quinta-feira, 25 de junho de 2009

Luto pela felicidade dos portugueses de Rui Zink

Luto pela felicidade dos portugueses: crónicas benditas/ Rui Zink
Vila Nova de Famalicão : Quasi, 2007

O Autor:

Rui Zink nasceu em Lisboa em 1961. Escritor e Professor no Departamento de Estudos Portugueses na Faculdade da Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, é autor duma obra diversificada e multifacetada.

Sinopse:

Entre 2000 e 2005, Rui Zink colaborou na revista SOS Saúde, onde tentou responder às questões que verdadeiramente interessam aos Portugueses. A saber: O sexo dá felicidade? A felicidade dá dinheiro? O dinheiro dá saúde? De uma forma mordaz, irónica e bem-humorada, Rui Zink aborda de forma brilhante temas do dia-a-dia, que parecendo superficiais, fazem parte do quotidiano português.
Em 2007 estas crónicas foram reunidas e publicadas em livro sob o título “Luto pela felicidade dos portuguesas: crónicas benditas”

Excerto do livro:

“Banhos de luz

Por razões que não vêm ao caso, ultimamente ando sempre um passo atrás do tempo. Durante anos gabei-me de ser dos poucos luso-nascidos capazes de ser pontuais, agora o Portugal-que-há-em-mim apanhou-me e não me quer largar os fundilhos das calças. É uma chatice e causa algum stress. Agora até já marco encontros para «entre as oito e as oito e meia», e só apareço… às nove. O poeta Alberto Pimenta chega sempre cinco minutos antes a todos os encontros, e assim devia ser. Ou «devia de ser», se falarmos futebolês. O desejo de não fazer os outros esperar revela mais respeito do que o «detesto esperar» egoísta e mimado que estamos habituados, muito mal habituados, a proferir.
A razão por que se pede sempre o trabalho «para ontem» é também muito simples. As próprias pessoas que encomendam trabalhos não são pontuais e só se lembrar do que era necessário quando já se está muito perto do prazo. Isto tudo provoca um stress que já não me tenho em mim.
Mas o tempo é apenas uma parte do problema, um indicador, um sintoma. Mais grave do que o mimo do «detesto esperar» (e que tal levar um livro?), é a mania de Querer Tudo: as vantagens, só as vantagens, sem aceitar as desvantagens inerentes que, à laia de lastro, qualquer vantagem traz. (…)”

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