntese maravilhosamente complexa e inventiva da teologia, cosmologia e casuística, que situava as almas individuais numa espécie de Snakes and Ladders espiritual, as motivava com doses iguais de esperança e medo e lhes prometia, caso perseverassem no jogo, a recompensa eterna.”

Leia porque ler é um prazer!
Quem gosta de ler encontra sempre um tempinho para o fazer