sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A escrita

Tal como a leitura, a aprendizagem da escrita terá de passar por várias fases, uma vez que para escrever não basta usar sinais gráficos, está implícito o sistema sintáctico e o semântico. Para além de conhecer o alfabeto é importante o domínio dos fonemas, que podem corresponder aos grafemas e às regras gramaticais que os regem. A aquisição das formas gráficas é lenta e não é igual para todas as crianças.

Escrever bem, é um processo de comunicação dos mais complexos, pois não só exige competências no falar, mas também competências de uma boa organização de ideias que as tornem compreensivas, para quem as ler. Escrever, exige uma planificação daquilo que se pretende transmitir e não só o uso de um código escrito; a seguir ao domínio das capacidades de uma recodificação (escrever o que se ouve), é preciso ter a capacidade de escrever (transmitir o pensamento).

“Para dominar a linguagem escrita é necessário um verdadeiro processo de aprendizagem, em larga medida dependente do meio e de experiências mais ou menos formais destinadas a facultar essa aprendizagem.” (Castro, e Gomes, 2000).

A aquisição da leitura e da escrita deve ocorrer num ambiente onde não haja medos nem receios, tendo em conta o seu ritmo de aprendizagem e o seu desenvolvimento. A criança deve estar envolvida em experiências significativas para que esta aprendizagem se efectue com êxito. Para que isso aconteça o professor deve dar a possibilidade à criança de compreender a linguagem escrita como um instrumento de comunicação e um objecto de conhecimento. É um objecto que pode ser transformado, alterado, ou recriado através de trocas sociais. Assim sendo, a escrita deixa de ser uma habilidade motora para se tornar uma forma nova e complexa de linguagem.

Os contributos que a Psicologia e a Linguística têm trazido à actividade docente são muito valiosos, pelo que se torna vantajoso que todo o professor possa dispor dessa informação, pois ela permite-lhe tomar consciência dos diferentes processos de aprendizagem que ocorrem durante as fases de desenvolvimento da criança, assim como das diversas funções da linguagem e do modo como funciona a língua que todos falamos.

Só dominando os instrumentos que permitem conhecer melhor o aluno, apreender as diferentes realidades vividas pelas crianças, estando atento às suas dificuldades, o professor se encontra melhor preparado para exercer a sua acção pedagógica e conseguir que os educandos tenham sucesso.

Um professor atento e bem informado sabe que a escola pode fazer muito pelas crianças carenciadas inclusive, de afecto e de estímulo intelectual. Assim, deverá descobrir os métodos de ensino e estratégias diversificadas que melhor proporcionem aos alunos o domínio da língua falada e escrita, que correspondam ao interesse do aluno e tenham significado para ele. O aluno encontrará assim, o incentivo para o seu crescimento e um desafio, ou convite ao prazer, de descobrir e aperfeiçoar a sua própria aprendizagem.
Maria João Cavaleiro
Professora bibliotecária

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pordata

Está disponível a partir de hoje na Internet um novo portal que disponibiliza informação estatística sobre os contextos políticos, sociais e culturais de Portugal dos últimos 50 anos, de forma fácil e simples.

Este Portal foi criado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e o projecto é liderado pelo investigador António Barreto.

De acordo com a edição de hoje do Jornal Público “esta iniciativa decorrerá em três fases fundamentais (…). A primeira, apresentada hoje, tem como objectivo a divulgação de dados, sobre Portugal, úteis para um público principalmente estudantil, do ensino secundário e universitário, professores e investigadores, mas também jornalistas, aparelhos administrativos e "todos os que precisem de dados"; a segunda fase decorrerá alguns meses após e debruça-se na divulgação de dados de Portugal em comparação com países europeus; a terceira fase tratará de disponibilizar dados referentes a municípios e regiões nacionais.”

Visite o Portal em http://www.pordata.pt/azap_runtime/ e descubra todas as potencialidades desta nova ferramenta!

O livro electrónico: mudança de suporte ou mudança de paradigma?

Ribeiro, Fernanda, O livro electrónico: mudança de suporte ou mudança de paradigma? In Revista Portuguesa de História do Livro, ano XI, nº 22 – 2007, pp. 333-353

O livro que conhecemos tem uma existência longa e é parte integrante da vida de todos nós. É veículo de informação e de conhecimento, objecto de cultura, de trabalho e de lazer e, ao mesmo tempo, um produto que se comercializa e se fabrica em contexto industrial, afigurando-se, por isso, também, como objecto de consumo e com fins lucrativos.

Em plena Sociedade da Informação e acompanhando o desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação, o “livro” mudou de aspecto, surgindo-nos hoje como algo quase imaterial, e em permanente dinamismo, por oposição à performance estática do livro tradicional. Estamos hoje perante uma nova realidade, o chamado livro electrónico ou e-book.

Fernanda Ribeiro, professora da faculdade de Letras da Universidade do Porto, reflecte neste artigo sobre o conceito, usos e funcionalidades do livro, conduzindo-nos a uma pergunta legítima: Será que o livro electrónico é ainda um livro? Ou representa apenas uma mudança de suporte?

Leia este artigo na íntegra ou consulte outros números da Revista Portuguesa de História do Livro na Biblioteca Municipal de Arganil.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Literacia informacional

Na revista Notícias Magazine nº 923 de 31 de Janeiro pode ler-se um interessante artigo sobre o uso da Internet intitulado “Geração copy/paste” que apresenta algumas das conclusões da investigação “A literacia informacional no espaço europeu do ensino superior: estudo da situação das competências da informação em Portugal”, coordenado por Armando Malheiro, docente e investigador em ciência da informação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Uma das conclusões do estudo é a constatação de que existem ainda grandes lacunas na chamada literacia informacional, entendida como “as competências e a capacidade selectiva e sintetizadora na busca e no uso da informação”.

Em poucos anos a Internet tornou possível o acesso à informação e ao conhecimento de uma forma global e acessível a todas as pessoas. Porém a evolução desta nova ferramenta foi tão rápida que quase não houve tempo para perceber como gerir toda essa informação, de que ferramentas precisamos para a transformar em conhecimento e aproveitar todas as suas potencialidades.

Os jovens interagem com estas novas tecnologias com uma facilidade impressionante, mas será que o seu nível de conhecimento está a acompanhar a facilidade com que actualmente conseguem aceder à informação?

“Pesquisar um tema é muito mais do que fazer copy/paste. É procurar várias fontes de informação, é comparar, analisar, seleccionar, transformar.” É ainda saber usar a capacidade de reflexão e ter espírito crítico.

Pode ler o artigo na íntegra na Biblioteca Municipal e se pretende obter mais informação sobre esta investigação consultar o sítio:
http://web.letras.up.pt/eLit/index.htm

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Dia da Internet Segura


O Dia da Internet Segura é organizado anualmente pela rede europeia Insafe. Este ano assinala-se no dia 9 de Fevereiro, sob o lema “Think B4 u post” (pense antes de publicar).
O objectivo fundamental desta data consiste em promover um uso mais seguro e responsável da Internet e dos Telemóveis, sobretudo entre as crianças e os jovens.

O site português SeguraNet, destinado a alunos, pais, encarregados de educação e professores, disponibiliza um conjunto de aplicações (in)formativas e interactivas sobre segurança na Internet e literacia digital e associa-se à celebração da Data propondo a reflexão em contexto escolar sobre as questões da Segurança na Internet. Para tal disponibiliza a partir de hoje um Guião de Exploração Passo a Passo, para desenvolvimento das actividades propostas.

Para saber mais consulte:

http://www.seguranet.pt/
http://www.saferinternet.org/web/guest/home

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Livro do mês: Contos de Inverno de Karen Blixen


BLIXEN, Karen - Contos de Inverno. Lisboa : Relógio d'Água, [D.L. 1988]. 301 p.

A segunda colectânea de contos de Karen Blixen, Contos de Inverno, foi publicada na Dinamarca em 1942, durante a ocupação alemã em plena segunda guerra mundial.

Depois do ambiente gótico, aristocrático e africano dos seus dois livros anteriores, em Contos de Inverno a autora regressa aos ambientes e paisagens dinamarqueses e a um estilo mais próximo da tradição literária daquele país.

Nos 10 anos posteriores ao seu regresso da África, parece óbvio que Karen Blixen reflectiu sobre as suas próprias origens, pois essa temática é patente em vários dos contos que compõem este livro. Grande parte dos contos têm como personagens principais crianças ou jovens que se sentem inadaptadas no meio em que crescem, e a autora faz como que uma reflexão sobre os factores que influenciam a vida e o destino do ser humano (ex.: Peter e Rosa; A criança sonhadora). Outra temática recorrente nesta obra é a mudança do papel da mulher, que para além de ser esposa, mãe e dona de casa, começa a reivindicar para si uma maior independência (ex.: A heroína).

Títulos dos Contos de Inverno:

1. O conto do jovem marinheiro
2. O jovem do cravo
3. As pérolas
4. Os invencíveis proprietários de escravos
5. A heroína
6. A criança sonhadora
7. Alkmene
8. O peixe
9. Peter e Rosa
10. Campo da dor
11. Um conto consolador

“Karen maneja o misterioso como poucos escritores e ao longo destes “Contos de Inverno” vai-se-nos, de facto, desenhando o perfil de uma narradora inesgotável de outras tantas mil e uma noites. As suas histórias mergulham sempre num tempo tão a-histórico e em problemas tão do foro dos arquétipos que temos a sensação de ir assistindo à criação de mitos onde a alma dos homens se defronta com os mistérios da vida e da morte, sem nunca ser possível aprender muito, sem nunca ser possível ninguém dizer – nem narrador nem leitor – que sabe muito. (…)”

Excerto da recensão de Joana Varela disponível em
A Autora:

Karen Blixen nasceu em Rungsted, Dinamarca, em 1885. Em 1914, contraiu matrimónio com o seu primo, o barão Bror Blixen-Finecke. Emigraram juntos para África para gerir uma plantação de café no Quénia. Em 1921 o casal divorcia-se e Karen decide ficar em África, altura em que também começa a escrever. Regressa à Dinamarca em 1931 e em 1934 publica nos EUA, sob o pseudónimo de Isak Dinesen uma antologia de contos sobrenaturais intitulada Sete Contos Góticos. Mas será o livro África minha, narrativa de memórias, publicado em 1937, que a tornará mundialmente famosa. É também autora de Sombras no Capim (1960) e A festa de Babette (1952), entre outros.
Karen Blixen morre em 1962, depois de criar a Fundação Rungstedlund destinada a fins culturais e científicos.