quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Fundo local enriquecido: "A minha aldeia e a Serra do Açor" de Tiló Henriques

 


No livro  “A minha aldeia e a serra do Açor: memórias e saudades”,  apresentado no passado dia 8 de setembro, na Biblioteca Alberto Martins de Carvalho, reúne um conjunto de poemas e alguns textos em prosa, organizados em 10 capítulos, a autora Tiló Henriques desenha com emoção, saudade e nostalgia os seus sentimentos, olhares, memórias e sonhos sobre a sua aldeia berço, Monte Frio, e a Serra do Açor que a abraça e envolve.

“Meu terno berço (p. 35)

Meu querido amado belo doce amigo
Ecoa uma vida a correr sem te apreciar
Em verões fugazes momentos contigo
Chegou o Outono da vida e quero-te amar
Apaixonei-me por ti e em ti me deleito
Em teus olhos verdes perco o meu olhar
Na tua lua de prata e estrelas me deito
Só tu tens a magia e arte para me acalmar
Andam em teu redor pássaros borboletas
Clamam em memórias saudades inquietas
És dos poetas sonho fonte de luz inspiração
Meu Monte Frio de sol brilhante e aragens
Monte de naturezas bucólicas e selvagens
Meu terno berço que aquece o coração…”

Tiló conduz o leitor até a um passado em que Monte Frio, tal como tantas outras aldeias que polvilham as nossas serras, era repleta de vida, levando-nos a recordar como era o dia-a-dia das pessoas que as habitavam e registando em poema este testemunho para a posteridade.

O conjunto de poemas intitulado “Mantas de fitas da aldeia” evoca este passado, para alguns já bem longínquo, com mestria. Trata-se de um testemunho vívido para o futuro, para aqueles que agora já só vêm à aldeia nos meses de verão e “apenas encontram casas habitadas de fantasmas, sombras, vazio e ausência.”

Para a Tiló a aldeia parece fundir-se com o seu próprio ser. “Esta terra que sou eu”, escreve a determinado momento, onde se sente “grata e reconciliada, de tantos grilhões, libertada, cansada, perdida, mas reencontrada, de tantas penas e cruzes carregada…” (p. 33)

Finalizo endereçando os parabéns à Tiló, por este que é já o seu quinto livro e a todos os que sentem a Serra do Açor como sendo sua recomendo que o leiam e a sintam, tal como a Tiló o faz.

Miriella de Vocht


Leia, porque ler é um prazer!

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