Um livro de nexos interiores no ínicio com um “pensamento verdadeiro”, o nascimento de Ana de Peñalosa. Fragmentos modernistas e passagens surrealistas onde habitam a enigmática Rapariga que Teme a Impostura da Língua e um D. Sebastião hiper-romântico. E onde são representados um auto-de-fé, o Rio Tejo e partilhas antigas tão à portuguesa.
“Neste cabo (Espichel) aqueles a quem chamo gente-própria não entraram aqui à força (...) e há ainda os muitos espíritos fugitivos da gente-própria.”
“Quem sou? É pergunta de escravo.”
“Uma das artes das beguinas era a de coser almas; forrá-las com a sua própria sombra e assim despoetizavam tudo.”
Em Causa Amante encontram-se múrmurios opacos e palavras com luz própria. A consciência do limite da linguagem mas no entanto com uma confiança nela. Maria Gabriela Llansol é um ser poético com uma visão muito própria do universo.
Maria Gabriela Llansol (1931-2008) – escritora portuguesa de família com raízes em Espanha, licenciou-se em direito em 1955 e em ciências pedagógicas.
A sua obra literária, dos domínios da ficção (conto e romance) e do diário, espaçada até aos anos 80, torna-se depois mais frequente e insistente e impõe uma personalidade singular mas relevante no panorama nacional, com textos já tachados de «herméticos e enigmáticos», porém iniciadores de vivências místicas, poéticas, musicais e com propósitos de um amor à dimensão do cosmos e de um entendimento entre os seres dos diferentes reinos da natureza.
Leia, porque ler é um prazer!
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