sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Poema: na passagem de um ano












Erros nossos não são de toda a gente
Tropeçamos às vezes na entrega
Mas retomamos sempre a marcha em frente
Massa humana que nada desagrega.

Para nós o passado e o presente
São futuro no qual o povo pega
Com suas mãos de luz incandescente
Que aquece que deslumbra mas não cega.

Para nós não há tempo. O tempo é vento
Soprando ano após ano sobre a história
Que para nós é vida e não memória.

Por isso é que no tempo em movimento
Cada ano que passa é meu tempo
Para chegar ao tempo da vitória.

J. C. Ary dos Santos
Obra Poética, Lisboa, Edições Avante, 1994

Nota: O livro Obra poética de Ary dos Santos encontra-se disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Novidades na Biblioteca

ROBERTS, Nora, pseud. - Tesouros escondidos. 1ª ed. Parede : Chá das Cinco, 2009. 366, [1] p. ISBN 978-989-8032-44-7

Dora Conroy tem uma pequena loja de antiguidades e, num leilão de arte, compra um quadro que é muito mais do que parece. Depois há o novo inquilino do apartamento por cima da sua loja, Jed Skimmerhorn, um ex-polícia que tem tanto de rude quanto de charmoso. Mas é ele quem a salva quando a loja é assaltada e Dora descobre que os outros compradores do mesmo leilão estão a ser assassinados. Juntando forças com Dora para descobrir quem está por detrás dos roubos e das mortes, Jed é atraído para a vida agitada de Dora e para o dia-a-dia da sua família excêntrica mas imensamente calorosa.
Quem ainda tem dúvidas sobre o talento de Nora Roberts para encantar e conquistar os tops de vendas, só tem de escolher um sofá confortável e descobrir estes Tesouros Escondidos.

Fonte: www.wook.pt 

FOLLETT, Ken – A queda dos gigantes. 3ª ed. Barcarena : Presença, 2010. ISBN 978-972-23-4428-9

Ken Follett, grande mestre do romance, publica uma nova obra de grande fôlego histórico, a trilogia O Século, que atravessará todo o conturbado século XX. Neste primeiro volume, travamos conhecimento com as cinco famílias que nas suas sucessivas gerações serão as grandes protagonistas da trilogia. Mas não esgotam a vasta galeria de personagens, incluindo figuras reais como Winston Churchill, Lenine ou Trotsky, que irão cruzar-se uma complexa rede de relações, no quadro da Primeira Grande Guerra, da Revolução Russa e do movimento sufragista feminino. Um extraordinário fresco, excepcional no rigor da investigação e brilhante na reconstrução dos tempos e das mentalidades da época.

 Leia, porque ler é um prazer!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Novidades na biblioteca

FARIA, Rosa Lobato de - Romance de Cordélia. 1ª ed. Porto : ASA, D.L. 2008. 217, [1] p. ISBN 972-41-1993-9

No Romance de Cordélia Rosa Lobato de Faria compraz-se em caminhar no fio da navalha, inventando um género que deliberadamente invoca, pelo avesso, o romance de cordel, forçado a figurar na primeira pessoa em algumas das passagens mais tortuosamente divertidas do livro. Livro que se constrói, em ficção, sobre uma série de histórias de vida reais, cuidadosamente recolhidas pela autora e por ela sabiamente recontadas, sem que se perca o drama, a violência, a ternura, a linguagem de um submundo forçado a ocultar-se sob a abas da nossa vergonha colectiva.(...) Mas, mais vale experimentá-lo que julgá-lo: quem, tendo-o começado, for capaz de o abandonar merece um doce. O cianeto é por minha conta.

João Bettencourt da Câmara
Doutor em Ciências Sociais.
Professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Fonte: www.asa.pt  

PICOULT, Jodi - Tudo por amor. Porto : Civilização, cop. 2007. 369, [2] p. ISBN 978-972-26-2523-4

Nina Frost é delegada adjunta do Ministério Público, acusa pedófilos e todo o tipo de criminosos que destroem famílias. Nina ajuda os seus clientes a ultrapassar o pesadelo, garantindo que um sistema criminal com várias falhas mantenha os criminosos atrás das grades. Ela sabe que a melhor maneira de avançar através deste campo de batalha vezes sem conta, é ter compaixão, lutar afincadamente pela justiça e manter a distância emocional.

Mas quando Nina e o marido descobrem que o seu filho de 5 anos foi vítima de abuso sexual, essa distância é impossível de manter e sente-se impotente perante um sistema legal ineficiente que conhece demasiado bem. De um dia para o outro o seu mundo desmorona-se e a linha que separa a vida pessoal da vida profissional desaparece. As respostas que Nina julgava ter já não são fáceis de encontrar. Tomada pela raiva e pela sede de vingança, lança-se num plano para fazer justiça pelas próprias mãos e que a pode levar a perder tudo aquilo por que sempre lutou.

Fonte: www.wook.pt

Nota: Livros disponíveis para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil

Leia, porque ler é um prazer!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Divulgando o fundo local XXII: O homem e a natureza

O Homem e a natureza de Adelino Filipe dos Prazeres

Nascido na Relva Velha, localidade da freguesia da Moura da Serra, Adelino Filipe dos Prazeres “declara-se «Guarda da Natureza» e nessa condição tem poetado, com métrica e sem ela, com rima e sem ela, mas sempre poeta, que é a sua grande condição de ser humano e de coração aberto para a flora e a fauna, os rios e as montanhas da Serra do Açor.
 
Os críticos literários não terão em apreço o que ele canta sem literatura, mas de peito aberto à chuva, ao sol, ao calor e à neve. Terá falta de gosto poético? É bem possível, se considerarmos o rigor dos cânones literários. Trata-se, porém, de um poeta diferente, que canta o que lhe vai na alma, como se fosse melro, pintassilgo, rola ou cotovia. Um poeta livre de tudo fiel tão somente ao que lhe vai na alma."

João Alves das Neves in Arganilia nº 6/7

O Homem e a Natureza publicado em 1998 com apoio do Instituto da Conservação da Natureza é um pequeno livro de poesia popular onde o escritor canta e elogia os aspectos mais emblemáticos da natureza no concelho de Arganil: a serra do Açor, a mata da Margaraça e a Fraga da Pena.

“Um percurso na Mata da Margaraça”

A Mata da Margaraça
Jardim de tanta beleza
Encanta a sua graça
Que lhe deu a Natureza

Ao chegar à Casa Grande
Encontra bom ambiente
Toda a alma se expande
Ao ver um mundo diferente

À esquerda de uma cerejeira
Há um caminho seguido
Vai dar à Casa da Eira
Sem ninguém se ter perdido

É casa de tradições
Embora sejam passadas
Eram belos os serões
À noite nas desfolhadas

Mais à frente, junto a um ribeiro
Há um forno engraçado
Onde o hábil canastreiro
Faz de paus um refugado

Seguindo mais para a ribeira
Vai encontrar um moinho
Que ensina a quem o queira
Como se mói o grãozinho

Se seguir este percurso
Vá andando com cuidado
P’ra não ser da mata expulso
E ir daqui chateado
 
Leia, porque ler é um prazer!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Dia das bibliotecas (poema)

Dia das Bibliotecas

Cai a chuva no horizonte
Vejo-a através da janela
Atravessa a rua e o monte
E a brisa vai com ela…
Essa brisa do vento
Que bate leve na cara
Leva o meu pensamento
tal como uma ave rara!
E essa ave rara
Que é muito inquieta
Trouxe-me, hoje, aqui
A esta nossa biblioteca.
E nesta nossa biblioteca
Onde estamos a conviver
Como é agradável ouvir
Mais velhos e mais novos
Todos eles a ler!!!!
E se ler é uma beleza
Como podemos comprovar
Não havia melhor forma
Deste dia celebrar.

Graça Moniz

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Cinquenta anos de Rumor Branco


Foi há cinquenta anos que Almeida Faria, escritor português de 69 anos, publicou o seu primeiro romance.

Rumor Banco, publicado em 1962, quando o autor tinha apenas 19 anos, valeu o Prémio Revelação da Sociedade Portuguesa de Escritores, suscitando simultaneamente aplausos e polémica. 

Neste livro o autor revela uma grande ousadia formal, recorrendo a fragmentos dispersos, adaptando um processo de torrente que procura imitar a lógica anterior ao conceito de ideia organizada, e à falta de pontuação. Rumor Branco é nas palavras de Anabela Dinis Branco de Oliveira um “romance-poema, mensageiro de uma mudança social, concretizada na descrição de uma força colectiva, na denúncia de uma guerra colonial, no assumir duma revolução adormecida, abortada de perseguição, exílio, traição, prisão e suicídio.[1] Citando Maria Leonor Nunes, colaboradora do Jornal de Letras, Rumor Branco “É um grito de fúria de um jovem contra a ditadura salazarista”.

Rumor Branco pelas suas características fragmentárias pode revelar-se uma leitura algo densa, que requer concentração, mas é sem dúvida um marco na literatura pós-moderna em Portugal. 

“Quando me surgem as primeiras ideias de uma cena, de um conto, de um eventual fragmento de romance, ignoro para onde vou, que personagens virão ao meu encontro. Limito-me a pré-estabelecer uma estrutura, para que a história, como um edifício, tenha espinal medula. O que me interessa não é a história em si, é a maneira de contá-la. Esta surgiu da minha fúria adolescente contra a ditadura.”

Almeida Faria, entrevista no Jornal de Letras, Artes e Ideias nº 1099
 
Mais informação sobre a obra “Rumor Branco”:
 
Nota: o livro apresentado encontra-se disponível para empréstimo na rede de Bibliotecas de Arganil. Para saber que outras obras do autor temos para si consulte o nosso catálogo concelhio.

Leia, porque ler é um prazer!

[1] Oliveira, Anabela Dinis Branco de, “Nouveau Roman em Portugal – Máscaras políticas de uma recepção literária” in Revista de Letras, Anais da UTAD, nº 2

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Divulgando o fundo local XXI: Piódão - aldeia histórica, presépio da Beira Serra

Piódão: aldeia histórica, presépio da Beira Serra: “Histórias, lendas e tradições” de José Fontinha Pereira

Publicado em 2004, são as histórias, lendas e tradições sobre o Piódão e a sua freguesia que preenchem este livro da autoria de José Fontinha Pereira, recuperando um passado colectivo e constituindo assim “o bilhete de identidade” da freguesia.

De acordo com A. Ventura o autor “conseguiu com a enxada da palavra arrotear montes e vales em busca de factos, coisas e pessoas, compondo a mais completa galeria que até hoje foi apresentada sobre a freguesia de Piódão”

Escrito numa linguagem simples e directa, o livro é constituído por seis partes: “Ao encontro do Piódão”; “O património”; “A história”; “As lendas”; “O Piódão, as tradições e as suas gentes” e “As dificuldades de sobrevivência e o desbravar da montanha”.

“Para descrever a história desta terra escondida entre as serranias do Açor e destes heróis serranos, só um homem que as viveu o podia fazer. Podia até nem ser um grande letrado, mas tinha que ser um homem que a tivesse vivido. E disso se encarregou José Fontinha Pereira que viveu todas estas coisas desde há mais de meio século e foi investigando, anotando e gravando na memória, guardando aquilo que lhe parecia mais importante para escrever um livro notável, que precisam de ler todos aqueles que se interessam pelo passado da freguesia do Piódão, inclusivamente pela sua luta no Movimento Regionalista.”

António Lopes Machado in A Comarca de Arganil nº 11477 (19.10.2004)

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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Livro do mês: A melodia do adeus de Nicholas Sparks

A melodia do adeus de Nicholas Sparks

Algum dia teve um segredo que não pudesse partilhar com alguém? Em A melodia do adeus, este é exactamente um dos dilemas que algumas das personagens principais têm de enfrentar. A história está repleta de amor, felicidade e memórias de Verão, mas também de tristezas, perdas e segredos.

Victoria Miller, mais conhecida como Ronnie, uma adolescente rebelde de 17 anos, desde o divórcio dos seus pais rejeita todas as tentativas de aproximação do seu pai Steve. Quando descobre que a mãe pretende que ela e o irmão passem as férias de Verão com o pai, imagina logo que será o pior Verão da sua vida, pois mesmo três anos passados depois do divórcio não foram suficientes para apaziguar os seus ressentimentos.

No entanto em Wrightsville Beach, lugar onde o pai vive, conhece Blaze, outra adolescente rebelde e Will, um jovem nativo por quem se apaixona. Estas duas novas amizades vão determinar o rumo da história, uma mostra-lhe o caminho que ela própria segue, a outra uma nova vida, uma oportunidade de começar de novo. Gradualmente Ronnie vai baixando as suas defesas e mudando a sua perspectiva e comportamentos face à vida… descobre o poder de amar, e ser amada…

Um livro emocionante, repleto de sentimentos e emoções que tocam qualquer leitor e envolvem desde a primeira até à última página.

Excerto:

“Ronnie deixou-se abater no assento ao lado do condutor, perguntando-se por que razão os pais a detestariam tanto.
Era o único motivo capaz de explicar por que se encontrava ali, de visita ao pai, naquele ermo esquecido por Deus, em lugar de ter ficado a passar o Verão com os amigos em Manhattan.
Não nem sequer era isso. Ela não estava apenas a visitar o pai. Visitar implicava um fim-de-semana ou dois, eventualmente uma semana. Com uma visita, ela até poderia viver bem. Mas ficar ali até ao final de Agosto? Praticamente todo o Verão? Isso equivalia ao desterro, e durante a quase totalidade das nove horas que durara o trajecto de carro, sentira-se como uma prisioneira a ser transferida para uma penitenciária rural. Nem queria acreditar que a mãe tivesse coragem de a obrigar a passar por uma experiência daquelas.”

Leia, porque ler é um prazer!

Nota: Livro disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Divulgando o fundo local XX: Miguel Torga e a região de Arganil

Miguel Torga e a Região de Arganil é uma antologia de textos da autoria de Miguel Torga alusivos à região de Arganil organizada por Luís Valle, com prefácio de José Manuel Mendes e fotografias de Henrique Botelho.

Nas páginas que compõem este livro de Homenagem a Miguel Torga “rumorejam rios e sensações, recortam-se fragas, recantos, figuras que apagam a palidez do efémero. A Beira surge percepcionada nos contrastes profundos. Esconjuram-se o fascismo, as oratórias que nenhum sobressalto desencadeiam, a malha das inércias. Esboça-se o mapa das vivências: uma ida à caça, o Natal em Côja, um acto cirúrgico, a intervenção política, a homenagem ao companheiro que o coração elegeu, o tumulto do verso a acontecer. E a perda, luto, a romagem aos sítios onde a harmonia é uma madrugada sobre a úlcera da finitude.” (1)

A vida de Miguel Torga cruzou-se com a região de Arganil onde exerceu funções como médico e soube criar relações de amizade, ligação que ficou para sempre registada nos seus textos.

“Quando, já lá vão muitos anos, a inventariar coisas da pátria, vi Arganil pela primeira vez e me enamorei da sua rústica capelinha de São Pedro, honradamente construída de pedra rolada, estava longe de supor que esta terra viesse a figurar tão grata e repetidamente no meu itinerário existencial. Mas a vida é uma surpresa quotidiana, mesmo se não damos por isso. A minha, pelo menos. Aqui tratei o melhor que pude, na sua Misericórdia, milhares de doentes; aqui venho acordar o Alva nas madrugadas cinegéticas; aqui acompanhei à última morada os restos mortais, quase abandonados, de Veiga Simões, um dos seus filhos mais ilustres, que os esbirros dum déspota perseguiram até à cova; aqui me trouxeram, e continuam a trazer, cuidados cívicos.”

Leia, porque ler é um prazer!

Nota: livro disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil


(1) Excerto do prefácio de José Manuel Mendes