sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Boas festas!

Gravura de Natal

Gravura de Natal

Olhai a gravura que um prego sustém
Na escura parede da casa aldeã:
Menino tão lindo só Este, em Belém,
Ao colo da Rosa da Eterna Manhã.

Em torno se curvam os reis e os pastores:
Oferecem-Lhe humildes e ricos presentes!
Os anjos Lhe entoam celestes louvores!
Por coroa, um rebanho de estrelas cadentes!

Em tosca peanha de pinho, uma vela
Acende as cores mansas da ingénua gravura.
E a jarra de alegre faiança amarela
É festa de aromas de flores e verdura.

Diante da estampa sagrada, uma prece
Estreita as mãozitas há pouco em labor.
Jesus pequenino, olhai, que parece
Lançar-lhes a bênção da paz e do amor.

(São dadas as doze horas na torre do sino:
Os flocos de neve são flocos de lã.
Nasceu, num presépio, o filho Divino
Do ventre da Rosa da Eterna Manhã!)

António Manuel Couto Viana
in: Uma vez uma voz
 
Nota: O livro Uma vez uma voz de António Manuel Couto Viana está disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Inverno

Inverno

A neve cai. As aves emudecem.
Um vento glacial rasa a campina.
Tua mão branca e perfumada e fina
Traz-me as rosas que ao vento se estremecem.

A chuva canta. Os anjos desfalecem.
Junto da praia o mar geme em surdina.
Na tua voz vibrante e cristalina
As notas de alegria empalidecem.

A lenha no fogão crepita e arde
E um galgo branco, neste fim de tarde,
Vai sonolento e enrosca-se a teus pés…

Olho os teus olhos fundos e entristeço.
Eu sou o Inverno, Amor, e não mereço
A Primavera linda que tu és!

Américo Durão
In: Poesias Completas

O livro Poesias Completas de Américo Durão está disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O Natal está quase aí...

Natal

Um anjo imaginado,
Um anjo dialéctico, actual,
Ergueu a mão e disse: - É noite de Natal,
Paz à imaginação!
E todo o ritual
Que antecede o milagre habitual
Perdeu a exaltação.

Em vez de excelsos hinos de confiança
No mistério divino,
E de mirra, e de incenso e oiro
Derramados
No presépio vazio,
Duas perguntas brancas, regeladas
Como a neve que cai,
E breves como o vento
Que entra por uma fresta, quezilento,
Redemoinha e sai:

À volta da lareira
Quantas almas se aquecem
Fraternamente?
Quantas desejam que o Menino venha
Ouvir humanamente
O lancinante crepitar da lenha?

Miguel Torga
S. Martinho de Anta, 24 de Dezembro de 1962
In: Poesia Completa

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Attachment de Isabel Fonseca

Attachment é o primeiro romance da autoria de Isabel Fonseca nascida em Nova Iorque e a residir no Reino Unido.

Este livro é uma novela que retrata de forma intimista o envelhecer, a vida de casal e dos filhos e de como mesmo após um casamento de 23 anos marido e mulher continuam a ser um mistério um para o outro.

Jean Hubbard é uma americana de 45 anos, colunista independente, casada com Mark, executivo de sucesso na área da publicidade. Depois de mais de 20 anos em comum Jean e Mark mudam-se para St. Jacques, uma ilha perto das Maurícias, deixando a sua filha Victoria a tomar conta da casa em Londres.

O abalo na vida conjugal acontece quando Jean descobre um e-mail dirigido ao marido, que aparenta ser de uma amante. Em vez de confrontar o marido, Jean inicia uma troca de mensagens com Giovana, fazendo-se passar por Mark.

Este é o início de uma profunda reflexão sobre a vida de Jean, que se vai cruzando com as histórias da sua filha, marido, pai e irmã e nos mostra a vida como ela de facto é, e não como deveria ser.

Entrar na história requer no entanto algum esforço do leitor, é necessário insistir para conseguir captar o enredo. Uma vez ultrapassada esta fase, e apesar de algumas lacunas na tradução e revisão do livro, a leitura envolve-nos de forma provocativa e faz nos reflectir sobre questões muito importantes: Até que ponto conhecemos aqueles que amamos? Até que ponto nos conhecemos a nós próprios?

Leia, porque ler é um prazer!

Obs.: Este livro está disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Marion Zimmer Bradley

Marion Zimmer Bradley nasceu a 3 de Junho de 1930 e faleceu a 25 de Setembro de 1999 vítima de ataque cardíaco.

Começou a escrever ficção científica, ainda durante a adolescência, sobretudo para revistas tais como a Vortex Science Fiction. Começou a ganhar reconhecimento a partir de 1958 quando publicou o primeiro romance da série Darkover.

Em 1964 obteve o seu diploma em Artes pela Universidade de Hardin-Simmons, em Abilene, no estado do Texas, fazendo depois estudos de pós-graduação na Universidade da Califórnia, em Berkeley, de 1965 a 1967.

A sua “obra-prima” foi provavelmente As brumas de Avalon publicado em 1983, uma novela feita a partir do ponto de vista das mulheres que recria a lenda do Rei Artur e dos Cavaleiros do Távola Redonda.

Marion Zimmer Bradley recebeu em 2000 o prémio World Fantasy pela totalidade da sua obra. Foi também nomeada para o Prémio Hugo (prémio para ficção científica) com os livros “Sword of Aldones” e “The Forbidden Tower”

Visite a biblioteca Municipal de Arganil e requisite um dos seguintes títulos desta autora que temos disponíveis para si:

 A casa da floresta

 Salto mortal

 As brumas de Avalon

 A Fonte da Possessão: O Poder Supremo

 A Fonte da Possessão: As Forças do Oculto

 A Senhora de Avalon

 Tambores na noite

 As mulheres da casa do Tigre

 A queda da Atlântida

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Um blog a visitar e a acompanhar: biblioactiva.ler

http://www.biblioactivaler.blogspot.com/: "Este Blogue é da responsabilidade da Sala Infantil e Juvenil da Biblioteca Municipal Miguel Torga com a participação das crianças e jovens que frequentam habitualmente as Bibliotecas Públicas e Escolares do concelho de Arganil. Partilhamos leituras, promovemos livros, divulgamos actividades, projectos e acções. Um espaço onde podemos dar asas à imaginação e criatividade… Participa!"

Livro do mês: Fúria divina de José Rodrigues de Santos

Fúria Divina é o sétimo romance da autoria de José Rodrigues dos Santos onde história e ficção se misturam em duas histórias paralelas. Temos a história do professor Tomás de Noronha, historiador, professor universitário e criptanalista que é “convidado” pela NEST, uma unidade operacional da CIA criada para localizar, identificar e eliminar material nuclear, a decifrar uma estranha mensagem secreta da Al-Qaeda.
E em paralelo acompanhamos a história de Ahmed, um menino egípcio, que ao longo da vida vai descobrindo os ensinamentos de Alá. Começa por ser instruído pelo mullah Saad, que lhe transmite o carácter pacífico e benévolo do Islão, e mais tarde na madrassa é ensinado por um novo professor que interpreta as palavras do Alcorão à letra.
Como o próprio autor afirma para escrever este romance partiu de duas premissas centrais: “e se a Al-Qaeda tem a bomba atómica? E se o Islão dos fundamentalistas é o verdadeiro Islão?” José Rodrigues dos Santos ao longo das quase 600 páginas deste livro dá-nos uma perspectiva concreta sobre a ameaça nuclear, bem como uma perspectiva realista sobre o que é o fundamentalismo Islão.
Uma história que nos prende e sobretudo nos enriquece com muita informação. Como se pode ler na própria obra “todas as referências técnicas e históricas e todas as citações religiosas incluídas neste romance são verdadeiras”. Há ainda a particularidade do romance ter sido “revisto por um dos primeiros operacionais da Al-qaeda.”

Excerto:

“(…) “Mas também é verdade que a maior parte das guerras são provocadas pelas religiões! Quantas matanças não se fizeram em nome de Cristo?”
“Ordenadas por Cristo?”
“Não, claro que não. Mas em nome dele…”
“Não confunda as coisas”, rectificou Tomás. “Quando um cristão faz a guerra, é importante que perceba que ele está a desobedecer a Cristo. Não foi Jesus que disse que, quando nos batem numa face, devemos dar a outra? Ao recusar-se a dar a outra face e ao optar pela guerra, o cristão está a desobedecer ao seu Profeta, ou não está?”
“Claro que sim.”
“Pois essa é uma importante diferença entre o cristianismo e o islão. É que, no islão, quando um muçulmano faz a guerra e mata gente pode estar simplesmente a obedecer ao Profeta. Não se esqueça de que Maomé era um chefe militar! No islão pode acontecer que o muçulmano que se recuse a fazer a guerra seja precisamente aquele que desobedece ao seu Profeta!”
(…)
“Registe isto que eu lhe vou dizer”, acrescentou o historiador, quase a soletras as palavras. “A maior parte do Alcorão é constituída por versículos relacionados com a guerra.”
O rosto da americana manteve desenhada a incredulidade.
“Isso não pode ser!”, exclamou. “Sempre ouvi dizer que o islão é totalmente pacífico e tolerante.”
“E é, se formos todos muçulmanos. O islão impõe regras de paz e concórdia entre os crentes. O problema é se não formos muçulmanos. Está escrito no Alcorão, creio que no capítulo 48: «Muhammed é o Enviado de Deus. Os que estão com ele são duros com os incrédulos, compassivos entre si.»”

Nota biográfica sobre o autor:

José Rodrigues dos Santos nasceu em 1964 em Moçambique. Doutorado em Ciências da Comunicação, dá aulas na Universidade de Lisboa, é jornalista da RTP e é escritor.