terça-feira, 16 de agosto de 2022

Tempo para a poesia XCIV

Penumbra

Há poemas que nascem assim,
por entre o ruir das palavras,
como taças de vinho derramado
sobre a mesa dos amantes.
Há dias chuvosos, domingos cinzentos da alma
em que a tecedeira, de mãos esquecidas,
embala o tear como um berço vazio.
A vida nesses dias sabe a um barco
que não partiu, é um sonho que se não sonhou.
Há poemas assim, onde as coisas
apodrecem silenciosamente
e o universo anoitece atrás de uma janela fechada.

                                                Paulo Ramalho in  Ofício Imperfeito

Livro disponível para empréstimo na Rede de Bibliotecas do Concelho de Arganil.

Leia, porque ler é um prazer!

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