terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O vale da paixão de Lídia Jorge

Prémios literários atribuídos ao
livro "O vale da paixão"
No início é o encontro desgarrado, em fulgor, que chama o leitor e dá o mote da ausência e da presença em múltiplos cambiantes.

O tempo rural e bruto da casa de Valmares, casa de Francisco Dias (e de como este homem envelhece) onde labutam seis filhos, três noras, uma filha, um genro (e os caminhos que estes trilham).

A maternidade nas figuras da matriarca ausente, da qual não há sinal ou memória; Maria Ema que se entregará na exuberância do corpo e que é entregue depois ao constante Custódio Dias em salvação de honra. E ainda uma serviçal, mãe do filho mais novo de Francisco Dias.

Walter Dias, o filho mais novo, que sempre se fará acompanhar do seu dom de desenhar pássaros, dom despertado por um professor iluminado cujo destino será revelado num Portugal dos anos cinquenta do século passado. Com esse dom Walter narrará as viagens, ao qual se acrescenta um testemunho antes de partir. Partirá com a icónica manta de soldado.

Walter deixará à filha uma memória que faz com que ela saiba “enfrentar o cão raivoso, o portão fechado, o enigma da Matemática, o escuro da casa, a intimidade do homem, a interpretação d’A Ilíada.”

O livro continua até aos anos oitenta no entender da filha de Walter, narradora intermitente, sem nome próprio, repetidamente filha e Walter, pois é deles o eixo desta saga familiar. 

Estamos perante um romance que se ocupa de quem parte e de quem fica.




Nota biográfica:

Romancista e contista portuguesa. Nasceu em 1946, no Algarve. Viveu os anos mais conturbados da Guerra Colonial em África. Foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. Foi professora do ensino secundário, professora convidada da Faculdade de Letras de Lisboa e publica regularmente artigos na imprensa. O tema da mulher e da sua solidão é uma preocupação central da obra de Lídia Jorge, como, por exemplo, em Notícia da Cidade Silvestre (1984) e A Costa dos Murmúrios (1988). O Dia dos Prodígios (1979), seu romance de estreia, encerra uma grande capacidade inventiva, retratando o marasmo e a desadaptação de uma pequena aldeia algarvia. O Vento Assobiando nas Gruas (2002) é mais um romance da autora e aborda a relação entre uma mulher branca com um homem africano e o seu comportamento perante uma sociedade de contrastes. Este seu livro venceu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores em 2003. Os memoráveis e o Organista são as suas mais recentes obras.


Para saber mais consulte: http://www.lidiajorge.com/

Aceda ao catálogo da rede de Bibliotecas de Arganil para saber que outras obras da autora temos disponíveis para si.

Leia, porque ler é um prazer!

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