segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Novidade na Biblioteca: 12 anos escravo de Solomon Northup


12 Anos Escravo é o título do livro autobiográfico de Solomon Northup, publicado em 1853. 

O autor era um negro livre de Nova Iorque, um hábil tocador de rabeca e carpinteiro, que foi convidado por dois homens para participar numa digressão. Porém foi enganado e acabou por ser vendido como escravo em 1841, permanecendo 12 anos em brutal cativeiro. 

Doze anos escravo foi escrito durante o primeiro ano de liberdade de Solomon Northup e é um retrato dos horrores da escravatura na primeira pessoa.

“Fechei os olhos por pouco tempo naquela noite. Os pensamentos ocupavam-me o cérebro. Seria possível que estivesse a milhares de quilómetros de casa, que tivesse sido levado pela ruas como um animal, que tivesse sido acorrentado e espancado sem piedade, que tivesse então sido levado com um bando de escravos, eu próprio também um escravo? Os acontecimentos das últimas semanas seriam de facto reais? Ou estaria apenas a passar pelas fases sombrias de um sonho prolongado? Não era uma ilusão. A minha taça de tristeza estava cheia, a ponto de transbordar. Levantei então as mãos para Deus e, na calada da noite, rodeado pelos vultos sonolentos dos meus companheiros implorei misericórdia para este pobre cativo abandonado. Ao Pai Todo-Poderoso de todos nós – do homem livre e do escravo – apresentei as súplicas de um espírito quebrado, pedindo forças para suportar o fardo dos meus problemas; até que a luz da manhã despertou os adormecidos, dando início a mais um dia de escravidão.”

(excerto do capítulo V)

Leia, porque ler é um prazer!

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Viajar sem bilhete (VIII)


MENDES, Pedro Rosa - Baía dos Tigres. 3ª ed. Lisboa : Dom Quixote, 2000. 408 p. ISBN 972-20-1664-4

Pedro Rosa Mendes, repórter galardoado do "Público", partiu em Junho de 1997, com uma bolsa de criação literária do Centro Nacional de Cultura, mochila às costas, máquina fotográfica e gravador, para uma viagem de Namibe, ao sul de Angola, onde se situa a Baía dos Tigres, a Quelimane, Moçambique, atravessando o continente Africano de costa a costa, à semelhança de Hermenegildo Capelo e Roberto Ivens, por picadas, rios e caminhos de ferro. Regressaria três meses e meio depois desta viagem, carregado de histórias bastantes diferentes das que aqueles exploradores certamente encontraram. Histórias de ódio e de horror, de crueldade, num continente onde uma guerra sem fim à vista, tem vindo a aniquilar cada vez mais gente. Em mais de quatrocentas páginas, "Baía dos Tigres" é um relato dessas histórias, como diz Alexandra Lucas Coelho no suplemento Leituras, do "Público", «barroco, denso, infernal. Fino, claro, transparente. Como acontece aos homens ser.»

BECKFORD, William - Alcobaça e Batalha : recordações de viagem. Lisboa : Vega, 1997. 126 p. ISBN 972-699-553-1

Foi durante a segunda estadia em Portugal que Beckford visitou os Mosteiros de Alcobaça e Batalha.

A permanência nos mosteiros prolongou-se por doze dias, de 03 a 14 de Julho de 1794, relatados no livro “Recollections of an Excursion to Alcobaça e Batalha”, escrito praticamente quarenta anos após a visita.

O principal registo digno de nota na obra de Beckford prende-se com o facto deste manifestar não só a sua admiração pelo povo português e pelos seus costumes, mas também a repulsa face às convulsões singradas pela Revolução Francesa, que grassavam por toda a Europa, contrastando com a pacatez lusitana. Outro facto digno de registo, é o tom transmitido pelo autor, que oscila entre a ironia, o humor e até um certo saudosismo, muito mais característico da índole portuguesa.

Esta narrativa do século XVIII, de sensibilidade pré-romântica e estilo elegante, proporciona um relato dotado de graciosidade e porventura alguma imaginação do quotidiano dos Mosteiros de Alcobaça e Batalha. 


VERNE, Jules - A volta ao mundo em oitenta dias. Porto : Público Comunicações Social SA, D.L. 2004. 254 p. ISBN 84-9789-487-1

Phileas Fogg, um aristocrata inglês, faz uma aposta arrojada com os membros do seu clube em como dará a volta ao mundo em 80 dias. Parte então à aventura, acompanhado pelo seu criado. Para vencer o desafio, teria de estar de volta a Londres no dia 21 de Dezembro de 1872, às vinte horas e quarenta e cinco minutos. Porém, Fogg é acusado de estar por detrás do assalto ao Banco de Inglaterra, o que fará com que o detective Fix parta no seu encalço, perseguindo-o para onde quer que Fogg vá. Do Egipto à Índia, e depois para a China, Japão, Estados Unidos (São Francisco e Nova Iorque) e de volta a Inglaterra, somos levados numa viagem através de vários continentes, em diversos meios de transporte existentes na época - vapores, comboios, carruagens , e até mesmo elefante -, numa jornada emocionante que desperta o nosso espírito de aventura e nos leva de volta à infância.


Leia porque ler é viajar sem sair do lugar!

Nota: os livros apresentados encontram-se disponíveis para empréstimo na biblioteca Municipal de Arganil.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Livro do mês: A gente de July de Nadine Gordimer

Tal como nos seus outros romances, Nadine Gordimer em A gente de July aborda o tema do Apartheid, através de uma história que decorre num futuro hipotético e relata a história de uma família de brancos que, fugindo da guerra civil, passa a depender dos seus antigos servidores negros.

A narrativa decorre no Sul de África e é narrada com o pulso inequívoco de uma novelista excepcional, que coloca a nu as circunstâncias que originaram e modelaram a situação de racismo vivida naquele país, e que conduziu a Guerra Civil.

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Nadine Gordimer nasceu em 1923 e faleceu a 13 de Julho de 2014.

Foi vencedora do Booker Prize em 1974 e do Prémio Nobel da Literatura em 1991, e uma das mais influentes vozes contra a segregação durante o regime do appartheid.

É autora de uma vasta obra ficcional e aproveitou a notoriedade que os seus livros lhe trouxeram para sistematicamente denunciar o regime de racismo e repressão da África do Sul junto à comunidade internacional.

Para saber mais consulte:



Outros livros da autora disponíveis na rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil: 
  • A história de meu filho. 2ª ed. Lisboa : Presença, 1992. 218 p. ISBN 972-23-1467-X 
  • Um capricho da natureza. [S.l.] : (Sic) idea y creación, 2008. 339 p. ISBN 978-84-612-3869-9 
  • Um mundo de estranhos. [S.l.] : Bibliotex Editor, 2003. 288 p. ISBN 84-96180-13-1 
  • A filha de Burger. 1ª ed. Porto : Asa, 1992. 539 p. ISBN 972-41-1084-2 
  • Faz-te à vida!. Lisboa : Texto editores, 2006. 159 p. ISBN 972-47-2957-5 

Leia, porque ler é um prazer!