segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Audiolivros… uma outra forma de “ler”

Um audiolivro é um livro em áudio também conhecido como livro falado ou audiobook. Gravado em estúdio, por profissionais a obra literária é enriquecida pela leitura que é feita e na qual o narrador deixa a sua marca através da sua interpretação. A utilização de efeitos sonoros e musicais ajudam o ouvinte a melhor imaginar a atmosfera da obra.

Este novo tipo de livro tem vindo a conquistar espaço nos últimos anos, e não se destina apenas a pessoas com problemas de visão ou a crianças.

Com o ritmo acelerado da vida nos grandes centros urbanos, as filas de trânsito, a falta de tempo para ler, muitas são as pessoas que escolhem o audiolivro para poder “ler” enquanto estão ocupados com outras tarefas. Com o desenvolvimento das novas tecnologias este meio tornou-se muito prático, já que é possível ouvir estes livros em CD, MP3 ou até mesmo no telemóvel, possibilitando assim a “leitura” em qualquer lugar ou circunstância.

Elaborados por equipas de profissionais, os audiolivros são actualmente produtos de grande qualidade, que aliam o prazer de ler ao prazer de ouvir, lembrando que as boas histórias ficam sempre no ouvido.

Em Portugal existem já diversas editoras que se dedicam à publicação de obras literárias neste suporte, entre as quais se destacam:

Boca – palavras que alimentam

“O livro era o prazer há muito tempo, escrito, lido, dito, amplificado. Decidimos, por fim, dar-lhe voz e criar uma editora de audiolivros.
Chamámos-lhe BOCA. (…)
Encontrar, para cada livro, as pessoas que saibam imaginá-lo dito, contá-lo, sonorizá-lo e produzi-lo como obra de arte, objecto que, depois de descoberto, se guarda no espaço próximo, na memória, e se transmite.”

101noites

“Escute, leia e comprove que as grandes histórias ficam no ouvido”

MHIJ.pt

“A inexistência de audiolivros de contos/ romances contemporâneos, portugueses ou estrangeiros, foi por todos encarada como uma prioridade imediata: abrir ao leitor a possibilidade de uma nova experiência, como conduzir, cozinhar, repousar ou fazer exercício… enquanto relembra ou ouve pela primeira vez, um conto ou uma história maravilhosa de autores já reconhecidos.”

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O Outono já chegou!

De mansinho o Outono chegou, os dias ainda estão quentes e cheiram a Verão, mas já se notam bem mais curtinhos e as noites já arrefeceram convidando a um bom agasalho.

A maior parte das pessoas tem preferência pela Primavera e o Verão, acham o Outono sombrio, escuro, pouco colorido, triste. Mas ele faz parte do ciclo do ano e não lhe podemos escapar.
Aprendamos pois a viver ao ritmo das estações…

Pelas suas características esta estação convida à permanência no lar, à reunião de família e a horas passadas simplesmente frente a lareira a observar as chamas a subir em pequenas labaredas pela lenha… porque não fazer tudo isto na companhia de um bom livro?

Leia para si mesmo, leia para os seus filhos, leia para os seus amigos, leia para a sua família… aproveite esta estação para partilhar com aqueles de quem mais gosta os encantos de uma boa leitura!

Da nossa parte deixamos uma pequena selecção de poemas que reflectem precisamente sobre as características desta estação!

Canto de Outono

Os rouxinóis inexoráveis da primavera
trazidos até nós por certa curta carta
em que canto da noite cantarão agora
que já os frágeis frios nos vindimam?
E os lilases crudelíssimos de Junho
inalteráveis como o céu das férias grandes
talvez ainda desdobradas sobre a adolescência
de que nos valerão perante a insinuante música de Outono?
E a mãe que o filho suga ruga a rua
que mãos estenderá sobre estes rostos
onde poisaram patas implacáveis dias?
E quando o vento verga os choupos do princípio
e despe os ramos dos plátanos familiares
faltará muito que nos cubram provisoriamente
as folhas fatigadas das desoladas árvores?
Já sobre a nossos pés o cedro do silêncio
Prometa-nos o Sol que sobre os nossos rostos
hão-de na primavera ondular os trigos

Ruy Belo In Obra poética (vol. 2)

Leia mais poemas aqui!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Sítio recomendado: Culturaonline.pt

Está disponível desde o dia 8 de Setembro o Portal Cultura Online. Impulsionado pelo Ministério da Cultura, “o portal ambiciona afirmar-se como o sítio de referência na divulgação da Cultura Portuguesa, em Portugal e no Mundo. (…)

O portal http://www.culturaonline.pt/ é um espaço interactivo, dinâmico, aberto à comunidade, um ponto de encontro entre a criação e o público, que vive da participação de todos.”

Um sítio que recomendamos vivamente.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

As vindimas: vivências e tradições

Setembro já vai a meio e a época das vindimas está a porta.
Esta época marcou ao longo dos tempos vivências e tradições que foram passando de geração em geração. Às vindimas associamos ranchos de homens e mulheres que nas pequenas ou grandes vinhas transformavam esta actividade rural numa festa popular. Nas aldeias a azáfama era enorme. As pipas e os tonéis eram lavados e preparados para receber o vinho novo. Nos lagares a pisa das uvas fazia-se ao som de cantigas populares e as noites, junto aos alambiques, esperando o lento destilar das aguardentes que no Inverno aqueciam a garganta e o espírito e era remédio santo contra as gripes e constipações, eram transformadas em longos serões comunitários.

A mecanização e o abandono da agricultura familiar levou ao apagamento destas tradições. Fica-nos a memória dos que as viveram e as souberam imortalizar através das palavras. Muitos dos nossos escritores se inspiraram nestas vivências e as reproduziram em prosa e verso e por isso elas continuam vivas nas nossas memórias.

Podemos, pois, afirmar que os livros constituem a memória viva da história antiga e recente, sendo também testemunho da evolução social, económica e cultural.

Cabe às bibliotecas reunir um fundo documental abrangente que nos transporte ao passado, mas também ao futuro. Citando Bob Usherwood “ao conservarem e preservarem a documentação, as bibliotecas tornam-se o espírito e a memória colectivos da sociedade.”

Sobre esta temática aqui ficam alguns excertos de obras de escritores portugueses que testemunham isso mesmo:

“Chegado ao termo dos cultivos, vem a época das ceifas ou das vindimas – decerto os maiores trabalhos colectivos do ano -, que se fazem com azáfama e entusiasmo, e também os seus tradicionais ritos, pois desde tempos imemoriais, por toda a parte, solenes e vistosas festas consagram a bela época.(…)
De regresso a casa, em começos de Setembro, nas baixas por onde se espalha a vinha, andavam já na faina das vindimas, porque nestas terras do sul a uva amadura mais temporã. Viam-se as mesmas intermináveis fileiras de homens e mulheres, de chapéus desabados sobre os lenços com que protegem a nuca contra a queimadura mordente do sol, elas de saias presas entre as pernas, como calções de turco, e todos debruçados sobre as vindimas, na eterna atitude de quem ceifa ou vindima, pois por toda a parte estes trabalhos se executam com os mesmos gestos, que vêm de longe, do começo do mundo – são tão velhos como velho é o labor de cultivar a terra.”

Manuel Mendes in Roteiro Sentimental: a sul do Tejo

“Desde o amanhecer, mal as perdizes começaram a cacarejar pelos socalcos, que toda a Cavadinha era uma dobadoira. As mulheres cortavam, as crianças despejavam as cestas cheias, os homens erguiam sobre as trouxas os vindimeiros, e o som cavo do bombo ia abafando pelas valeiras fora o repenicado do harmónio e o tlintim dos ferrinhos. O sol erguera-se já congestionado, e mordia a pele como um sinapismo. (…)”

Miguel Torga in Vindima
Leia mais excertos aqui!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Novidade na Biblioteca: Ossos cruzados de Kathy Reichs


REICHS, Kathy - Ossos cruzados. 1ª ed. Lisboa : Texto Editores, 2006. 327 p. ISBN 972-47-3147-2

A autora: Kathy Reichs, nasceu em Chicago em 1950, é antropóloga forense e escritora de romances policiais e de mistério.

O livro:

Quando um judeu ortodoxo é encontrado assassinado em Montreal, a Dr.ª Temperance Brennan é chamada a examinar o corpo. Inesperadamente, um estranho faz-lhe chegar uma fotografia de um esqueleto, assegurando-lhe que é a chave para a morte da sua vítima. Sem que dê por isso, Temperance vê-se envolvida num mistério que pode levar à reescrita de dois mil anos de história religiosa.

À medida que investiga, Temperance descobre que a fotografia é de um esqueleto descoberto numa escavação arqueológica. Temperance viaja então até Israel para examinar a antiga cripta onde o esqueleto foi encontrado e faz uma descoberta que levanta questões radicais acerca da Morte de Cristo.

Com o seu ritmo vertiginoso, a sua trama intricada e os modernos e interessantes pormenores forenses, Ossos Cruzados é um empolgante e dramático romance.

Fonte: contra-capa do livro

Excerto:

“Fiquei a olhar para o telefone.
O que é que podia ser tão importante a ponto de fazer Jake alterar planos que andava a fazer havia meses?
Centrei a foto em cima da minha pasta de secretária.
Se estava certa em relação ao pincel, o corpo estava orientado de norte para sul, com a cabeça voltada para este. Os pulsos estavam cruzados em cima da barriga e as pernas completamente estendidas.
Salvo uma ligeira deslocação do osso pélvico e dos pés, tudo parecia anatomicamente correcto.
Demasiado correcto.
Na ponta de cada fémur havia uma rótula. Não era possível que as rótulas estivessem tão bem postas no lugar.
Faltava mais uma coisa.
O perónio direito estava do lado de dentro da tíbia direita e deveria estar do lado de fora.
Conclusão: a cena fora preparada.”

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Fahrenheit 451 de Ray Bradbury


BRADBURY, Ray - Fahrenheit 451. Porto : Público Comunicação Social, imp. 2003. 159 p. ISBN 84-96200-92-2

Fahernheit 451, escrito por Ray Bradbury, foi editado pela primeira vez em 1953. Ray Bradbury, escritor norte-americano, nasceu em 1920.

Fahrenheit 451 é uma novela distópica, que retrata uma sociedade ficcional no século XXI, onde o regime totalitário está determinado a garantir a felicidade dos seus súbditos, e para a alcançar proíbe severamente a posse e a leitura de livros. O livro é considerado pelos governantes, e consequentemente, pela opinião pública como fonte de problemas e teorias conflituosas, os livros são vistos como fonte de infelicidade, levando as pessoas a sentir ansiedade, tristeza e até ódio.

As ideias expostas nos livros são consideradas heréticas e são contratados bombeiros para os queimar e destruir.

No entanto há pessoas que se lembram do tempo em que se podiam ler livros e pensar livremente. Há livros escondidos e pessoas que fogem para zonas onde ainda é possível ler.

Este é um livro interessantíssimo que retrata uma sociedade altamente tecnológica e embrutecida, mas onde não há felicidade, apenas esquecimento e escuridão.

Como convite à leitura deste livro, segue-se a seguir um breve excerto do mesmo!

“Ele sentia-se de facto à vontade, eufórico.
- Porque não está nas aulas? Vejo-a todos os dias a passear.
- Oh! Não faço lá falta. Sou anti-social, parece. Não me misturo com os outros. É estranho. Porém, para mim, acho que sou muito social. Tudo depende do sentido que se dá à palavra, não acha? Ser social, para mim, é falar-lhe como lhe estou a falar, por exemplo, ou falar do estranho mundo em que vivemos. É agradável encontrarmo-nos com outras pessoas. Não vejo o que há de social em pôr uma quantidade de pessoas juntas para as impedir de falar. Não é da mesma opinião? Uma hora de aula televisada, uma hora de basquetebol, de basebol ou de corridas a pé, uma outra hora de transcrição de história ou de pintura e mais uma vez desportos mas, sabe, nunca ninguém faz perguntas ou, pelo menos, a maior parte de nós não as fazem; contentam-se em meter as respostas na cabeça, bing, bing, bing, e ficam sentados quatro horas seguidas perante filmes educativos. Isso nada tem de social, para mim. Faz-me lembrar um barril onde se deite por um lado água que torne a sair pelo outro e que depois nos digam que é vinho. Eles embrutecem-nos de tal forma que, ao fim do dia, apenas nos sentimos capazes de ir para a cama ou para um parque de atracções empurrar pessoas, partir vidros na barraca do “Quebra Vidros”, virar automóveis no “demolicar” com a grande bala de aço ou ainda de sair num carro e seguir em grande velocidade pelas ruas, rasando os candeeiros, tentando matar galinhas. No fundo devo ser aquilo que me acusam de ser. Não tenho um único amigo. Isso chega, parece, para provar que sou anormal. Mas todos quantos conheço passam o seu tempo a gritar, a saltar como selvagens ou a baterem-se.”

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Os meus livros

Durante o curso das nossas vidas, por razões pessoais e profissionais, vamos adquirindo livros, que se vão avolumando ao longo do tempo nas nossas casas. Há pessoas que se conseguem desfazer deles, oferecê-los, vendê-los, outras apegam-se e não se conseguem desapossar dos seus livros de forma alguma.
A casa vai se apinhando, as estantes estão cheias… mas continuamos sempre a arranjar espaço para mais um inquilino: uma edição especial, a obra completa de determinado escritor, um achado numa feira do livro ou num alfarrabista…
A nossa biblioteca pessoal gradualmente vai-se construindo tornando-se íntima e até um reflexo do nosso próprio percurso de vida.

Em deambulação pelo mundo dos blogues encontrámos um interessante texto de António Barreto com o título “os meus livros” que vem ao encontro desta reflexão.

“Na verdade, o que distingue a minha biblioteca de uma qualquer biblioteca pública é exactamente isso: visto-a. Como um casaco usado. Vivo com ela na pele. Ela tem tanto a minha marca, como eu tenho a dela. É mesmo uma união a sério, para a vida, para o melhor e o pior.”

Leia o texto completo de António Barreto aqui!

Nota:

António Barreto nasceu a 30 de Outubro de 1942, é político e sociólogo, É autor, entre outras obras, de Anatomia de uma Revolução. A Reforma Agrária em Portugal, 1974-1976 (1987), Sem Emenda, Tempo de Mudança (1997), A Situação Social em Portugal (1996), A Situação Social em Portugal, vol. II (2000) e Tempo de Incerteza (2002).