segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A linguagem, a leitura e a escrita

1 – A Linguagem

O ser humano inicia a sua aprendizagem a partir do momento em que nasce. Nos primeiros contactos com o ambiente que o rodeia, com a mãe, com o meio familiar e, mais tarde, com o ambiente escolar e social, estabelece-se uma inter-relação que se vai aprofundando e modificando, de acordo com o próprio desenvolvimento. Nessa inter- relação actua a criança e o adulto, que “ensina”.

A linguagem é muito importante em todo o processo de desenvolvimento da criança, uma vez que vai ser o suporte de todas as aprendizagens e aquisições. Daí a criança ser capaz de comunicar, recorrendo a todo o tipo de linguagem oral, escrita, corporal e gestual.

A aquisição da linguagem pela criança processa-se de forma natural e espontânea, basta que seja exposta à língua da comunidade a que pertence, isto é, que ouça falar à sua volta e que falem. A linguagem adquire-se e desenvolve-se através do uso, do ouvir falar falando. Esta aquisição processa-se em várias fases e é condicionada por diversas influências, pelo que nem todas as crianças do mesmo nível etário apresentam o mesmo grau de desenvolvimento linguístico.

A linguagem vai progredindo e aperfeiçoando-se, à medida que são vencidas as várias fases, mas esta evolução necessita da intervenção do adulto, quer seja da família ou do professor. As alterações da linguagem podem surgir em qualquer umas das etapas e podem ser devidas a deficiências congénitas, mas também a factores de ordem sócio- cultural e sócio - económico do meio de onde provêm os alunos.

As dificuldades que algumas crianças apresentam no início da vida escolar manifestam-se nas matérias fundamentais, a leitura e a escrita, tendo como consequência dificuldades noutras áreas de aprendizagem traduzindo-se em fraco rendimento escolar. É ao iniciar a sua escolaridade (Ensino Básico) que se manifestam essas dificuldades na aprendizagem, dado que é no 1ºe 2º anos do Ensino Básico que criança deve aprender a ler e a escrever, tarefa escolar que poderá transformar-se numa verdadeira angústia e numa enorme dificuldade caso não tenham sido adquiridos certos requisitos.

Estas dificuldades poderão levar a criança a rejeitar as aulas, a perturbar o ambiente da sala de aula, a recusar realizar as tarefas, falta de estímulo para estar na sala de aula, podendo mesmo conduzir ao desenvolvimento de uma personalidade conflituosa.

“Para que os alunos que chegam à escola, com uma variedade de origem diferente, alcancem o nível de mestria necessário no Português padrão, não pode esquecer-se que a simples exposição ao modelo fornecido pelo professor e por outros colegas não é suficiente, havendo que promover, na sala de aula, estratégias de ensino diferenciadas, direccionadas para este propósito específico”.(Sim - Sim, I., Duarte, E Ferraz, M.J.1997).

Este processo é simples e natural, mas exclui por completo o imobilismo. Para o professor consiste em ter ao mesmo tempo, e em interacção permanente, dois cuidados: o de conhecer sempre melhor os “recursos” do aluno e o descobrir, sem cessar novos itinerários para os seus saberes.

O trabalho em conjunto, professor - aluno, é uma forma de conseguir uma aprendizagem significativa para a criança, pois parte das necessidades do actor principal do processo pedagógico, que é a criança. Neste processo, a responsabilidade e a autonomia dos alunos são essenciais dado que eles são membros activos da sua aprendizagem.

A linguagem individualiza-nos enquanto espécie e constrói-nos como sujeitos na medida em que nos permite conhecer, pensar, agir argumentar, sentir, abrindo-nos as portas do conhecimento.
Maria João Cavaleiro
Professora Bibliotecária do Agrupamento de Escolas de Arganil

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