quinta-feira, 31 de março de 2016

Novidade na Biblioteca: Perto do paraíso de Judith McNaught


Alfragide: ASA, 2015
Lady Elizabeth Cameron, condessa de Havenhurst, tem apenas 17 anos quando conhece Ian Thornton, um enigmático homem de linhagem misteriosa e reputação sombria. Numa época em que a alta sociedade adora escândalos e valoriza títulos e dinheiro acima de tudo, Elizabeth e Ian cometem o erro de se apaixonarem.
Ian não sabe que a jovem pertence à nobreza e pede-a singelamente em casamento. Um momento de intimidade que é testemunhado por Robert, irmão de Elizabeth. Desdenhoso, Robert revela que a irmã já está prometida a outro homem, um aristocrata, como manda a tradição. Ian fica destroçado perante a ideia de ter sido um mero objeto para a sua amada. Também Elizabeth se sente traída, ao pensar que ele não passa, afinal, de um caçador de fortunas. Mas a sua reputação já está irremediavelmente manchada.
Dois anos passam e os amantes voltam a encontrar-se. E mesmo após tanto tempo e tanta mágoa, os seus sentimentos revelam ser tão fortes como antes. Esta que promete ser uma segunda oportunidade para ambos será também o começo de uma dança de paixão e intriga, um caminho tortuoso desde os salões elegantes de Londres à beleza agreste das Terras Altas da Escócia… Um turbulento romance entre duas pessoas destinadas a ficar juntas, numa época em que o casamento nada tem a ver com amor.

Livro disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil.

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terça-feira, 29 de março de 2016

Elogio da Loucura de Erasmo


XVII – Mas o homem, nascido para administrar as coisas, deveria receber um pouco mais do que uma onça de razão. Júpiter consultou-me a este respeito, e dei-lhe um conselho digno de mim: o unir a mulher ao varão. A mulher é um animal louco como nenhum, inepto, ridículo e delicioso que no convívio doméstico atenuaria a tristeza do engenho viril com a loucura feminina. E claro que, quando Platão parece hesitar em incluir a mulher entre os animais racionais, nada mais pretende do que indicar a loucura insigne desse sexo. Quando por acaso uma mulher quer passar por sábia, não faz mais do que dizer que é duas vezes louca. Ninguém vai ungir um boi para a palestra, nem Minerva o consentiria. Não procedamos, pois contra a natureza; o vício fica agravado quando dissimulado de virtude, por maior que seja o engenho. É bem justo o provérbio grego: um macaco é sempre um macaco, ainda que vestido de púrpura. Assim também a mulher é sempre mulher, quero dizer sempre louca, ainda que ponha uma máscara.

As mulheres não me podem levar a mal que lhes atribua a loucura, porque eu também sou, além de mulher, a própria Estultícia. Vendo bem as coisas, devem ser gratas à Estultícia que lhes permite serem mais felizes do que os varões. Têm a graça de formosura, mérito que antepõe a todas as coisas, e que lhes serve para tiranizarem os próprios tiranos. O varão tem formas rudes, a cútis Híspida, a barba selvagem, e tudo isto o envelhece embora signifique sabedoria; as mulheres, com as faces sempre macias, a voz sempre doce, a pele sempre lisa, têm a seu favor os atributos da Juvência perpétua. Por que optam elas nesta vida, senão por agradar da melhor maneira aos varões? Não é essa a razão de tantos cuidados, enfeites, banhos, perfumes, penteados, cosméticos, cremes, pinturas, de tanta arte no embelezamento do rosto e dos olhos? Não é a Loucura da deusa que lhes entrega da melhor maneira os varões submissos? Que é que eles não prometem às mulheres, e que é que eles não lhes permitem? E tudo isto em troca de quê, se não da voluptuosidade? Quem permite todas estas delícias é a estultícia. Basta reparar na figura que o varão faz, e nas tolices que diz à mulher quando pretende obter a volúpia que ela concede.

Sabeis agora qual é o primeiro e o principal prazer da vida, e de que fonte decorre. 

Erasmo In Elogio da Loucura

Erasmo de Roterdão ou Desidério Erasmo (nome literário adotado por Geert Geerts – Roterdão ou Gouda, Holanda, 28 de outubro de 1466/7 ou 69; Basiléia, Suíça, 12 de julho de 1536) foi um humanista e filósofo holandês famoso pelo seu amplo conhecimento dos mais diversos assuntos ligados ao conhecimento humano, além de um dos maiores críticos do dogma católico romano e da imoralidade do clero.


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segunda-feira, 28 de março de 2016

Novidade na Biblioteca: Toda a luz que não podemos ver de Anthony Doerr

Barcarena: Presença, 2015
Marie-Laure é uma jovem cega que vive com o pai, o encarregado das chaves do Museu Nacional de História Natural em Paris. Quando as tropas de Hitler ocupam a França, pai e filha refugiam-se na cidade fortificada de Saint-Malo, levando com eles uma joia valiosíssima do museu, que carrega uma maldição.

Werner Pfenning é um órfão alemão com um fascínio por rádios, talento que não passou despercebido à temida escola militar da Juventude Hitleriana. Seguindo o exército alemão por uma Europa em guerra, Werner chega a Saint-Malo na véspera do Dia D, onde, inevitavelmente, o seu destino se cruza com o de Marie-Laure, numa comovente combinação de amizade, inocência e humanidade num tempo de ódio e de trevas.


Siga o link para saber mais sobre o autor e sobre o livro!

Livro disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil.

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sexta-feira, 18 de março de 2016

Anunciando a chegada da Primavera com poesia (V)

Primavera

É primavera agora, meu Amor!
O campo despe a veste de estamenha;
Não há árvore nenhuma que não tenha
O coração aberto, todo em flor!

Ah! Deixa-te vogar, calmo, ao sabor
Da vida… não há bem que nos não venha
Dum mal que o nosso orgulho em vão desdenha!
Não há bem que não possa ser melhor!

Também despi meu triste burel pardo,
E agora cheiro a rosmaninho e a nardo
E ando agora tonta, à tua espera…

Pus rosas cor-de-rosa em meus cabelos…
Parecem um rosal! Vem desprendê-los!

Meu Amor, meu Amor, é Primavera!...

Florbela Espanca in Poesia 1918-1930

quinta-feira, 17 de março de 2016

Anunciando a chegada da Primavera com poesia (IV)

(Lisboa: Editora LG, 1998)

Primavera

Olha o Sol que meigo está!
E como beija as olaias
Quem parecem tuas aias,
Esperando que saias de casa!...

Aquece; mas não abrasa…
E faz sair dos abrigos
Aves e insectos. E os trigos
Como são verdes e riem!

A serra até se espreguiça;
E abre os braços ao sol!
- Tocaram sinos à missa –
Mas o céu é manso e mole;
Pra que os pastores assobiem
E se oiçam na distância…

… Olho teu rosto; a infância
Dos teus olhos me sorri
E a tua boca seduz…

Primavera!
Primavera!...

Como nos beija esta Luz!

                                             Francisco Bugalho in Poesia

quarta-feira, 16 de março de 2016

Anunciando a chegada da Primavera com poesia (III)

Ode Primavera

Em Março surge a leda madrugada
do advento solar da Primavera,
bênção do Sol à Terra despertada
depois do frio Inverno que lhe dera

Bênção do Sol à Terra Mãe vestida
de múltiplos floridos e verdura,
noiva eterna no altar da vida
num amoroso ciclo que perdura

Beijos de luz o Sol à Terra envia
através dos seus raios fecundantes,
que transformam a térrea face fria
em pomar de promessas deslumbrantes!

Oh luzes da manhã abençoada
P’la Primavera que nos dá esp’rança,
uma esp’rança bela, renovada,
que nos envolve o riso de criança
e nos perfuma a alma serenada,
quer tenhamos ou não a confiança!

Como a noite que volve madrugada,
de nós morremos
e renascemos
em cada despontar da alvorada
e novo sonho,
belo, risonho,
nos devolve a esp’rança foragida,
que por encanto,
num meigo canto,
nos reanima a alma para a vida!

Só o corpo, que morre, envelhece
e nos adunca,
mas não, ou nunca,
a nossa alma quando se engrandece
com infinito
Amor convicto!

Oh luzes da manhã abençoada
p’la Primavera que nos dá esp’rança,
uma esp’rança bela, renovada,
que nos devolve o riso de criança
e nos perfuma a alma serenada,
quer tenhamos ou não a confiança!

Vieira de Barros in Este Sol que nos aquece

terça-feira, 15 de março de 2016

Anunciando a chegada da Primavera com poesia (II)

Equinócio da Primavera

Da noite a aragem, tépida refrescando vem
surpreender as luzes, que interiores, se apagam
lentamente, uma após outra, como em madrugada
ao longe as luzes de outra margem – rio
descido pelas águas tenuemente crespas,
sombras passando, e escorre matutina,
ainda sem brilho, a vibração das águas,
enquanto rósea apenas de uma aurora ausente
a crista das montanhas reverdece.

Por sobre a plácida e pensante aragem física
das violações diurnas, de amarguras,
vilezas vistas e traições sonhadas,
notícias de jornal e desafios,
guerra eminente ou, mais que dolorosa,
cravada nas imagens de uma paz sombria,
perpassa a noite véus de primavera,
glicínias que amanhã estarão floridas,
e folhas verdes, muito frágeis, tenras,
e o azular-se o mar, o distanciar-se o céu
na crua luz que juvenis sorrisos,
traços ligeiros de alegria funda,
devora lentamente, e as rugas ficam..
– ao longe as luzes de outra margem, rio
onde a noite se esconde até à morte.

Jorge de Sena in Poesia - I

segunda-feira, 14 de março de 2016

Anunciando a chegada da Primavera com poesia (I)


Soneto da Primavera

Nos bosques, nas florestas, na devesa
A Primavera esbanja a luz gloriosa,
Que cintila por toda a Natureza
E a alaga em ondas de maré radiosa.

Rejubilam as águas da repesa,
Em amena cantiga descuidosa,
E os jardins engrinaldam-se em beleza,
Numa ressurreição maravilhosa.

Exultação do Sol omnipotente
E criador do verme e da semente,
Espírito imortal do verbo ser.

E dos astros à mais rasteira planta,
Tudo num esto de alegria canta,
Numa ansiedade imensa de viver.

Afonso de Castro in Antologia Poética

quinta-feira, 10 de março de 2016

Sugestão de leitura: A casa do pó de Fernando Campos

Um homem que desconhece a sua ascendência e origem. Só um medalhão que traz ao peito desde sempre o pode levar a descobrir quem é. Um enigma humano e verdadeiro passado em Portugal no século XVI.

Romance histórico nas rigorosas reconstituições factuais e locais, no recorte de muitas das figuras que atravessam a cena; ficção na intriga e no delineamento de personagens inteiramente criadas ou apenas recriadas, A Casa do Pó tem como pano de fundo um drama ocorrido em Portugal no séc. XVI protagonizado por membros da mais alta nobreza das cortes de D. Manuel I e D. João III.

Drama envolto em mistério, teve o condão de apaixonar a opinião pública da época e de inflamar a pena de escritores coevos ou posteriores. A Casa do Pó lança sobre os factos uma curiosa hipótese que, não podendo ser mais do que isso à míngua de documentos, é verosímil, hábil e logicamente tecida.

A acção estende-se por Portugal, Espanha e toda a bacia mediterrânica dominada por Venezianos e Turcos, até à Palestina e nela se sucedem episódios cheios de lirismo, de crueldade e de aventura.

Um humor delicado e uma boa dose de «suspense» à maneira dos bons policiais são outras marcas do texto. Mas o autor, ele mesmo o escreve em nota final, não pretendeu apenas fazer uma mera «incursão pelo chamado romance histórico. O que aí está são velhos problemas da humanidade que, vindos de há séculos, ainda hoje persistem nos mesmos cenários e saltam para outros mais alargados e vastos.»

Fonte: Badana do livro


Uma sugestão de leitura dos:

O AUTOR: Fernando Campos nasceu em 1924, em Águas Santas, concelho da Maia, nos arredores do Porto. Estudou em Coimbra onde se licenciou em Filologia Clássica e foi professor no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa. Para além de algumas obras didácticas e pequenas monografias de investigação etimológica e literária, é autor do romance histórico "A Casa do Pó", a sua primeira obra de fôlego a ser publicada e que o colocou entre os grandes escritores portugueses, a que se seguiram "Psiché", "O Homem da Máquina de Escrever","O pesadelo de Deus", "A Esmeralda Partida" (Prémio Eça de Queirós - 1995), "A Sala das Perguntas", "Viagem ao Ponto de Fuga", a "Ponte dos Suspiros" e "…que o meu pé prende…".
Algumas das suas obras estão traduzidas em França, Alemanha e Itália.


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terça-feira, 8 de março de 2016

Livro do mês: Um longo regresso a casa de Gail Caldwell

«Esta é uma velha história: eu tinha uma amiga com quem partilhava tudo, até que ela morreu e também isso nós partilhámos. Um ano depois de ela ter partido, quando eu julgava já ter ultrapassado a loucura daquele sofrimento inicial, caminhava no parque de Cambridge onde durante anos Caroline e eu passeámos os cães. Era uma tarde de inverno e o local estava vazio - a estrada fazia uma curva, não havia ninguém à minha frente nem atrás de mim e eu senti uma desolação tão grande que, por momentos, os meus joelhos ficaram imóveis. "O que estou aqui a fazer?", perguntei-lhe em voz alta, habituada agora a conversar com uma melhor amiga morta. "Devo seguir em frente?"»

Um longo regresso a casa, escrito em tom intimista, traz-nos uma comovente história real, vivida pela própria autora, sobre o sofrimento e a dor, e como estes podem ser ultrapassados com a força da amizade e do amor.


Livro disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil.

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