terça-feira, 22 de junho de 2010

Verão, leitura e passeios!

O verão chegou em toda a sua plenitude. Os dias longos e solarengos aí estão e as férias aproximam-se a passos largos convidando a passeios e à descoberta de novos sítios e recantos.

Para tal nem sempre é preciso ir muito longe. Basta usar da imaginação! E já agora, porque não recorrer à literatura para estabelecer um belo e agradável itinerário de descoberta cultural e artística pelo concelho de Arganil?

Pesquisamos o nosso fundo local e propomos a leitura de três obras para a partir delas estabelecer percursos pelo nosso concelho:

Roteiro Cultural do Centro Histórico de Arganil

Escrito por Amândio Galvão, com ilustrações de Carlos Dias, este roteiro propõe um passeio cultural pelo centro histórico de Arganil. A partir da toponímia do centro da vila, os autores conseguiram evocar e resumidamente biografar figuras de referência no meio arganilense e revelar como, por quê e por quem surgiram certos monumentos e alguns edifícios mais relevantes.

Ruas de Coja: traçado e toponímia

Da autoria de Nuno Mata, esta obra, pretende relembrar “nomes e figuras que fizeram história na Princesa do Alva e que, por mérito próprio, se encontram eternizadas em placas toponímicas.”

Arganil

A obra Arganil da autoria de Regina Anacleto, inserida na colecção “Cidades e Vilas de Portugal” da editorial Presença, contém um levantamento rigoroso dos mais emblemáticos monumentos do concelho de Arganil e da sua história. A sua leitura é um bom ponto de partida para a organização de um passeio pelo concelho.

Estas e outras obras sobre o concelho estão à sua disposição na Biblioteca Municipal de Arganil. Poderá consultar o nosso catálogo do Fundo local através do nosso sítio: http://www.bib-arganil.org/

Desejamos a todos os nossos leitores um agradável verão, umas boas férias e aprazíveis passeios!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Horas extraordinárias

Da autoria de Maria do Rosário Pedreira, editora e escritora, “nasceu” recentemente um novo blogue na Blogosfera, chamado “Horas extraordinárias: as horas que passamos a ler”

Como a própria autora afirma no post inaugural, decidiu criar este blog por achar que “podia ser uma forma simpática e eficaz de estar com aqueles com quem tenho mais afinidades e que são – amigos ou não – os que gostam de ler.”

Este é um blog que recomendamos e que vale a pena visitar.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Hino escolar de Pombeiro

Hino escolar de Pombeiro
Autor: Visconde de Sanches de Frias

O cego no mar da vida
Boiando sem norte e luz,
É barco desgovernado,
Cujo rumo não seduz.

Aqui tomba, ali tropeça
Nos antros da escuridão.
Sem amparo nem arrimo
Cai de baldão em baldão.

Pois, assim como há no corpo
Cegueira que é grande mal,
Há no ser de muita gente
Doença intelectual!

Um cérebro que é fechado
Da leitura ao esplendor,
É o cérebro de um cego
Membro frio sem calor.

O ignorante, que à Escola
A juventude furtou,
É cego do entendimento
É batel que naufragou.

Viva pois o sol da vida,
Que se traduz na lição
- viva a luz da inteligência!
Viva o farol da instrução.

In: A Comarca de Arganil nº 616 de 23 de Janeiro de 1913

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Recordando Luís de Camões

Assinalou-se ontem o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Como tal aproveitamos para recordar o grande Poeta Luís de Camões através das palavras de alguns escritores portugueses:

Poema a Luís de Camões

Desde as fartas ribeiras do Mondego,
desde a Fonte das Lágrimas, que na bela Coimbra,
as rosas de cem folhas embalsamam,
do Minho atravessando as águas mansas
em misteriosas asas,
de Inês de Castro, a dona mais garrida,
e a mais doce e mais triste enamorada,
do grão Camões que imortal a fez
cantando as suas desgraças,
de quando em quando a acarinhar-nos vêm
eu não sei que saudades e lembranças.

Lá deu seu fruto a planta abençoada
com sem igual pujança.
Daqui o germen saiu, sabe-o Lantanho
e a sua torre dos tempos afrontada.
Talvez por isso - ó desditosos - sempre
convosco foi o germen da desgraça:
Tu, pobre dona Inês, mártir do amor
e tu Camões da inveja empeçonhada.
Pesam dos génios na existência dura
Tanto a fama e as glórias quanto as lágrimas.

A que cantaste em peregrinos versos,
morreu baixo o poder de mãos tiranas.
Tu acabaste olvidado e na miséria
e hoje és glória da altiva Lusitânia,
ó poeta imortal, em cujas veias
nobre sangue galego fermentava!

Esta lembrança doce,
envolta numa lágrima,
manda-te desde a terra
onde os teus foram nados
uma alma dos teus versos namorada

Rosalía de Castro in Antologia Poética
Lisboa: Guimarães Editores, 1985

Clique para ler:
Poema a Luís de Camões de José Saramago
Camões de Miguel Torga

terça-feira, 8 de junho de 2010

Eu sou a Charlotte Simmons de Tom Wolfe

WOLFE, Tom - Eu sou a Charlotte Simmons. 1ª ed. Alfragide : Dom Quixote, 2009. 655 p. ISBN 978-972-20-3137-0

Charlotte Simmons é uma jovem com futuro promissor, oriunda de uma pequena cidade da Carolina do Norte, onde se destacou pelo seu excelente aproveitamento escolar e por ser a primeira rapariga a conseguir uma bolsa de estudo para a conceituada Universidade de Dupont.

Depois das férias de Verão, Charlotte parte cheia de esperança para a Universidade, esperando, como a sua professora Miss Pennington havia antecipado, encontrar um mundo intelectual e culturalmente estimulante. Mas logo no primeiro dia é confrontada com um ambiente muito diferente do que aquele com que tinha sonhado: os estudantes organizavam-se em grupos, as festas a altas horas, abundantemente regadas com álcool, e as aventuras amorosas eram uma constante. O estudo parecia algo que para a maioria dos estudantes ficava em segundo plano.

Desde o dia da sua chegada àquele novo mundo Charlotte trava uma dura batalha para se conseguir integrar e combater a solidão com que é confrontada, mantendo a sua própria identidade.

Charlotte tenta manter-se fiel a si mesma e aos seus princípios, mas acaba por se deixar envolver com um rapaz de uma fraternidade dita “cool” e só tarde demais se apercebe que os seus sentimentos não são correspondidos. Para Hoyt ela não passara de uma aventura de uma noite só. Obcecada pela fracassada relação, Charlotte descura os estudos e entra numa depressão, sentindo cada vez mais o peso da solidão. Felizmente pode contar com a ajuda de Adam, um estudante finalista pertencente a um grupo de intelectuais combatentes do sistema corrupto e de injustiças que reinavam no meio universitário, e aos poucos Charlotte conseguiu reerguer-se do desespero em que tinha mergulhado.

Eu sou a Charlotte Simmons é uma obra densa, que se centra numa realidade tipicamente americana. Através de um conjunto de personagens que ao longo da obra se vão tornando cada vez mais reais, o autor Tom Wolfe, faz um retrato muito realista da vida nas universidades, desenhando com precisão a frivolidade da juventude da actual sociedade americana.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Livro do Mês: Concerto no fim da viagem

HANSEN, Erik Fosnes - Concerto no fim da viagem. 1ª ed. Lisboa : Presença, 1996. 434 p. ISBN 972-23-2106-4

No dia 10 de Abril de 1912, o Titanic, o maior navio de passageiros de todos os tempos, inicia a sua viagem inaugural, partindo da Inglaterra com destino a Nova York. A bordo, mais de 1500 pessoas. Cinco dias depois embate num icebergue e afunda em alto-mar. Nenhum sobrevivente.

A narrativa de Erik Fosnes Hansen é um mosaico da Europa ainda intocada pelas guerras mundiais. Banqueiros e industriais gozam o luxo da primeira classe e emigrantes aglomerados no fundo do navio sonham esperançosamente com o Novo Mundo enquanto a orquestra toca valsas - até ao último minuto. Os sonhos são muitos nesse pequeno mundo flutuante, mas o destino é um só.

A história do Titanic é a história de uma ilusão. A esse pano de fundo autêntico, o autor acrescenta a narração da vida de personagens fictícias: os músicos. Vindos de lugares diferentes da Europa anterior à guerra, tais como Londres, Paris ou Viena, os músicos deleitam os passageiros da primeira classe e vão tocando o seu reportório para minorar os efeitos do pânico, até que o navio é engolido pelas águas geladas.

“Tocou três vezes o apito a vapor, três fortes sons triplos que ecoaram para terra.
Tinham largado as amarras e recolhidos os cabos de reboque. Três pequenos rebocadores, fortes como gigantes, começaram devagar a puxar o navio para o canal de navegação.
Partida. Na ponte estava o piloto, juntamente com o capitão. A multidão junto ao edifício do terminal acenava e todos os conveses estavam escurecidos por pessoas que acenavam com cachecóis e lenços, e que gritavam e vibravam o tempo todo."


O Autor:

Erik Fosnes Hansen nasceu em 1965, em Nova York, e foi criado na Noruega. Viveu dez anos na Itália e actualmente mora em Oslo com a família. Publicou o seu primeiro romance, Falketårnet (The Falcon Tower), em 1985 e em 1990 publicou Concerto para a Última viagem, que obteve grande sucesso em toda a Europa.
Erik Fosnes é membro da Academia Norueguesa de Linguagem e Literatura e foi galardoado com o prémio de Literatura da Sociedade Riksmål em 1990.