sábado, 5 de julho de 2014

Viajar sem bilhete (IV)


AGUALUSA, José Eduardo - Na rota das especiarias : diário de uma viagem a Flores, Bali, Java e Timor Lorosae. Alfragide : Dom Quixote, 2008. 71 p. ISBN 978-972-20-3709-9

Este texto parte de uma viagem que o escritor fez, entre 8 e 29 de Abril de 2001, a convite da Dra. Helena Vaz da Silva, presidente da direcção do Centro Nacional de Cultura: "percursos em busca da presença portuguesa pelo mundo". 

Partindo do Prefácio de Guilherme d’Oliveira Martins, como se pode ler neste texto de José Eduardo Agualusa, "mais importante do que as invocações históricas, e do que as rememorações do passado, o que deve é entender-se o país e as gentes dos dias de hoje. De nada valeria a recordação da História sem uma interrogação efectiva (e uma análise) sobre o presente. Recusaríamos as razões do diálogo espiritual e de culturas se nos satisfizéssemos com o passado - esquecendo que os mortos devem enterrar os seus mortos". 

Este é um belíssimo livro onde Agualusa nos leva a redescobrir uma região a que os portugueses estão unidos por muitas antigas raízes - a presença portuguesa foi efectiva por cerca de 150 anos (1512 a 1769) e a ligação a Timor manteve-se até ao século XX.


Excerto online: http://pdf.leya.com/2011/Apr/na_rota_das_especiarias_styg.pdf

PINTO, Fernão Mendes - Peregrinação. Lisboa : Imprensa Nacional-Casa da Moeda, imp. 1988. 758, [24] p.

Peregrinação é o mais traduzido e famoso livro de viagens da literatura portuguesa. Foi publicado em 1614, pelos prelos de Pedro Crasbeeck, trinta anos após a morte do autor. Terá sido escrito entre 1570 e 1578 em Vale de Rosal, Almada; nela se misturam a história e a fantasia, sendo, por vezes, difícil saber onde começa uma e termina a outra. (…)

O que mais chama a atenção é o seu conteúdo exótico. O autor é perito - diz-se mesmo que pintor - na descrição da geografia da Índia, China e Japão e da etnografia: leis, costumes, moral, festas, comércio, justiça, guerras, funerais, etc.



MAGRIS, Claudio - Danúbio. [S.l.] : (Sic) idea y creación, 2009. 376, [2] p.

Danúbio, de Claudio Magris, é um dos grandes romances europeus do nosso tempo - um romance classificado na categoria de literatura de viagens, cujo tema principal serve de pretexto para explorar e dissertar sobre a cultura centro-europeia, ou seja, da Mitteleuropa. Danúbio obteve o Prémio Príncipe das Astúrias das Artes em 2004. No entanto, o romance foi escrito durante o período do alargamento da União Europeia, no início dos anos oitenta do século XX. Magris serve-se do Grande Rio que a travessa a Europa Central como se fosse o fio de Ariadne, isto é uma linha de orientação para atravessar o conjunto de culturas e etnias que se entrecruzam, sobrepõem mas raras vezes se misturam ou diluem umas nas outras insistindo, pelo contrário, no esforço de preservar uma identidade cultural face à força do federalismo e da standartização cultural e económica. Essa viagem através do Danúbio (atravessando a Alemanha, a Áustria, a Hungria, a antiga Jugoslávia, a Roménia e a Turquia), o grande rio europeu, é a viagem pela história e pelo imaginário do nosso continente. Uma obra-prima.


Leia porque ler é viajar sem sair do lugar!

Nota: os livros apresentados encontram-se disponíveis para empréstimo na biblioteca Municipal de Arganil.

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