segunda-feira, 5 de abril de 2010

A dependência da Internet

Apenas na segunda metade da década de 90 se começou a falar de dependência da Internet, e desde então os estudos sobre a questão têm vindo a multiplicar-se. No entanto ainda não existe consenso quanto à definição desta nova forma de comportamento dependente, já que geralmente as perturbações relacionadas com dependências envolvem o uso de substâncias químicas ou outras. A Internet, contrariamente a outras dependências oferece benefícios directos, sendo que apenas se poderá considerar o seu uso patológico quando o consumo excessivo de tempo em actividades na mesma tem prejuízo pessoal evidente, quer a nível individual como profissional.

Este uso excessivo tem como sintomas: preocupação com a Internet; necessidade de gastar cada vez mais tempo on-line para conseguir satisfação; incapacidade de controlar, reduzir ou parar a utilização da Internet; ligar-se para fugir a problemas ou para aliviar um estado de ansiedade, tal como depressão ou mal-estar; arriscar a perda de uma relação significativa quer seja pessoal, profissional ou educacional; mentir às pessoas com quem se convive sobre o tempo que se está ligado; etc.

É difícil definir com exactidão quais as causas desta dependência. Alguns estudos consideram que é a própria natureza da Internet que a torna propensa à dependência, outros defendem que não é a Internet por si só que causa dependência, mas sim as aplicações com características interactivas. Certamente não se poderá atribuir o desenvolvimento da dependência a uma característica por si só. O impacto comportamental da Internet será provavelmente causado pela conjugação de várias características da mesma, tais como: a facilidade de acesso; a diversidade de conteúdos; o baixo custo; a estimulação visual; a autonomia; o anonimato e a interactividade, aliadas à própria personalidade do utilizador.

Não se pretende com este texto desincentivar o uso da Internet, apenas recomendar o uso moderado e consciente, da mesma. A Internet é um instrumento de trabalho e de lazer que se tornou indispensável nos nossos dias. Importa no entanto compreender que esta ferramenta deve ser utilizada de modo a que o seu uso não afecte de forma negativa a nossa vida nas suas várias vertentes. A chave para evitar a dependência é essencialmente o uso moderado.

Se pretende saber mais sobre esta temática consulte:

Dependência da Internet – trabalho realizado por alunas do 4º ano do Mestrado Integrado em Psicologia, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação - Universidade de Lisboa disponível em: http://dependencia-internet.tripod.com/avaliacao.html, acedido a 30.03.2010

Baptista, T. M. (s/d). Navega, mas não te demores: Algumas consequências psicológicas do consumo da Internet. Disponível em:
http://www.centroatl.pt/titulos/futuro/imagens/futuro_telmo_oferta.pdf. , acedido a 30.03.2010

Internet addiction disorder in Encyclopedia of Mental Disorders disponível em: http://www.minddisorders.com/Flu-Inv/Internet-addiction-disorder.html, acedido a 30.03.2010

Greenfield, David N. Virtual addiction: sometimes new technology can create new problems disponível em: http://www.virtual-addiction.com/pdf/nature_internet_addiction.pdf, acedido a 30.03.2010

1 comentário:

  1. Tecnicamente a dependência da internet é uma depêndencia quimica pois, no fundo, são as feromonas a indicar-nos um prazer, acontece que a internet, sendo um dos maiores avanços tecnológicos de sempre na sociedade humana, facilita os comportamentos antisociais. Por outras palavras, um introvertido tem vantagem em utilizar a internet pois permite-lhe, facilmente, adulterar e criar um alterego com uma consistência que anteriormente não era possível.
    Esses factores não podem ser alheados dessa discussão, existe, de facto, uma multiplicidade de factores complexos a intervir. Porém, creio que não é assim tão obscuro como por vezes parece insinuar-se. A internet, ao permitir um certo grau de anonimato, permite e promove comportamentos antisociais, daí a facilidade posterior (e o sucesso) das redes sociais. As redes sociais não são a face oposta da mesma moeda, pelo contrário é a consequência directa da antisocialidade. Criar uma personalidade na internet é fugir, precisamente, à responsabilidade e contratempos da vida efectiva, de todos os dias, em contacto físico com cheiros e pessoas. Não será de estranhar, nem estará assim tão longínquo, que o próximo passo da internet seja esse: simular o contacto humano.
    Demorar-se-á muito, no entanto, a entender que o contacto humano não se simula na perfeição.
    Bom texto. ;)

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