quarta-feira, 23 de abril de 2014

Leitora - um poema de Maria Teresa Horta

Leitora de Maria Teresa Horta

Confesso o vício de ler
afago
cada palavra

Bebo o feitiço das histórias
cada rosa cada asa
por onde a busca se enlaça

Revolvo-me na ruptura
ou na ternura descalça
onde a caneta sutura

Tomo o corpo da leitura
enredo-me no seu abraço
ora vestida ora nua

Ao longo deste prazer
não há nada que eu não faça
em entrega e em devassa

Indo mais longe no ler
encontro o cisne e a rola
na tocaia do prazer

Tenho a paixão da leitura
teima na escrita do perigo
e estremeço de prazer ao entreabrir um livro

Corro as mãos nas suas espáduas
desnudo frases de feltro
afloro as suas pálpebras

Entrelaço as consoantes
com as vogais e o enredo
diante das fantasias no sobressalto do medo

Descubro escusas passagens
pelas cisternas dos livros
ao desfolhar suas páginas

Na entrega e no sustido
nas lágrimas e no sorriso
entre o ardil e o tigre

Ora cumprindo
a harmonia
ora querendo a transgressão

Sou uma leitora voraz
tenho um trato com a audácia
e outro com o perdimento

Entre a leitura e a escrita
existe um espaço sedento
rebeldia e firmamento

Digo tempo e confissão
das cartas das bibliotecas
das literaturas secretas

Corro nas linhas dos livros
tropeçando
de avidez

Na cama quero as palavras
Enoveladas errantes
com elas sou viajante

No rumo da minha
vida
estão os livros e as estantes

Gosto de beber o cheiro
do interior da leitura
temperado com canela e as coisas obscuras

Deleito-me com a poesia
endoideço com o romance
esquivamento das mulheres

com a sua escrita de leite
de linho e alquimia
de aço rumorejante

Encontro a rima cismada
dobo a palavra a vapor
na teima de quem porfia

Vou em busca do fulgor
corro atrás da literatura
dos textos e da leitura

Sou dependente dos livros
sem eles posso morrer
perco-me de tão perdida se proibida de ler

In: Pessoa: Revista de Ideias
Nº 4 (Setembro de 2011)

terça-feira, 22 de abril de 2014

A leitura no ecrã

Na revista Super Interessante nº 193 (maio 2014) pode ler-se um interessante artigo intitulado “Do papel para o digital: A leitura no ecrã”. Trata-se em simultâneo de uma incursão sobre as novas tecnologias e dispositivos que temos ao nosso dispor para ler e de uma reflexão do impacto destas na forma como se lê!

Para ler em formato digital não basta apenas saber ler, é necessário ter conhecimentos de informática e de tecnologia e estar em permanente actualização. De acordo com José Afonso Furtado a prática da leitura digital implica novas competências para a apropriação do texto: é necessário saber navegar, saber avaliar e seleccionar, organizar e saber reencontrar a informação quando dela necessitamos. 
“A escrita e a leitura linear, tão características do texto manuscrito e impresso, cedem espaço à sua versão não-linear, potencializada pelo hipertexto e pelas hiperligações digitais, permitindo fácil acesso a outros documentos ou pedaços de informação. A leitura linha a linha, em que somos compelidos a ler do princípio ao fim do texto, passa a ter como rival uma outra que é fragmentada. Qual a vantagem? Apesar de se saltar de um pedaço de informação para outro, temos um tipo de leitura que pode ser construído à medida de cada leitor, moldado por ele, com o caminho percorrido a ser determinado segundo aquilo que quer saber e ler. O revés? O grande problema é que o hipertexto parece totalmente desadequado para uma leitura de profundidade, limitando a capacidade de produzir pensamentos complexos enquanto se lê.”
Esta nova tendência no modo de ler divide os investigadores: será esta forma de leitura melhor ou pior do que a tradicional?

Embora já existam diversos estudos sobre o impacto da leitura digital na mente humana, uma coisa é certa: os dois modelos de leitura ainda coexistirão durante algum tempo, caberá ao leitor seleccionar o modelo que mais se adequa ao que pretende ler e com que fim. 

Leia, porque ler é um prazer!

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Dia Mundial do Livro - 23 de Abril


Excerto da Mensagem de Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO 

A história da palavra escrita é a história da humanidade. 

O poder dos livros para promover a realização individual e criar mudança social é inigualável. Íntimo, mas profundamente social, os livros proporcionam amplas formas de diálogo entre indivíduos, nas comunidades e através do tempo. 

Como Malala Yousafzai, a estudante paquistanesa que foi baleada pelos Taliban por ir à escola, disse no seu discurso nas Nações Unidas: 

“Vamos pegar nos nossos livros e nas nossas canetas. Eles são as nossas armas mais poderosas.” 

No Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, a UNESCO convida todas as mulheres e todos os homens a reunirem-se em torno dos livros e de todos aqueles que escrevem e produzem livros. Este é um dia para celebrar os livros como a incorporação da criatividade humana e o desejo de compartilhar ideias e conhecimento, de inspirar compreensão e tolerância. 

Os livros não estão imunes a um mundo de mudanças, caracterizado pelo advento dos formatos digitais e pela transição para a partilha de conhecimentos, por meio da abertura de licenças de uso. Isso significa mais incertezas, mas também novas oportunidades (…). 

Ao defender os direitos autorais e o livre acesso, a UNESCO advoga pela criatividade, pela diversidade e pelo acesso equitativo ao conhecimento. Trabalhamos em várias direções (…) 

Em tudo isso, o nosso objetivo é claro – encorajar autores e artistas e assegurar que mais mulheres e homens beneficiem da alfabetização e dos formatos acessíveis, porque os livros são as nossas forças mais poderosas para a erradicação da pobreza e a construção da paz.

Leia a mensagem na íntegra em:

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Para assinalar a data realiza-se no dia 23 de Abril, pelas 21.00 horas, na Biblioteca Municipal de Arganil o “Primeiro Serão do Grupo de Leitores de Arganil”.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Não há famílias perfeitas de Marta Gautier


"Não há famílias Perfeitas" vem destruir o mito da família perfeita. Pressionadas por um sem-fim de teorias que não conseguem adaptar à sua realidade por fadiga, inadequação ou falta de tempo, as mães dos nossos dias vêem-se a braços com a olímpica missão de cumprir a perfeição em todas as áreas da sua vida e, sobretudo, na tarefa suprema da maternidade. Num tom confessional e genuíno com que todas as mães se identificarão, a psicóloga Marta Gautier pretende alertar para certos vícios e equívocos que se instalam nas relações familiares, e que, sem uma tomada de consciência, podem avolumar-se e agravar-se com o tempo. Com a ajuda deste livro, as mães de hoje perceberão, com alívio, que não há nem pode haver famílias perfeitas.

Fonte: contracapa do livro

Marta Gautier, psicóloga clínica especializada em competências parentais, em “Não há famílias perfeitas” apresenta um conjunto de episódios ficcionados, escritos na primeira pessoa, construídos a partir dos testemunhos reais dos seus pacientes. “Como Camila, que tem inveja da felicidade que vê nas outras famílias. Ou Ema, que confessa que há momentos em que não lhe apetece ir buscar os filhos à escola nem fazer o jantar e só quer ficar sozinha no seu canto. Ou Yara, que não amamenta o filho. Ou Rosário, que tem um filho terrível. Quem lê acaba sempre por se identificar com uma outra personagem e perceber que não é o único a angustiar-se.”[1]

Leia aqui o primeiro capítulo. Gostou? Então requisite o livro na Biblioteca Municipal de Arganil.

Leia, porque ler é um prazer!



[1] Maria João Caetano in DN Gente de 14.11.2009. Acessível em: http://www.dn.pt/gente/interior.aspx?content_id=1420060

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Saúde e bem-estar

Como forma de assinalar o Dia Mundial da Saúde, que se comemora anualmente a 7 de Abril, fizemos uma incursão à estante dedicada à temática e seleccionamos 3 livros como sugestão de leitura:

Saber comer, para melhor viver de Emílio Peres

“Alimentação e boa saúde? Não são difíceis de conciliar desde que se respeitem algumas regras simples para escolher, combinar e cozinhar alimentos e para satisfazer na medida certa as necessidades nutricionais ao longo da vida.
A alimentação saudável é uma forma racional de comer que assegura variedade, equilíbrio e quantidade justa de alimentos escolhidos pela sua qualidade nutricional e higiénica, submetidos a benéficas manipulações culinárias.”

Excerto do 1º capítulo do livro
Mulher 50 + 10 de Isabel do Carmo, Themudo Barata, Manuela Paçô e Maria João Fagundes
"Aqui pode encontrar os conselhos de diversos especialistas, que podem ajudar a resolver alguns dos problemas mais frequentes com que as mulheres se deparam ao se aproximarem da maturidade. A Prof.ª Isabel do Carmo, médica endocrinologista, trata os diversos temas que se prendem com a intimidade feminina e a nutrição à medida que os anos passam; o Prof.º J. L. Themudo Barata, médico especializado em medicina desportiva, realça a importância da actividade física para que tenha uma vida saudável; a Dr.ª Manuela Paçô, médica dermatologista, ensina-a a conviver com a pele madura, melhorando o seu aspecto e retardando o envelhecimento, bem como a ter atenção a diversos aspectos na aparência da mesma que podem ser preocupantes; a Dr.ª Maria João Fagundes, psicóloga, aborda as questões mais frequentes com que a «mente» de uma mulher se depara com o decorrer do tempo: a auto-estima, a depressão, o sexo, o trabalho, o amor..."

Atividade física e saúde na terceira idade de Pilar Pont Geis

Elaborada a partir da experiência prática da autora, Atividade Física e Saúde na Terceira Idade - Teoria e Prática é uma obra decisiva no campo da actividade física para a terceira idade, aborda todos os aspectos que envolvem essa faixa etária e que podem intervir na melhoria da sua qualidade de vida:

· Os aspectos físicos, psíquicos e sociais do envelhecimento;
· Os cuidados com o corpo;
· A alimentação;
· A vivência de uma vida saudável e independente;
· A importância da prática da atividade física.

 Leia, porque ler é um prazer!

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Ebooks, leitura e bibliotecas

Da autoria de Carlos Pinheiro, professor bibliotecário e coordenador interconcelhio da Rede de Bibliotecas Escolares, a RBE, acaba de publicar o nº 5 da colecção “Biblioteca RBE”, intitulado EBooks e Bibliotecas

Neste trabalho o autor faz uma breve introdução sobre o que são os Ebooks, a sua evolução ao longo do tempo e o seu impacto nos modos de ler, bem como sobre o papel das bibliotecas neste novo contexto, o contexto digital.

É sem dúvida um texto que vale a pena ler!

Aqui
ou
aqui.

Leia, porque ler é um prazer!

terça-feira, 1 de abril de 2014

Livro do mês: O último cabalista de Lisboa de Richard Zimler


O Último Cabalista de Lisboa, de Richard Zimler, é um romance histórico que tem como pano de fundo as perseguições aos judeus portugueses em finais do século XV, inícios do século XVI, durante o reinado de D. Manuel, e como personagem central Berequias Zarco, descendente de uma família de cristãos novos residente em Alfama. Abraão Zarco, o patriarca da família, iluminador e mestre respeitado da escola cabalística de Lisboa, fora assassinado em circunstâncias pouco claras durante os terríveis acontecimentos que marcaram a Páscoa de 1506, em que dois mil judeus foram mortos e os seus corpos queimados no Rossio. Vinte e três anos passados, Berequias Zarco, sobrinho de Abraão, recebe, na sua casa em Constantinopla, a visita de um jovem que lhe entrega as chaves da velha casa de Lisboa, e entende esse acontecimento como uma ordem do tio para regressar a Portugal. 

O Último Cabalista de Lisboa é o mais conhecido dos romances – já traduzidos em várias línguas – que o autor dedicou à saga da família Zarco. Richard Zimler, nascido em Nova Iorque em 1956, foi jornalista durante mais de dez anos no seu país. A residir em Portugal desde 1990, é actualmente professor de jornalismo na Universidade do Porto e tem a dupla nacionalidade, portuguesa e americana.

Mário Braga

Para saber mais sobre o autor, a sua obra e o seu trabalho, consulte:
http://www.zimler.com/conteudo.php


Leia, porque ler é um prazer!