quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Bibliotecas por Eugénio Lisboa

Sonhei, desde muito novo, com bibliotecas: as que pudesse visitar e as que eu próprio viesse a possuir. As paredes de uma sala, cobertas de estantes carregadas de livros, pareciam-me o suco da barbatana, em matéria de decoração. Adorava ler livros e adorava ter livros. Aí pelos meus 15 anos, tive finalmente a minha biblioteca, quando um generoso amigo e colega do meu pai me ofereceu um belo acervo de cerca de cem livros e uma pequena estante para lá os acomodar. Era pequena, mas boa: livros de ficção. De história, de filosofia, de teatro, de poesia… de ciência. Fiquei deliciado e não havia dia em que não lesse um pedacinho daquela excelente colecção. Os melhores escritores do mundo, ali, em concentrado. Depois, aquela pequena biblioteca foi crescendo, à medida que crescia o meu poder de compra. E foi também crescendo, em desproporção do meu poder de ler tudo aquilo que comprava. Fui tendo, por assim dizer, uma biblioteca em expansão, como são todas as verdadeiras bibliotecas, e conheci, de caminho várias bibliotecas públicas e privadas, em vários países.

As bibliotecas são, como se sabe, bons lugares para consulta, leitura e empréstimo de livros (e, hoje em dia, de livros em vários suportes, além de discos com música, DVD’s, etc.) mas as bibliotecas não servem apenas para o ato nobre de ler ou consultar: têm outras inesperadas serventias (…)”

Excerto do texto “Bibliotecas” de Eugénio Lisboa
in Jornal de Letras, Artes e Ideias nº 1224 (30.08.2017), p. 33

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Sugestão de leitura: O Senhor dos anéis de J. R. R. Tolkien

O senhor dos anéis uma saga fantástica ocorrida na Terra Média, uma coligação de povos de mundos diferentes orientada por um mago, a bênção da bela rainha dos Elfos, uma Irmandade de raças que parte para a guerra contra o Senhor das Trevas são os ingredientes de uma história que já conta com mais de 100 milhões de leitores.

O tema primeiro da trilogia de O Senhor dos Anéis, da autoria de J.R.R. Tolkien, é a luta planetária entre o Bem e o Mal, contudo este interpenetra com outro: a amizade, o combate ao preconceito, a aceitação do «outro». As personagens principais pertencem a culturas e raças diferentes mas todas partilham características humanas: a imperfeição, o orgulho, a ambição de poder, a capacidade de destruir, mas também o amor, a solidariedade, o talento criador, a admiração pelo belo. 

Sauron, o Senhor dos anéis, encarna o mal. Fabricou um anel mágico com o qual pode escravizar todos os povos. Tendo-o perdido séculos antes, procura-o desesperadamente e reúne um exército para lançar o assalto final sobre os reinos dos homens e dos elfos. É para evitar a destruição que os povos livres se coligam. Homens, hobbits, elfos e anões formam uma irmandade cujo objectivo é a destruição do Anel.

Esta é uma obra que nos apresenta um mundo fantástico, irreal mas profundamente apelativo, descrito com um rigor e pormenorização excepcionais que convida a um verdadeiro mergulho na leitura e nos conduz a uma viagem épica.

Adaptado a partir de O Senhor dos Anéis de Maria Rosário Monteiro
Artigo publicado na revista do "Expresso" nº 1518 de 01/12/2001

Pode requisitar os livros da trilogia na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil

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sábado, 26 de agosto de 2017

Tempo para a poesia XXII

Minha Natureza 

Sou todo teu. Ossos, carne, pó. 
E basta estar ao teu lado, nu 
Para me não sentir jamais só. 
Somos assim: pedaço do mundo cru. 

E quando um dia morrer... 
Aceitar-me-ás de novo; teus braços. 
Feliz estarei por sermos de novo um crer. 
Renascerei em flor, árvore, em cor, de sóis baços. 

Sou teu, é este o meu eterno verde dever. 
Folha, sol, mar, sal, amanhecer: ser.

por Rui M.

(retirado do blog "Contos das Estrelas")

Rui M. é natural da aldeia de Priados, freguesia de Pombeiro da Beira. Para além de ser autor do livro "Tales for the ones in love", mantém dois blogues, "Contos das Estrelas" e "Tales for the ones in love" onde publica artigos relacionados com cultura e literatura. 

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Novidade na Biblioteca: As viúvas de Dom Rufia de Carlos Campaniço

Um romance irresistível e cheio de humor. Alentejo cheio de personagens fascinantes e inesquecíveis.

Conhecido por Dom Rufia desde moço, Firmino António Pote, criado sem recursos numa vila alentejana, promete a si mesmo tornar-se rico. Negando-se à dureza do trabalho do campo, divide durante anos a sua sobrevivência entre o ócio e alguns negócios frugais. Mas, já nos trinta, munido de assombrosa imaginação, bonito como poucos e gozando de uma enorme capacidade de persuasão, sobretudo entre as mulheres, lobriga várias maneiras de alcançar o seu objectivo, fingindo continuamente ser quem não é. Para isso, porém, é obrigado a viver em vários lugares ao mesmo tempo, dando a Juan de los Fenómenos, um velho chileno em busca de proezas sobre-humanas, a ilusão da ubiquidade. 

Quando o corpo sem vida de Dom Rufia é encontrado no meio do campo, a recém-empossada Guarda Republicana não imagina as surpresas que o funeral reserva. O aparecimento de uma estranha carta assinada pelo tio do morto é só o princípio da desconfiança de que ali há mão criminosa.

Depois do muito aplaudido Mal Nascer, finalista do Prémio LeYa em 2013, Carlos Campaniço regressa à ficção com um romance irresistível e cheio de humor, cuja acção decorre no início do século XX, num Alentejo onde pululam personagens fascinantes e inesquecíveis.



Gostou? Requisite na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil.

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sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Opinião de leitor: Re-viva o imperador!

Porto: Porto Editora, 2017
Mantido em perfeito estado de conservação pelas águas glaciais do mar do Norte, respescado por uma traineira e depois descongelado, Napoleão Bonaparte, oficialmente morto no dia 5 de maio de 1821, regressa à vida em pleno século XXI, no momento dos atentados jihadistas de Paris, mesmo a tempo de salvar o mundo…

“Napoleão não podia deixar os Franceses naquela situação. Nunca tinha abandonado o seu país e não era agora que ia começar. (…) o destino trouxera-o uma segunda vez à vida por uma razão.” Assim, Napoleão toma como objectivo lançar-se na guerra contra os jihadistas e salvar a França. Decide construir o seu próprio exército. Procura um genealogista com o propósito de encontrar os seus descendentes e os recrutar e traça um plano para derrotar definitivamente o inimigo.

Se a princípio o livro parece frívolo, o avanço das páginas permite-nos ver que este romance é muito mais de que uma simples comédia. Como se pode ler na contracapa esta obra é uma reacção do autor, Romain Puértolas, aos tempos sombrios que se vivem. 

Importante ao longo da leitura, e tal como o narrador faz questão de relembrar amiúde, é que “Napoleão era muito inteligente”.

Boas leituras!

Miriella de Vocht

Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Novidade na Biblioteca: Os meninos de Irena de Tilar Mazzeo

Em plena Segunda Guerra, nos sussurros desesperados dos judeus, um nome passa de boca em boca: o de Irena Sendler, a jovem assistente social que está disposta a tudo para salvar as crianças judias dos campos de concentração. 

Quando, em 1942, Irena entrou no gueto de Varsóvia, o que viu dilacerou-lhe o coração. Ela sabia o destino de cada um dos judeus com quem se cruzava todos os dias. E foi incapaz de ficar indiferente. Começou a percorrer as ruas do gueto, bateu a todas as portas e pediu aos pais que lhe confiassem os seus filhos. Sob a vigilância apertada do regime nazi, Irena começou a levar as crianças para fora do gueto, e rumo à liberdade. Escondidas em caixões ou debaixo de sobretudos, em fuga pelo sistema de esgotos ou por passagens secretas entre edifícios, não havia nada que ela não estivesse disposta a fazer… Com a ajuda das mães, do seu amante judeu na Resistência, de amigos e vizinhos, Irena salvou cerca de 2500 crianças. 

Mas Irena fez mais ainda: manteve sempre um registo da verdadeira identidade de todos os meninos e meninas, para que um dia pudessem reencontrar os seus entes queridos. Receando ser descoberta, enterrou a lista sob uma macieira no jardim de uma amiga. Não podia imaginar que cerca de 90% das famílias dessas crianças não sobreviveria ao Holocausto. 

Irena Sendler correu riscos inimagináveis para salvar inocentes da barbárie nazi. É uma heroína da Segunda Guerra, considerada a versão feminina de Oskar Schindler. Foi nomeada para o Prémio Nobel da Paz em 2007, o ano que antecedeu a sua morte aos 98 anos. Esta obra é a devida homenagem à sua humanidade e bravura.

Fonte: contracapa do livro


Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil.

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sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Novidade na biblioteca: O que viram as flores de Julia Heaberlin

Sou estrela de cabeçalhos de jornal e de histórias assustadoras à roda da fogueira. Sou uma das quatro raparigas das susanas-de-olhos negros. A que teve sorte. 

Aos 16 anos, Tessa foi encontrada num campo do Texas, quase morta e só com alguns fragmentos de memória em relação à sua chegada ali. A imprensa chama-lhe a única «rapariga das susanas-de-olhos negros» que sobreviveu a um serial killer. O testemunho de Tessa mandou um homem para o corredor da morte. 

Passados 20 anos, Tessa é artista e mãe solteira. Num dia de fevereiro, abre a janela do seu quarto e depara com um magnífico canteiro de susanas-de-olhos-negros diante de si, embora se trate de flores de verão. 

Será que o homem que espera a morte é inocente? E andará o serial killer atrás dela? Ou, pior ainda, da sua filha?

Fonte: contracapa do livro


Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil.

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terça-feira, 1 de agosto de 2017

Livro do mês: O alienista de Machado de Assis

"Não há consenso quanto ao género. Novela ou um conto longo. O Alienista é um dos mais perfeitos exemplares do génio de Machado de Assis. Apesar de não ter o fôlego de romances como Memórias Póstumas de Brás Cubas ou Dom Casmurro, nem ser narrado na primeira pessoa, contém as marcas que fazem de Assis um dos maiores escritores da história da literatura. Ironia, atenção à mente humana, sátira moral e de costumes e uma refinada arte narrativa.

A acção de [o Alienista] decorre numa pequena cidade do interior do Brasil, Itaguaí, para onde foi viver Simão Bacamarte. Este dedicava a sua existência ao estudo, desviando-se de tudo o que pudessem ser distracções ao seu objectivo: o avanço da Ciência. Por isso, aos 40 anos, casou com uma mulher "não bonita nem simpática", D. Evarista da Costa e Mascarenhas, que "reunia condições fisiológicas e anatómicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista". A avaliação clínica revelou-se desastrosa, mas não impediu Simão Bacamarte de se empenhar na que considerava ser a mais elevada das missões de um médico: o estudo da saúde mental. Com a ironia como grande ferramenta, Assis serve nesta obra breve uma boa dose de inquietação, seduzindo o leitor do princípio ao fim numa teia sem mácula.

Fonte: Revista Visão nº 1265 (01.06.2017)


Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil.

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