segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

É Natal

É Natal

É Natal!
As luzes coloridas cintilam, animadas,
no pinheiro da sala.
O aroma do pinho envolve-me: respiro com prazer.
O calor vivo da lareira afogueia-me o rosto e
deixo-me ficar, saboreando o momento.

É Natal!
Ouço o barulho dos foguetes, o burburinho das conversas
e os risos alegres. Uma paz doce envolve-me
e não consigo evitar a imagem frágil daquele menino,
remendado, frio e magro, que me olhava,
na esperança de uma moeda.

É Natal!
O rosto do menino continua a perseguir-me;
mesmo depois de lhe ter dado a moeda.
Sorriu e agradeceu-me.
- Feliz Natal! – ouvi ainda, enquanto me afastava…
Perdeu-se na multidão, sem rumo nem norte,
levando consigo o amanhã. Apesar de tudo,
conservava a ternura e a esperança de vir a ser feliz.

É Natal!
As minhas lágrimas acordam-me.
Sinto o sangue correr velozmente nas veias
e rezo por todos os meninos abandonados do Mundo.
Ouço agora, mais claramente, a pequena voz rouca
a dizer, num sorriso: - Feliz Natal!...


Lurdes Breda in Asas de Vento e Sal (p. 49-50)

VOTOS DE BOAS FESTAS E BOAS LEITURAS!

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Novidade na Biblioteca: no rastro do jaguar de Murilo Carvalho

Prémio Leya 2008

«Obra de fôlego, que refigura uma vasta erudição, O Rastro do Jaguar combina narrativa histórica e arte poética, elaboração wagneriana e aura profética, de forma a prender o interesse da leitura por uma saga onde se conjugam a busca individual de raízes e o destino ameríndio, e que atravessa a França, Portugal, Brasil, Paraguai e Argentina, até ao final aberto sobre a demanda milenarista da Terra Sem Males.»

Manuel Alegre 
(Presidente do Júri do Prémio Leya 2008)

Estamos no virar do século XIX em Congonhas do Campo. Pereira, um antigo jornalista de origem portuguesa, revisita as suas memórias, que percorrem todo o conturbado período da segunda metade do século. Através do relato da sua viagem, Pereira, que deixara Paris com o seu grande amigo e companheiro Pierre, leva-nos a conhecer o Brasil em guerra com o vizinho Paraguai, no período mais decisivo da sua história. Uma guerra sangrenta que o Brasil trava ao lado da Argentina e do Uruguai e que, para Pereira e Pierre, será o momento decisivo das suas vidas. É também a guerra pelo espaço vital das populações índias que, humilhadas pela acomodação forçada às regras e vivências dos colonos, tentam recuperar a sua Terra Mítica onde o Mal não existe. É ainda a guerra travada por Pierre para se definir a si mesmo: índio, como o seu povo, ou europeu, tal como foi criado? Levado em criança por Auguste de Saint’ Hillaire do Brasil para França, descobre, já adulto, nas feições de dois índios presos, a chave para as suas raízes nunca explicadas. Raízes que vai encontrar nesse cruzamento do Rio da Prata onde brasileiros e paraguaios morrem aos milhares e os índios guarani lutam por uma terra onde possam de novo viver livres e em paz. Da França à Argentina, do Brasil ao Paraguai, do sertão nordestino aos planaltos do Sul do Brasil, Pereira relata-nos de uma forma empolgante e quase cinematográfica as grandes transformações que definiram a América do Sul. Pelo caminho, encontra o amor perfeito e Pierre a pátria a que junto dos seus pode chamar sua.

Baseado em factos verídicos e personagens reais, O Rastro do Jaguar é um fresco dos intensos choques culturais e sociais que marcaram o século XIX e a relação dos europeus com as suas antigas colónias agora independentes.

Fonte: badana do livro

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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

João Joaquim de Jesus

JOÃO JOAQUIM DE JESUS nasceu no Funchal a 3 de Outubro de 1904. Filho mais velho de uma família modesta viu, desde cedo, o seu destino marcado pelas sequelas da Varíola, devido à qual cegou e o seu rosto ficou para sempre marcado por cicatrizes.
Supõe-se que tenha ingressado no Instituto de Cegos Branco Rodrigues, em S. João do Estoril por volta dos 10 anos, e aí fez a sua instrução.
Depois de terminar o 5º ano dos Liceus no referido Instituto João Joaquim de Deus foi transferido para o Asilo de Cegos Nossa Senhora da Esperança, em Castelo de Vide, onde adquiriu formação em Artes e Ofícios, nas Oficinas deste Centro Escolar.
Em Janeiro de 1932 João Joaquim de Jesus fundou no Funchal o Instituto de Cegos Luz nas Trevas, que não terá existido durante muitos anos por falta de orçamento.
Em 1954 volta para Lisboa para acompanhar a mãe doente, e por lá fica até à sua morte a 8 de Novembro de 1974, vítima de AVC.

Texto escrito a partir da nota biográfica da autoria de Dalila de Jesus Guerrinha, 
sobrinha de João Joaquim de Jesus

"João Joaquim de Jesus, detentor de uma profunda cultura literária, lia e falava esmeradamente o Francês e dominava o Esperanto (…) Dedicava-se, nos seus tempos livres, a traduzir pequenos livros e textos seleccionados para esperanto e encontrava no seu Irmão mais novo Carlos Isidoro de Jesus um excelente interlocutor. Abordava a Matemática com uma flexibilidade de pensamento, como se tivesse seguido carreira académica nessa área e dominava a Astronomia com tal destreza que surpreendia todos os amigos.

A sensibilidade que está patente na sua obra poética Frutos da Mocidade é o resultado de longos períodos de reflexão associados ao conhecimento de muitos autores e que se traduz numa densidade de sentimentos fortes que exprime com ritmo e musicalidade. Usando a terminologia de Camões foi, de facto, um poeta com engenho e arte, isto é, com forte inspiração e uma técnica da linguagem e do verso que sabe combinar maravilhosamente. Usa a cor e o som em paisagens sublimes, aliadas a uma musicalidade que embala, como no Poema Lili que dedica a sua afilhada. Também se adivinha a existência de uma personagem idealizada, um amor platónico que perpassa em vários poemas.”


Dalila de Jesus Guerrinha

Recordando a minha terra

(ao meu dilecto amigo António de Oliveira)

Ó nostalgia da serra,
Ó maravilhas sem par,
Paisagens da minha terra
Que nunca deixo de amar;
Ó aves, em coro lindo,
Que saudais o azul infindo;
Ó flores no campo abrindo,
Se vos soubesse cantar!...

Que ditoso que seria,
Se pudesse, ó meu torrão,
Oferecer-te a magia
De uma saudosa canção,
Feita de sonho e singela
Como os céus que nos revela
Um sorriso de donzela
Sob o afago da ilusão!

Quisera que mais tivesse
O enlevo de um pôr de sol,
A vibração de uma prece,
Os trilos do rouxinol;
O carpir da rola mansa,
Que nos empolga e não cansa;
A ternura da criança
- Lábios de vivo arrebol.

Chorosas com as trindades,
Misto de penas e dor,
Aceita as minhas saudades,
E manda-me o teu frescor
Pela brisa que vagueia
Ao clarão da lua cheia…
Sê bendita, minha aldeia,
Berço da paz e do amor!

O livro Frutos da Mocidade está disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil.

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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Dia dos Direitos Humanos


Mensagem de Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO,
por ocasião do Dia dos Direitos Humanos,
10 de dezembro de 2013.

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.” 
Este é o Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948.
Como primeiro instrumento universal que reconhece a dignidade inerente de cada membro da família humana, a Declaração incorpora séculos de pensamento – além de marcar o início de esforços globais concertados para tornar reais os direitos humanos em todas as circunstâncias. (…)

Em 2000, os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio estabeleceram uma agenda humanista ambiciosa, que tem catalisado progressos significantes em vários países. No entanto, 2,7 bilhões de mulheres e homens ainda vivem com pouco mais de dois dólares por dia. Acesso à educação de qualidade ainda é um sonho para milhões de meninas e mulheres. Os estratos da sociedade em maior desvantagem continuam a ser vítimas de exclusão, abuso e violência. Ao mesmo tempo, o Estado de Direito permanece frágil em vários países, e a liberdade de opinião e de expressão enfrentam ameaças crescentes.

Para promover liberdade e igualdade em dignidade e direitos para todas as mulheres e homens, devemos fazer tudo para apoiar os países para que alcancem os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio até 2015. Precisamos cumprir as promessas feitas em 2000, enquanto estabelecemos uma nova e ambiciosa agenda de desenvolvimento sustentável para pós-2015, concentrada na eliminação da pobreza extrema em todo o mundo. A eliminação da pobreza é a base para a paz duradoura e o desenvolvimento sustentável – essa é uma lição-chave dos últimos 65 anos. (…)”

Leia mais sobre este tema em:

http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=1731392&seccao=Paulo%20Pinto%20de%20Albuquerque&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco

http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/single-view/news/human_rights_day_a_celebration_of_equality_in_dignity_and_rights/#.Uqbby9JdWHg

http://www.ohchr.org/EN/ABOUTUS/Pages/HumanRightsDay.aspx

http://www.un.org/en/events/humanrightsday/

http://www.amnistia-internacional.pt/files/documentacao/DH_Aqui_e_Agora.pdf

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Sugestão de leitura: praia nova de Matilde Rosa Araújo


Em Praia nova, Matilde Rosa Araújo reuniu 15 narrativas breves, a captar com sobriedade extrema e sensibilidade á flor do narrado momentos de vida de diversas vidas, perspectivas do painel humano que vão perpassando à vista de todos mas que poucos vêem – ou poucas vezes vêem. Nessa galeria em que afloram amarguras recônditas, veladas dores da solidão e do abandono, intensa na contida simpatia humana pelos que sofrem em silêncio, evocações e alusões dramáticas, põe Matilde Rosa Araújo o que melhor define os seus dons de ficcionista não só em textos para crianças como para adultos: o lirismo intrínseco e a simplicidade da linguagem, na transposição literária do individual para o geral. (…)

Álvaro Salema

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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Livro do mês: A janela do cardeal de Luís Miguel Novais

A janela do cardeal de Luís Miguel Novais
Lisboa: Planeta, 2010

"Dois homens, dois poderes, dois documentos. 
Os homens são primos. Um deles é rei de Portugal, Dom João III; o outro é bispo de Viseu, Dom Miguel da Silva. O bispo ambiciona ser Papa, o rei não aceita sequer vê-lo nomeado cardeal; quer prendê-lo na Torre de Belém. Neste xadrez, avança o bispo: foge de Portugal. Mesmo contra a vontade do rei, o Papa nomeia-o cardeal. 
O rei rompe relações diplomáticas com a Santa Sé. Faz mais: acusa o cardeal de roubar segredos de Estado, desnaturaliza-o e confisca-lhe os bens por Decreto. Documento número um: a acusação, publicada em Lisboa e Roma em 23 de Janeiro de 1542. 
O cardeal quer ser Papa. Afirma que não roubou segredos nenhuns. Que não merece tão duras penas. Escreveu isso mesmo ao Papa. Documento número dois: a autodefesa do cardeal, mantida até hoje nos arquivos secretos do Vaticano.
Chegou a altura de revermos este episódio obscuro da História de Portugal. Nunc pro tunc, façamos uma revisão do julgamento; levantemos os documentos, ouçamos os argumentos. Quem foi este cardeal português riscado dos livros de Portugal? O que moveu o rei? O que sucedeu entre eles? 
Acende-se um foco de luz sobre a personalidade que tem ficado na sombra: o cardeal Dom Miguel da Silva e Menezes, cardeal dos XII Apóstolos, também conhecido por cardeal Viseu. 
Desdobra-se um mapa assinalando os lugares por onde viajou. 
Abre-se uma janela no tempo. 
Tem a palavra o cardeal.”

Eis a introdução para o Romance Histórico “A janela do cardeal”, primeiro romance da autoria de Luís Miguel Novais.
Baseada em factos reais a história deste livro, centrada na vida de D. Miguel da Silva, um personagem pouco conhecido da história de Portugal, transporta-nos até ao século XVI na Europa, revelando uma história de intrigas e jogos de poder, onde a cor do ouro domina o coração dos homens.

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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Novidade na Biblioteca: Sabor a paixão de Sónia Santos


“Sabor a paixão” é um romance que se lê num fôlego, mas capaz de permanecer para sempre na memória de quem página a página se enlaça nesta apaixonante história.
Sónia Santos nasceu em Moçambique onde passou a sua infância e é um dos 4 filhos de António Augusto dos Santos, ex-proprietário da então Agência Funerária Arganilense, residente em Linhares, Celavisa e natural de Teixeira.
A autora embora nunca tendo vivido neste concelho traz em si as raízes de Arganil, onde vive ainda alguma da sua família.
Uma leitura obrigatória de uma autora que refere sem recato, gostar de viajar, do cheiro da terra molhada, de caminhar na areia e sobretudo de ler.

Fonte: Diário de Coimbra nº 28286 (19.11.2013), p. 16

Sentada numa esplanada igual a tantas outras, Madalena Duarte, uma Psicóloga, com alguma experiência em psicologia clínica na vertente infantil, retifica e submete a crónica que escreve semanalmente para o suplemento de um jornal, “mensagem enviada com sucesso” é a última mensagem recebida no seu Tablet.
Tenta não dar asas aos seus pensamentos, mas estes invadem-lhe a mente, não consegue perceber porque é que tudo o que mais desejava teimava em fugir novamente! E desta talvez fosse para sempre!
Quando era ainda adolescente a vida pregara-lhe algumas partidas. Perdera a mãe ainda muito jovem, o pai, um advogado bem conceituado, vivia entre Lisboa, Barcelona e Paris. Acabando por fixar residência em Barcelona numa das avenidas mais centrais da capital da Catalunha, alguns anos após o seu segundo enlace.
No ano que perdera a mãe, nesse verão, tal como já era hábito, Madalena ficou com o irmão, mais velho na casa de uns tios durante as férias de verão, nada previa tamanha perda e a vida daquela família desmoronou-se.”

(excerto do capítulo I)

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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A Malinche de Laura Esquivel

Uma mulher dividida entre duas culturas e dois amores…

O trágico e apaixonante romance entre Hernán Cortés e a índia Malinalli (a sua intérprete durante a conquista do império asteca), num livro que nos desvenda o mito fundador da cultura híbrida do Novo Mundo e nos conta uma extraordinária história de amor.
Quando a índia Malinalli conhece Cortés, assume que se trata do próprio deus Quetzalcóatl, que regressa para libertar o seu povo. Os dois apaixonam-se loucamente, mas esse amor será destruído pela desmedida sede de conquista, poder e riqueza de Cortés, um dos mais importantes conquistadores espanhóis. Audaz e engenhoso numa época de grandes heróis, Cortés foi o único que chegou a conhecer a fundo os indígenas americanos. O grande valor estratégico de Malinalli, sua tradutora e intérprete, converteu-a numa personagem-chave na colonização da América e nas relações entre a coroa espanhola e os diferentes povos indígenas. A história do México acabaria por reservar a Malinalli outro papel, o de traidora do seu próprio povo, mas as investigações históricas recentes mostram que foi a mediadora entre duas culturas, a hispânica e a nativa americana, e entre duas línguas, o espanhol e o náhuatl.

Com a queda do império Asteca como pano de fundo, Laura Esquível desafia a mitologia tradicional através do retrato apaixonado do Adão e da Eva da cultura mestiça: Cortés e Malinalli.

Fonte: www.wook.pt

“Malinalli levantara-se mais cedo do que o costume. Não conseguira dormir durante toda a noite. Tinha medo. No dia em que estava ainda por começar, sofreria pela terceira vez na sua vida uma mudança total. Quando o sol nascesse, oferecê-la-iam novamente. Não conseguia perceber que maldade podia haver no seu íntimo para que a tratassem como um objecto, como um estorvo, para que, com tanta facilidade, prescindissem dela. Esforçava-se por ser a melhor, por não causar problemas, por trabalhar duramente, mas, no entanto, por alguma razão desconhecida, não a deixavam deitar raízes.”

Excerto do livro

Outros livros da autora disponíveis na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil:

A lei do amor. 6ª ed. Porto : Asa, 1998. 

Tão veloz como o desejo. 3ª ed. Porto : Asa, 2001. 128 p. ISBN 972-41-2655-2

Como água para chocolate : romance de entregas mensais, com receitas, amores e remédios caseiros. 12ª ed. Porto : Asa, 1997. ISBN 972-41-1198-9

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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Viagem ao mundo da filosofia V: Euforia perpétua de Pascal Bruckner


Uma nova droga colectiva invadiu as sociedades ocidentais: o culto da felicidade. Sejam felizes! Terrível mandamento ao qual é tanto mais difícil subtrairmo-nos quanto decorre da vontade de contribuir para o nosso “bem”.

Pascal Bruckner lança-se, assim, numa aventura ao mesmo tempo moral e filosófica, pedagógica e sempre irónica, que o leva a interrogar esse dever de felicidade que nos assombra e, através dele, a marginalização de qualquer noção de sofrimento, ou mesmo de simples irritação. Vivemos, afinal, num mundo em que, desde os medicamentos que tomamos para o nosso bem-estar à valorização delirante das performances sexuais, passando pela indústria dos chamados tempos livres, tudo parece tender para uma utopia que não admite ambiguidades nem interrogações. E se abandonássemos a ideologia da felicidade? E se passássemos a celebrar os estados de graça ocasionais?

Fonte: contra-capa do livro

“A Euforia Perpétua, do romancista e ensaísta francês Pascal Bruckner, é um competente ensaio sobre o que ele denomina “o dever de felicidade”. Infelizmente, como muitos poderão lê-lo imbuídos do prevalecente espírito de poltronaria, o livro corre o risco de ser taxado como pessimista e “fora da realidade”, quando na verdade é em extremo esclarecedor e lúcido. O talento do autor está em organizar as ideias que já trazíamos em mente. O dever de felicidade é definido como “a ideologia própria da segunda metade do século XX, que obriga a que tudo seja avaliado pelo ângulo do prazer e da contrariedade, intimação à euforia que expõe à vergonha e ao mal-estar os que não aderirem a ela”. O grosso da humanidade, buscando a resposta imediata para tudo, realmente procura aquilo que causa exclusivamente prazer. Tal posicionamento perante a vida é irracional e antinatural.”

Ricardo de Mattos, Colunista “Digestivo Cultural

Para saber mais consulte:

http://static.publico.pt/coleccoes/coleccaoxis/PascalBruckner.htm

http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1092&titulo=A_Euforia_Perpetua,_de_Pascal_Bruckner

http://ulbra-to.br/encena/2013/10/07/A-Euforia-Perpetua-uma-critica-a-Felicidade-Artificial-na-era-do-faz-de-conta

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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Adeus a Doris Lessing


A escritora britânica Doris Lessing, que recebeu em 2007 o Nobel da Literatura, morreu este domingo aos 94 anos.

Autora de mais de 50 romances e com uma obra diversificada, Lessing foi descrita pela Academia Sueca como "uma épica da experiência feminina que, com cepticismo, fogo e poder visionário, sujeitou uma civilização ao escrutínio".

Doris Lessing publicou o primeiro livro em 1950: A erva canta. É em 1968 escreveu aquela que é considerada a sua obra-prima, O caderno dourado, onde são abordadas com grande frontalidade questões políticas, mas também experiências íntimas das mulheres.

O último livro escrito por Doris Lessing foi Alfred and Emily (2008). Uma obra que se situa entre a biografia e a ficção.

Livros da autora disponíveis na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil:

Os diários de Jane Somers : diário de uma boa vizinha. Mem Martins : Europa-América, D.L. 1990. ISBN 972-1-02991-2

Um homem e duas mulheres. Lisboa : Ulisseia, 2007. ISBN 978-972-568-589-1

Gatos e mais gatos. Lisboa : Cotovia, 1995. ISBN 972-8028-46-6

Para saber mais consulte:



sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Viagem ao mundo da filosofia IV: Carta ao futuro de Vergílio Ferreira

Carta ao Futuro é exactamente aquilo que o titulo indica - é uma longa carta, escrita por Vergílio Ferreira, destinada a ser lida daqui a alguns séculos ou milénios. Ao longo do texto o autor identifica todas as questões existenciais existentes agora e desde sempre, questões ligadas à verdade, a Deus, à vida e à morte, ao absoluto e à arte, com o propósito de perguntar ao futuro se lá essas questões ainda existem ou se já foram resolvidas.

Escrevo-te para daqui a um século, cinco séculos, para daqui a mil anos… É quase certo que esta carta te não chegará às mãos ou que, chegando, a não lerás. Pouco importa. Escrevo pelo prazer de comunicar. Mas se sempre estimei a epistolografia, é porque é ela a forma de comunicação mais directa que suporta uma larga margem de silêncio; porque ela é a forma mais concreta de diálogo que não anula inteiramente o monólogo. (…) “

"Estamos instalados na vida como se nós próprios não existíssemos, como se fôssemos o próprio mundo que existe, a própria realidade que é, a sua presença absoluta de estar sendo. E a simples reflexão de que é o mundo que depende de nós, de que a sua maravilha está suspensa, para nós, do nosso olhar, dá-nos vertigens. Que admira que uma pequena invenção técnica nos perturbe, nos abra a velha interrogação? Eis que depois de abarcarmos a terra, de a colocarmos na mão como a pequena bola de um deus poderoso, depois de nos confrontarmos nas nossas raças, nos nossos sonhos milenariamente solitários, depois de esgotarmos a nossa procura mútua, eis que acabamos de rasgar os espaços até lá de onde a nossa imaginação descobre o vazio que nos circunda, descobre, num arrepio, o nosso pobre globo perdido na poeirada dos astros, recorda, com uma nova evidência, a infinitude das distâncias que o unem ao universo. E uma vez mais a velha angústia de um Lucrécio, de um Pascal, em face da eternidade da noite, nos desvaira de aflição. Possivelmente, meu amigo, quando esta carta te chegar às mãos, se chegar, estarás tu já instalado em indiferença no meio de quanta nova invenção que não sabemos nem imaginamos."

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terça-feira, 12 de novembro de 2013

O velho que lia romances de amor de Luis Sepúlveda

Antonio José Bolívar Proaño vive em El Idilio, um lugar remoto na região amazónica dos índios shuar, com quem aprendeu a conhecer a selva e as suas leis, a respeitar os animais que a povoam, mas também a caçar e descobrir os trilhos mais indecifráveis.

Um certo dia resolve começar a ler, com paixão, os romances de amor que, duas vezes por ano, lhe leva o dentista Rubicundo Loachamín, para ocupar as solitárias noites equatoriais da sua velhice anunciada. Com eles, procura alhear-se da fanfarronice estúpida desses "gringos" e garimpeiros que julgam dominar a selva porque chegam armados até aos dentes, mas que não sabem enfrentar uma fera a quem mataram as crias.

Descrito numa linguagem cristalina e enxuta, as aventuras e emoções do velho Bolívar Proaño há muito conquistaram o coração de milhões de leitores em todo o mundo, transformando o romance de Luis Sepúlveda num "clássico" da literatura latino-americana.

Fonte: www.wook.pt

Foi a experiência de Luís Sepulveda na selva amazónica que deu origem a este livro. Numa noite de tempestade um velho deu-lhe abrigo, esse velho que vivia no meio da selva “Lia romances de amor”! Clique e leia o prefácio do autor.

- (…) Trouxe-te dois livros.
Os olhos do velho iluminaram-se.
- De amor?
O dentista fez que sim.
António José Bolivar Proaño lia romances de amor, e em cada uma das suas viagens o dentista abastecia-o de leitura.
- São tristes? – perguntava o velho.
- De chorar rios de lágrimas – garantia o dentista.
- Com pessoas que se amam mesmo?
- Como ninguém nunca amou.
- Sofrem muito?
- Eu quase não consegui suportar – respondia o dentista.
Mas o doutor Rubicundo Loachamín não lia os romances.
Quando o velho lhe pediu o favor de lhe trazer leitura, indicando muito claramente as suas preferências – sofrimentos, amores infelizes e desfechos felizes -, o dentista sentiu que estava perante um encargo difícil de cumprir. (…)”

"Bastam vinte linhas para que o leitor fique preso à magia desta falsa candura, desta ilusória ligeireza, sem poder deter-se, até ao fim do romance, que parece chegar demasiado depressa, tal o prazer que a sua leitura dá." (Le Monde)

"Uma prosa rápida, quase cinematográfica, com capítulos curtos e parágrafos muito breves, que levam o leitor a só largar o livro depois de ter acabado de o ler." (El País)

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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Viagem ao mundo da filosofia III: Grandes livros de filosofia de Nigel Warburton

Grandes livros de filosofia da autoria de Nigel Warburton é um livro composto por 24 capítulos, em que cada um incide sobre uma grande obra filosófica. Para além de apresentar as obras e dar dicas para uma leitura crítica das mesmas, pretende convidar o leitor a ler ou a relê-las na íntegra. 

Entre outras, Nigel Warburton apresenta A República de Platão, O Contrato Social de Jean-Jacques Rousseau, Crítica da Razão Pura de Kant e O Ser e o Nada de Jean Paul Sartre. De forma simples o autor explica as características mais relevantes de cada um destes clássicos, e as questões filosóficas que abordam. Muitos dos livros incluídos nesta obra são também grandes obras de literatura.

“Nigel Warburton nasceu em 1962, é doutorado em filosofia pela Universidade de Cambridge e professor na Universidade Aberta britânica. Os seus livros de apresentação da filosofia — tanto para o grande público, como para jovens estudantes — têm tido um sucesso assinalável e merecido. (…)
O que há de especial nos livros mais bem conseguidos de Warburton é a explicação das ideias complexas da filosofia de uma maneira muito direta e simples, mas sem cair na caricatura grotesca.”

Desidério Murcho

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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Livro do mês: Tudo é relativo de Tony Rothman


Morse inventou o telégrafo, Bell o telefone, e Edison a lâmpada... ou isso é o que somos levados a pensar. Numa disciplina tão enraizada em dados empíricos, surpreendemo-nos ao descobrir como a história da ciência pode estar tão cheia de apócrifos, incorreções e falsidades flagrantes. Em 'Tudo é relativo', o escritor e físico Tony Rothman corrige esses enganos de uma vez por todas, dando crédito àqueles que o merecem ao pôr fim a séculos de crenças mantidas ao longo da ilustre, mas ainda sim distorcida, história da ciência e tecnologia.

Fonte: www.wook.pt

"Combinando um talento de romancista com o rigor do cientista, o autor revela muitas histórias «porque sim» da física, da astronomia, da química, da biologia e da tecnologia. Nestas histórias o autor procura mostrar que as descobertas originais são a excepção, em vez da regra, sendo estas, quase sempre desenvolvimentos de criações de outros. 
“Napoleão disse certa vez: «A história é uma lenda com que concordamos.» Talvez fosse «fraude». De acordo com os entendidos, fez este comentário após Waterloo, quando Wellington lhe perguntou qual era a sensação de sofrer a derrota mais monumental da história. Napoleão respondeu: «A história é uma fraude com que concordamos», e foi exilado.
Este livro é o passeio de um amador pela história da ciência. Não é um livro sério. Os historiadores profissionais desdenharão, considerando que aquilo que digo é bem conhecido e que terei passado ao lado do que é realmente importante: os pormenores angustiantes. Os cientistas profissionais encolherão os ombros e dirão: «O que é que isto interessa? Nada disto afecta o curso do progresso.» Uns e outros provavelmente correctos. Agradeço aos historiadores a sua diligência, que pilhei sem piedade. Aos cientistas direi que, bem, sou um profissional e, se não pudermos lucrar com os erros dos nossos antepassados, poderemos ao menos entreter-nos com eles. (…)”

Excerto do prefácio

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sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Viagem ao mundo da Filosofia II: Investigação sobre o entendimento humano de David Hume

An Enquiry Concerning Human Understanding (em inglês) é o título original de Investigação sobre o Entendimento Humano, livro do filósofo escocês David Hume, publicado em 1748.

Esta obra é uma simplificação de um livro anterior do autor, chamado Tratado da Natureza Humana. Desapontado com a recepção da obra inicial, Hume tenta neste livro expor as suas ideias de forma mais sintética e com um sentido mais pedagógico. O tema central da obra como o título indica é o conhecimento. David Hume discute nesta Investigação um problema filosófico fundamental: a questão dos «limites do conhecimento», e o tema de uma ciência do homem enquanto base de todos os ramos do saber.

Esta obra influenciou muitos pensadores, tanto nos anos seguintes ao seu lançamento como nos dias de hoje. 

A obra encontra-se dividida em 12 capítulos:

I- "Das diferentes espécies de filosofia"
II- "Da origem das ideias"
III- "Da associação de ideias"
IV- "Dúvidas cépticas sobre as operações do entendimento..."
V- "Solução céptica dessas dúvidas"
VI- "Da probabilidade"
VII- "Da ideia de conexão necessária"
VIII- "Da liberdade e necessidade"
IX- "Da razão dos animais"
X- "Dos milagres"
XI- "De uma providência particular e de um estado futuro"
XII- "Da filosofia académica ou céptica".

“(…) O propósito nuclear de Hume, que não se distingue do de muitos filósofos, antes e depois dele: [é] alcançar um fundamento sólido, sobre o qual se edifique todo o saber humanos, sobretudo o das ciências. Se, para Descartes, a raiz da filosofia, enquanto árvore do saber, era a metafísica, sendo o tronco a física e os ramos as outras ciências, para Hume, a raiz é a teoria da natureza humana, mas uma teoria empírica do homem. Foi convicção sua que uma teoria, cujo objecto reside nas faculdades intelectuais e psíquicas do homem, deveria constituir a base última de todas as ciências. (…)

Excerto da advertência do Tradutor, Artur Morão

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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

50 mil visitantes!

Quase a comemorar 5 anos de existência, com mais de 400 publicações e 29 seguidores o blog Leituras Cruzadas atingiu os 50 mil visitantes!

Sem público o Blog não faz sentido e por isso queremos agradecer a quem ajuda a manter o blog vivo e festejar este número.

Para o fazer temos 2 livros para oferecer!


Para participar neste passatempo tem de ser ou tornar-se seguidor do blog e fazer like na página da biblioteca no Facebook.

Depois é só preencher correctamente o questionário “Vamos festejar”.

Os vencedores serão escolhidos por sorteio, só participando neste aqueles que acertarem em todas as respostas do questionário!

São aceites participações até ao dia 31 de Outubro e os vencedores serão anunciados aqui no Blog, dia 2 de Dezembro.

Viagem ao mundo da filosofia I: Mais Platão, menos Prozac


Todos procuramos equilíbrio, bem-estar, um estado de harmonia entre nós e o mundo. É quando a nossa esfera emocional se lesa que tendemos a reflectir sobre a problemática da vida: Porque existo? Qual os sentido da vida? Em determinado momento, recorremos a psicólogos, psiquiatras, terapeutas familiares, e a solução para o nosso problema culmina, muitas vezes, com um «diagnóstico» e não tanto com um «diálogo». Porque a chave da nossa felicidade está sempre em nós, o aconselhamento filosófico é uma prática que procura, à luz da filosofia, ajudá-lo, por si, a resolver os problemas do quotidiano. Este livro pode ser uma preciosa ajuda para que se encontre consigo e combina uma miríade de casos de estudo com uma premissa de ouro: a verdadeira paz atinge-se por meio de contemplação, não dos medicamentos.

Fonte: contra-capa do livro

“Filósofo, Lou Marinoff é o principal líder, nos Estados Unidos, da nova corrente de pensamento que retira a filosofia do campus universitário e a devolve ao quotidiano do cidadão. Utiliza as obras dos maiores pensadores da história da Filosofia para ajudar as pessoas a refletir sobre a resolução de seus próprios problemas. No aconselhamento filosófico proposto pelo autor de Mais Platão, Menos Prozac! A Filosofia Aplicada ao Quotidiano), os filósofos são o ponto de partida para pensar em questões corriqueiras como conflitos amorosos, mudanças profissionais e o temor da morte.”

Fernando Nogueira da Costa

Mais informação sobre o autor e a sua obra:

http://www.loumarinoff.com/index.htm
http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT965168-1666,00.html
http://www.mulherportuguesa.com/temposlivres/item/16621-mais-platao-menos-prozac

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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Viagem ao mundo da filosofia

Celebra-se no próximo dia 21 de Novembro o Dia Mundial da Filosofia. Esta data é celebrada anualmente na terceira quinta-feira de Novembro e foi estabelecida em 2005 pela UNESCO com o objectivo de mostrar a importância desta disciplina, sobretudo para os mais jovens, como uma disciplina que encoraja o pensamento crítico e independente e que nos dá ferramentas para melhor compreender o mundo e promover a tolerância e a paz.

De forma a assinalar esta data, até ao dia 21 de Novembro, destacaremos semanalmente um livro relacionado com esta temática!

António Oliveira in Diário de Notícias de 26 de Fevereiro de 2011


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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Alice Munro - Prémio Nobel da Literatura, 2013


Nascida na província canadiana de Ontário em 1931, a escritora Alice Munro venceu Prémio Nobel da Literatura - 2013, atribuído pela Academia Sueca, que nela reconheceu um “mestre do conto contemporâneo”. Munro recebera já alguns dos mais importantes prémios literários, incluindo, em 2009, o prestigiado Man Booker International Prize, e era há muito uma candidata recorrente ao Nobel da Literatura.

Nascida numa família de criadores de raposas, Alice Munro começou a escrever na adolescência, tendo publicado o seu primeiro conto, The Dimensions of a Shadow, em 1950, quando frequentava a universidade. 

A sua primeira colectânea de histórias, Dance of the Happy Shades, saiu em 1968 e foi um sucesso imediato, tendo ganho o mais importante prémio literário canadiano e recebido o elogio unânime da crítica. O livro seguinte, Lives of Girls and Women (1971), é ainda hoje o seu único romance, e não falta quem ache que se trata, na verdade, de uma sucessão de contos articulados entre si.

Munro publicou mais de uma dúzia de colectâneas de histórias curtas, muitas delas editadas em Portugal pela editora Relógio d’Água, incluindo a mais recente, Amada Vida (Dear Life, 2012), traduzida pelo poeta José Miguel Silva.


“[Alice Munro] nunca ascendeu ao estrelato nem alimentou o grande circo literário mundial. Os livros de Munro nunca foram objecto de estrondosas campanhas de marketing, antes se mantiveram como bons segredos partilhados entre pessoas que se querem bem. (…) a escritora compatriota de Munro, Margaret Atwood [afirma] «Não vemos o seu nome nos cartazes das livrarias. Chega-se a ela como por acaso ou destino, mergulha-se e pousa-se o livro a pensar: De onde veio Alice Munro? Por que não me disseram antes? Como tal excelência parece ter vindo do nada?»

(…) A aparente simplicidade da sua escrita aproxima os seus contos do tom íntimo daquilo que, em música, se chama peças de câmara. Destinam-se a ser executadas por um pequeno grupo de músicos, para um pequeno grupo de ouvintes…”

Martins, Maria João – Alice Munro, Prémio Nobel Literatura de Câmara. 
Jornal de Letras Artes e Ideias nº 1123 (16.10.2013), p. 17

terça-feira, 15 de outubro de 2013

As vinhas da ira de John Steinbeck

As vinhas da ira foi um livro publicado pelo escritor norte-americano John Steinbeck, no ano de 1939. 

A narrativa decorre durante a Grande Depressão iniciada nos EUA em 1929 e que só neste país provocou um desemprego de 25% e uma redução salarial a mais de 30% de americanos.

O romance “trata do êxodo de uma família de lavradores que, vendo-se reduzida à miséria por uma tempestade de areia em Oklahoma, resolve emigrar para a Califórnia à procura de uma nova vida. A luta que todos os membros da família Joad sustentam na sua exaustiva jornada contra os elementos e os homens e, até, contra o próprio meio de transporte, a coragem de que dão provas, a generosidade de alma que afirmam, a humaníssima capacidade de, apesar de tudo, fraternizarem uns com os outros e com os seus semelhantes trazem um sopro de epopeia, raro, mesmo hoje, em livros de idêntica ou parecida inspiração[1].

As vinhas da ira é uma obra que se assume como um clássico do século XX e constitui um “retrato realista e inquietante de uma América rural, vergada ao poder dos grandes proprietários, mergulhada na miséria e no desespero[2]. Esta obra valeu ao autor o Prémio Pulitzer em 1939 e foi adaptada ao cinema por John Ford em 1940.

John Steinbeck recebeu o prémio Nobel da Literatura em 1962 pela sua escrita realista e imaginativa, combinando humor com uma percepção nítida e clara da realidade. 

Curiosidade: 75 anos volvidos sob a sua publicação, o Centro John Steinbeck refaz o caminho da recessão nos EUA repetindo os 2735 quilómetros percorridos pelo clã de Tom Joad no romance de John Steinbeck. 

Para saber mais consulte:

http://www.ionline.pt/artigos/mais/vinhas-da-ira-estrada-fora-os-joads-75-anos-depois
http://www.steinbeck.org/

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[1] Fonte: badana do livro
[2] Colecção Mil Folhas: Guia de Leitura. Porto, Público, 2004

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Vindima de Miguel Torga





Vindima é o primeiro romance da autoria de Miguel Torga. Publicado em 1945 constitui uma homenagem ao Douro, às suas gentes e às suas paisagens. Um livro para todos os que amam esta extraordinária região.








Excerto do prefácio do autor à tradução inglesa:

Querido leitor:

Vais ler um livro que eu hoje teria escrito doutra maneira. Cingido à realidade humana do momento, romanceei um Doiro atribulado, de classes, injustiças, suor e miséria. E esse Doiro, felizmente, está em vias de mudar. Não tanto como o querem fazer acreditar certas más consciências, num, enfim, em muitos aspectos, e sensivelmente diferente do que descrevi. Desapareceram os patrões tirânicos, as cardenhas degradantes, os salários de fome. As rogas descem da Montanha de camioneta, a alimentação melhorou, o trabalho é menos duro. Também o rio já não tem cachões, afogados em albufeiras de calmaria.

E, contudo, julgo sinceramente que não cansarás ingloriamente os olhos na contemplação do painel que pintei. Conhecer o passado ajuda às vezes a entender o presente.

******
“Este magnífico romance de Miguel Torga foi injustamente considerado como obra menor aquando da sua publicação em 1945. As preocupações sociais e a solidariedade apaixonada do seu olhar sobre o povo aproximam Vindima das ficções neo-realistas. O que distingue este romance é antes de mais a deslumbrante escrita de Miguel Torga. No entanto, trata-se de um romance voluntariamente realista e que aponta, sem sombra de dúvida, na direcção de uma profunda transformação da sociedade

Torga exprime o seu amor à terra, à sua rudeza, à sua grandeza - e ao povo que dela vive e aluga os braços em ocasiões difíceis, para sobreviver. As personagens que cria não são apenas ilustração de estamentos sociais diversos em conflito social. São-no, sem dúvida, mas representam a variedade da vida: a saúde e a doença, o desejo, a ambição, a vaidade, o remorso, a alegria. O narrador pinta quadros provincianos e rurais de festa, de ostentação, de primavera e de desgraça. O Dr. Bruno é o citadino em férias, convidado pelos Meneses, que, mal aceite pela poetisa Catarina, da família senhorial, seduz Guiomar, filha de um arrivista implacável com os trabalhadores. A teia do romance é vasta e complexa. Trás-os-Montes aparece-nos nos vindimadores da roga, nos seus derriços e na sua raiva contra os que os humilham. Iládio mostra-se abusador e covarde; Alberto, generoso e infeliz, acaba por morrer. A roga torna à montanha, a S. Martinho, o Dr. Bruno furta-se às suas responsabilidades. A mesma vida injusta, dura para uns, dadivosa para outros, segue o ciclo dos dias.”

Urbano Tavares Rodrigues
(acedido a 10.10.2013)

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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Casas pardas de Maria Velho da Costa

A acção do livro tem lugar em Lisboa, no final da década de 1960, em pleno regime salazarista, com uma crise política e social, rumores da Guerra Colonial e tumultos estudantis como pano de fundo. Em primeiro plano estão as vidas, ou ‘casas’, de três mulheres: Elisa, Mary e Elvira.

De acordo com Mário de Carvalho este livro é “um maravilhoso torvelinho de linguagens, uma evocação concreta e exata de comportamentos sociais de várias classes no final do fascismo, uma revisitação dos lugares da literatura e da poesia (também nas suas vertentes populares), uma polifonia de falas genialmente captadas, uma subversão endiabrada dos processos narrativos e uma prática de jogos de linguagem que lembram o barroco, mas também os grandes efabuladores do século XVIII, como Fielding ou Sterne. A ironia e a réplica acerada pairam em todo o romance, repartido em várias "casas", pluralidade de focos que centram uma escrita em que passado e presente, a concretude do quotidiano mais trivial, mas também a citação literária de vários graus, ou mesmo a toada infantil, a reflexão às vezes iluminada, de envolto com o paradoxo e a paródia, nos desafiam página a página.”1

Em 1977, a obra Casas Pardas foi distinguida com o Prémio Cidade de Lisboa.

Mais informação sobre esta obra:

Casas Pardas. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-10-08].
Disponível na www: 

"[Recensão crítica a 'Casas Pardas', de Maria Velho da Costa]" / Maria Alzira Seixo. In: Revista Colóquio/Letras. Recensões Críticas, n.º 47, Jan. 1979, p. 90-91.  [Consult. 2013-10-08]
Disponível na www: 

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[1] Fonte: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=653346

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Livro do mês: sensibilidade e bom senso de Jane Austen

Sensibilidade e Bom Senso de Jane Austen
Mem Martins : Europa-América, [19-?]. 233 p.

Sensibilidade e Bom Senso publicado em 1811, é o primeiro romance da autora inglesa Jane Austen
O romance conta a história de duas irmãs, Elinor e Marianne Dashwood. Com a morte do seu pai, as irmãs são deixadas numa frágil situação financeira, já que a herança que recebem é pequena, em contraposição com a parte que coube ao seu irmão John Dashwood, a quem é legada a propriedade da família. Como este se recusa a ajudá-las, elas vêem se forçadas a mudar de residência. Esta mudança implica em simultâneo uma mudança na sua condição de vida.
Esta é a história de duas irmãs, em que uma personifica a sensibilidade, e a outra o bom senso.
Uma história que proporciona ao leitor um retrato social e psicológico da pequena burguesia do século XVIII.

Excerto:

“Muitas foram as lágrimas que deitaram, no seu último adeus a um lugar tão querido. «Querida, querida Norland!», disse Marianne quando vagueava sozinha em frente de casa, na sua última noite lá passada. «Quando deixarei de sentir a tua falta?... Quando aprenderei a sentir-me em casa noutro lado?... Oh! Casa feliz, poderás saber o que sofro, observando-te deste sítio, de onde talvez nunca mais te aviste!... E vocês, bem conhecidas árvores… vocês continuarão na mesma? Nenhuma folha cairá por nós partirmos, nenhum ramos se tornará hirto, apesar de não vos podermos observar mais?... Não. Continuarão na mesma, inconscientes do prazer ou do desgosto que provocam e insensíveis a qualquer mudança dos que sob a vossa sombra passeiam!... Mas quem fica apreciar-vos-á?»”

"Sensibilidade e Bom Senso" tocou-me por ser um livro cheio de emoção e sentimento, bem como repleto de personalidades e, se por vezes, me identificava mais com Elinor, outras ocasiões revia-me em Marianne e, foi a meu ver esta vastidão de formas de ser, agir e comportar que tornou este clássico numa leitura, não só envolvente e cativante, mas também apelativa ao meu coração romântico de leitora que esteve até ao fim a torcer por desfechos felizes tanto para Elinor como para Marianne.”
Diana Barbosa

Esta obra foi adaptada ao cinema em 1995. O filme foi realizado por Ange Lee, e conta no seu elenco com os seguintes autores James Fleet, Tom Wilkinson, Harriet Walter, Kate Winslet, Emma Thompson e Hugh Grant.

Requisite o livro na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil e visionei o filme na Biblioteca Municipal.

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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Dia Mundial do Turismo

Desde 1980 que se assinala a 27 de Setembro o Dia Mundial do Turismo

Este ano a comemoração da data está centrada no tema: Turismo e água: protegendo o nosso futuro comum. Em consonância com o Ano Internacional das Nações Unidas de Cooperação pela água, pretende-se assim, nesta data, destacar a responsabilidade deste sector económico e o seu necessário compromisso para com a preservação dos recursos hídricos vitais do mundo.

O sector do turismo é uma força poderosa capaz de enfrentar este desafio, oferecendo soluções eficazes voltadas para um futuro mais sustentável da água. Com mais de um bilhão de pessoas em viagem internacional a cada ano, o turismo também pode ser um importante veículo de sensibilização e mudança de comportamentos.

Saiba mais em:

http://www.un.org/en/events/tourismday/

http://www.unwater.org/water-cooperation-2013/en/

http://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/FIELD/Brasilia/pdf/brz_sc_year_water_cooperation_presskit_pt_2013-2.pdf

Na Biblioteca Municipal de Arganil pode consultar as seguintes obras relacionadas com esta temática. Obras que o ajudarão a descobrir Portugal e o Mundo e quem sabe a programar o itinerário para a sua próxima viagem ou passeio. 

Citando Hugo Valter Mãe “As bibliotecas são como aeroportos. São lugares de viagem. Entramos numa biblioteca como quem está a ponto de partir”. 
Colecção Portugal Passo a Passo: uma obra em 10 volumes ricamente ilustrada sobre as várias regiões do nosso país. São apresentadas as riquezas naturais, os principais monumentos, os aspectos culturais, o artesanato e a gastronomia de algumas das vilas e cidades mais emblemáticas de Portugal. Um excelente guia para programar o seu próximo passeio ou viagem!

Colecção Geografia Universal: grande atlas do século XXI (18 vol.): um instrumento indispensável para o enriquecimento cultural sobre a geografia do mundo. Com uma rica galeria fotográfica, esquemas cartográficos esta é uma obra que sugere um fascinante percurso visual pela geografia territorial e humana.

Colecção Os lugares e a história (13 vol.): Uma colecção de livros de Viagem, sonho e descoberta. Escritos por grandes especialistas, os volumes desta colecção permitem um melhor conhecimento dos países e cidades cuja história foi determinante para o desenvolvimento da Humanidade.

Para saber que outras obras temos sobre esta temática aceda ao catálogo concelhio e faça a sua pesquisa!

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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Adeus António Ramos Rosa

Faleceu ontem à tarde o poeta António Ramos Rosa.

Nascido em 1924, António Ramos Rosa é um destacado poeta e crítico português. Trabalhou como tradutor e professor. O seu primeiro livro de poesia “O grito claro” foi publicado em 1958.

Entre outros prémio recebeu em 1988 o Prémio Pessoa, em 2006 o prémio PEN Clube Português e o Grande Prémio de Poesia Associação Portuguesa de Escritores/CTT - Correios de Portugal pela obra Génese (2005); em 2006 o prémio Luís Miguel Nava pelas obras de poesia publicadas no ano anterior: Génese e Constelações.

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o rneu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração


António Ramos Rosa

Para saber mais consulte:

http://www.infopedia.pt/$antonio-ramos-rosa;jsessionid=ZvlSPSA5UcayQ+M04hQjTw__
http://antonioramosrosa.blogspot.pt/
http://www.publico.pt/cultura/noticia/morreu-antonio-ramos-rosa-1606787
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Ramos_Rosa

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Solta palavra



A revista Solta Palavra é uma revista dedicada à literatura para a Infância e Juventude da responsabilidade do CRILIJ - Centro de Recursos e Investigação sobre Literatura para a Infância e Juventude.

O mais recente número foi publicado em Abril de 2013 e tem como temática central “Literatura infantil e juvenil e cidadania”.

Uma revista que pode ler directamente no site, imprimir ou descarregar de forma totalmente gratuita.

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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Novidade na Biblioteca: Os inconsolados de Kazuo Ishiguro


«Os inconsolados são uma obra-prima, pela originalidade da concepção, pelas intenções e pela execução irrepreensível. Trata-se, acima de tudo, de um romance dedicado ao coração humano e, como tal, da maior dádiva de Ishiguro até hoje»

The Times

Os inconsolados é um livro da autoria de Ishiguro Kazuo, publicado pela primeira vez em 1995 e vencedor do Cheltenham Prize.

Trata-se de uma história que decorre num período de três dias, e cujo personagem central é um pianista famoso, Ryder.

Este chega a uma cidade da Europa Central para dar o concerto da sua vida, mas parece que perdeu quase toda a sua memória. Perdido num ambiente surreal e onírico, em que a realidade se confunde com o sonho, Ryder luta para conseguir respeitar os seus compromissos. 

Os inconsolados constitui em simultâneo um emocionante mistério psicológico, uma sátira perversa do culto da arte e um comovente estudo de personagem. Uma obra que apesar de ter dividido a crítica foi incluída na lista dos 50 livros mais agradáveis do século XX (Sunday Times)

Kazuo Ishiguro nasceu em Nagasáqui (Japão) em 1954 e mudou-se para a Inglaterra aos 5 anos. É autor, entre outros, de Os despojos do dia (1989, vencedor do Booker Prizer) e Quando éramos órfãos (2000). Em 1995 foi feito OBE (Oficial da Ordem do Império Britânico) por serviços prestados à literatura e em 1998 recebeu a condecoração de Chevalier de L’Ordre des Arts et des Lettres da República Francesa.


Livro disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil

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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Natália Correia: personalidade vigorosa e polémica

Faria hoje 90 anos, se fosse viva. 

Natália Correia nascida a 13 de Setembro de 1923 na Ilha de São Miguel, nos Açores faleceu no dia 16 de Março de 1993. 

Locutora, jornalista, cronista, poeta, prosadora, dramaturga e deputada ficou conhecida como dona de uma personalidade vigorosa e polémica. “Excessiva e transbordante, a sua escrita ameaçava os que não a conseguiam entender, e desafiava os que não tinham a sua coragem.”[1] Deixou-nos uma vasta obra literária, que abrange o conto, o romance, o ensaio, o teatro e a poesia. 

“Confesso que só conhecia uma faceta da múltipla personalidade de Natália. Conhecia a mulher de boquilha desafiadora, de paixões arrebatadas e pose deslumbrante, que frequentava tertúlias. A escritora polémica e talentosa, e a deputada possuidora de um sentido de humor muito especial, com brilhantes intervenções na Assembleia da República, ridicularizando episódios da vida parlamentar. A apresentadora do programa de televisão dos anos 80 “Mátria”, de forte presença, gestos teatrais e voz singular, que tinha tanto de extraordinária quão de assustadora.
Mas Natália é muito mais que isso… Natália possuía uma multiplicidade de carácter, que a torna até um ser por vezes contraditório. Capaz de enfrentar os maiores desafios com toda a frontalidade, sabia também ser dissimulada. Por detrás da aparente agressividade – que funcionava como defesa – esconde-se uma mulher frágil, terna e dócil, por vezes ingénua, capaz dos maiores actos de generosidade.”

Paulo Marques – Cadernos biográficos: Natália Correia 
Lisboa: Pareceria A. M. Pereira, 2008

Auto-retrato

Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.

Natália Correia in Poesia Completa
Publicações Dom Quixote, 1999


Aceda ao Catálogo da Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil para saber que livros da autora temos disponíveis para si!

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[1] Maria Amélia Clemente Campos in Público nº 8556 (13.09.2013)