sábado, 8 de outubro de 2016

Novidade na Biblioteca: Na casa dos teus braços de Paulo André Freire

"Arco-íris

Está um dia bipolar - uma chuva desalmada e um sol radioso alternam entre si com frequência e agilidade. o Verão e o Inverno parecem lutar um com o outro. Ora está um por cima. Ora uma reviravolta altera tudo outra vez. A Primavera e o Outono apenas fitam o duelo das estações titãs e não ousam colocar os pés no ringue.
Ele assiste a este espectáculo natural sentado na tribuna do carro enquanto circula na A1. O destino é o aeroporto de Lisboa para resgatar o filho duma relação falhada. A história é curta e, na verdade, podia ser a dele próprio há trinta anos. Ele e o filho são uma prova genética clara e inequívoca - atiram-se de cabeça sem vacilar perante os conselhos, abraçam o amor até ao limite das suas forças, sobem ao pico da montanha, enredam-se nas complicações dos dias e nas suas próprias compilações, angustiam-se pelo desfasamento entre as ilusões e a crueldade da realidade e desistem com a mesma irreversibilidade com que encetaram os primeiros passos. Há dois dias, uma chamada de Londres anunciou o fim do que há três meses era para sempre. Ao telefone ouviu as palavras embriagadas do filho e resistiu à tentação do: Eu bem te avisei!(...)" (p. 59-60)

"Na Casa dos Teus Braços [é] um livro singular. Pode ser entendido como um conglomerado de crónicas. (...) 
A verdade é que Paulo Freire tem o Amor como tema e não o interpela por um só olhar. Faz uma abordagem polissémica do tema. Por vezes é lírico, muitas vezes aborda o caso com uma ironia glaciar, como se fizesse uma autópsia. Analisa com poesia, diagnostica com minúcia clínica, apresenta-nos o Amor como uma unidade complexa e totalizante, polissémica, que, página a página, se revela como um bisturi inteligente que, interpelando-nos, quer e deseja provocar-nos. (...)
Este Na Casa dos Teus Braços, escrito numa prosa escorreita e viva, parece-nos, por vezes, produto de um homem que olha o passado com raros cabelos brancos, rosto encarquilhado pela velhice dos amores vividos. É o paradoxo maior da obra. São reflexões de um jovem que ainda não chegou aos quarenta anos. (...)"

Exerto do prefácio de Francisco Moita Flores

Livro disponível para empréstimo na Biblioteca Municipal de Arganil


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