quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O tempo dos Espelhos

VAZ, Júlio Machado - O tempo dos espelhos. 1ª ed., 3ª tir. Lisboa : Texto Editores, 2006. 158, [1] p. ISBN 972-47-3110-3-3

“O tempo dos espelhos” da autoria de Júlio Machado Vaz é um romance autobiográfico escrito ao ritmo dos pensamentos e dos sentimentos, ao ritmo da vida e da morte, das angústias e das incertezas, mas também ao ritmo das memórias e das lembranças.

Publicada em 2006, esta obra foi escrita em 2005, pouco depois de o autor ter sido confrontado com um grave problema de saúde, com o objectivo de deixar um registo da sua vida.

Júlio Machado Vaz refugiou-se em Cantelães e registou a história e as particularidades da família Machado Vaz: o avô. Bernardino Machado, por duas vezes Presidente da República; o pai, o Prof. Machado Vaz, também médico; a mãe, a cançonetista Maria Clara; os filhos e os netos. Mas mais do que isso revelou-se a si mesmo: conhecido como médico psiquiatra e cara conhecida da televisão, Júlio Machado Vaz acaba por se revelar hipocondríaco e… sentimental.

A história desenrola-se a duas vozes: a voz de Júlio Machado Vaz, no papel de narrador, e a voz da consciência, autocrítica que vai esquadrinhando todos os sentimentos, traumas de infância e medos ocultos. Parece um diálogo ao espelho. Júlio Machado Vaz retrata-se tal como se vê, de forma dura e sem rodeios. Um espelho que muito mais do que reflectir uma imagem, reflecte uma vida e obriga-nos a reflectir sobre questões profundas, tais como a doença, os afectos, os nossos receios e aspirações.

Uma leitura que vale a pena…

“Aqui, a vida assumiu um outro significado para mim. Cantelães é a estação de chegada, mas a viagem ainda não terminou, sacudi alguma da apatia que me vinha invadindo. Não cortei relações com o meu andarzinho do Porto, continuo a amá-lo, somos cúmplices há tantos anos! Mas em termos simbólicos esta casa representa um salto qualitativo – é um sonho que transformei em realidade e não perdi ou estraguei. Só posso dizer o mesmo dos meus filhos. Como eles, Cantelães é um estímulo. Já não para projectos vagos ou agitação frenética de workaholic. Para, a pouco e pouco, tentar viver mais em paz comigo e com o mundo. É um objectivo por definição inacabado, mas possível de ser perseguido.”

Júlio Machado Vaz in O Tempo dos Espelhos

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